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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Jornal do Brasil, aula de ética

31 de agosto de 2010. Um novo capítulo na história da imprensa brasileira se abre, no encerramento concomitante de um de seus momentos mais brilhantes. Última edição em papel do "Jornal do Brasil", que passa a ter somente a sua versão eletrônica.
O meu desejo de ser jornalista, assim como o de muitos futuros coleguinhas, acredito, só aumentava a cada vez que eu lia o JB a partir da década de 1970. Na minha Itamogi eu não tinha acesso ao jornal. Uma de minhas motivações para seguir jornalismo era a leitura do "Movimento", criado em 1975 e que, tendo Raimundo Pereira como editor, abriu a cabecinha de muitos, inclusive deste aqui.
Eu ia religiosamente a São Sebastião do Paraíso, de ônibus, comprar o "Movimento" nas bancas no centro. Que delícia, que mundo novo quando manejava aquelas páginas!
Mas foi o JB, que passei a ler quando ia a São Paulo ou quando no cursinho em Ribeirão Preto, que serviu de plataforma definitiva para o encantamento com a imprensa. E quando entrei na faculdade, na PUC do Rio de Janeiro, claro que a paixão ficou ainda maior. O JB ali, ao lado.
Nunca trabalhei no JB, o que seria uma honra, mas como viajei naquelas páginas! A "Coluna do Castello", de Carlos Castello Branco, o Castelinho, era referência obrigatória na crônica política. E as reportagens de Ricardo Kotscho, o Caderno B fundamental para a cultura brasileira. Jornalismo de fato, ética e compromisso com a verdade e o leitor, expondo o coração das transformações pelas quais o Brasil passou em mais de um século.
Para saber escrever, é preciso ler muito e material bom, de preferência. O JB formou muitos, mas muitos mesmo, jornalistas em todo país. Aulas diárias, de texto bem escrito, de apuração, de linguagem contemporânea e indicação de tendências.
O Brasil deve muito ao JB. O dia de hoje merece muita reflexão.
Meu grande abraço, bela região. (José Pedro S.Martins)

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