Professor Mohamed Habib pediu políticas públicas
para evitar mortes de jovens por homicídios no Brasil
(Fotos Adriano Rosa)
debatem sobre papel do cidadão diante de desafios metropolitanos
na exposição do professor Mohamed
A insustentabilidade nos grandes centros urbanos brasileiros, como na Região Metropolitana de Campinas (RMC), foi denunciada pelo biólogo Mohamed Habib, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, durante debate nesta quinta-feira, 4 de agosto, no Teatro do SESC Campinas. O debate sobre Meio Ambiente Urbano: Qualidade de Vida e Harmonia Social integrou o ciclo de palestras "Fala mais sobre isso!", promovido pelo SESC Campinas.
O professor Mohamed Habib observou que a Revolução Industrial provocou uma completa modificação no panorama mundial, sobretudo nos últimos 100 anos, período em que a população passou de 2 bilhões para quase 7 bilhões de pessoas. Uma das radiciais modificações, observou, foi o perfil populacional. Há cinco décadas, mais de 70% da população brasileira viviam na zona rural. Hoje, mais de 80% moram nas cidades, especialmente em grandes centros urbanos, "que não foram preparadas para receber esse fluxo migratório", destacou o biólogo.
As grandes cidades continuam, regra geral, sem planejamento, vivendo apenas do improviso, lamentou o professor Mohamed. Ele entende que a enorme concentração de renda no Brasil é uma razão estrutural para a insustentabilidade nos grandes centros urbanos.
Um dos indicadores mais claros da insustentabilidade, acentuou, é o fato de que todo ano morrem no Brasil entre 40 mil e 50 mil pessoas por homicídio, em sua grande maioria jovens. O pró-reitor da Unimep pediu, então, políticas públicas urgentes para evitar essa grande catástrofe. Citou o caso da aplicação de medidas mais rígidas no trânsito, que a seu ver tem evitado grande número de mortes.
O passivo ambiental nas grandes cidades e o aquecimento global são outros reflexos da insustentabilidade, protestou o professor Mohamed, lembrando que mais de 50% dos gases de efeito-estufa são emitidos pela frota automotiva. Pediu, então, urgência igualmente em medidas para impulsionar o transporte coletivo e outras. "As cidades foram pensadas para que as pessoas vivessem melhor. Mas por que, hoje, na sexta-feira, milhões de pessoas deixam as grandes cidades e vão procurar um lugar mais tranquilo para descansar?", indagou, como um exemplo de que as pessoas estão insatisfeitas com o modo de vida nas grandes cidades.
Maior informação para a cidadania e melhoria na educação são, para o professor Mohamed, caminhos absolutamente estratégicos para a construção de outro formato de cidade, completou. O pró-reitor da Unicamp defendeu, então, uma ampla reforma educacional no Brasil, para que de fato o país que hoje é a sétima economia global não continue sendo o país colocado no lugar de número 69 no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). "Não precisamos apenas de mais médicos, engenheiros ou advogados, precisamos seres humanos melhores", concluiu, para o aplauso geral do público, que quase lotou o Teatro do SESC Campinas.
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