Páginas

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Seminário nacional em Campinas dia 30 de novembro debate projetos de sucesso de escolas públicas



Arte no Pátio, na Escola Municipal “Marechal Mário Júlio do Rego”, em Ipojuca-PE, um dos 182 projetos apoiados pelo Instituto Arcor Brasil no Minha Escola Cresce


Será no dia 30 de novembro, em Campinas, o Seminário Práticas Exitosas, que apresentará e debaterá projetos de sucesso de escolas públicas de São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco, participantes das nove edições do Programa Minha Escola Cresce, do Instituto Arcor Brasil. No mesmo Seminário, será lançado o Banco de Projetos, com detalhes sobre os 182 projetos de escolas públicas que participaram do Programa Minha Escola Cresce, de 2004 a 2012. Os projetos fortaleceram a diversidade cultural e contribuíram para processos de desenvolvimento local, a educação ambiental e a inclusão de pessoas com deficiência.

      Nas nove edições, foram apoiados projetos em 16 municípios brasileiros apresentados por  escolas de ensino fundamental. Também no Seminário, um consultor em desenvolvimento de redes, grupos e comunidades fará uma exposição sobre trabalho em rede a partir de escolas públicas, proporcionando a melhoria da qualidade do ensino e envolvimento das famílias e comunidades.

      Os projetos desenvolvidos ao longo dos nove anos do Programa Minha Escola Cresce resultaram na montagem e/ou revitalização de mais de 30 bibliotecas escolares, na estruturação de dezenas de oficinas em várias linguagens artísticas (teatro, música, dança etc) e esportivas, no desenvolvimento de mais de 20 projetos de comunicação escolar e em ações voltadas para discutir temas da sustentabilidade em mais de 30 escolas, entre outros impactos. Os projetos foram desenvolvidos de modo a estimular o protagonismo juvenil e incentivar a maior participação das famílias e comunidades na vida escolar. No conjunto, foram projetos direcionados para fortalecer a escola pública.

      O Instituto Arcor Brasil proporcionou apoio técnico e financeiro a todos os projetos,  promoveu oficinas com os educadores envolvidos e visitas técnicas a todas as escolas públicas participantes. No final de cada edição, foram realizados encontros para avaliação dos projetos e intercâmbio de experiências. O Encontro de Intercâmbio da nona e última edição acontecerá dia 29 de novembro, em Campinas.

      Após a troca de informações propiciada por esses encontros, iniciativas de várias escolas acabaram sendo reproduzidas em outras, respeitadas as realidades locais. A ideia do Seminário de Práticas Exitosas é proporcionar, aos gestores e educadores participantes, subsídios sobre como multiplicar projetos em suas respectivas escolas.

     Desde sua criação, em 2004, o Instituto coordena o investimento social do Grupo Arcor no Brasil. Atua em três linhas: apoio a projetos e organizações; geração e divulgação de conhecimentos; e mobilização e incidência pública. Em oito anos de atuação, deu apoio a mais de 330 projetos.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ampliação de acesso a bibliotecas públicas é um dos desafios de novos prefeitos da Região Metropolitana de Campinas

 
Livro, alicerce civilizatório: essencial


O livro ainda é, e por muito tempo continuará sendo, um dos principais veículos de transmissão do legado cultural de um povo, de uma cidade, e por isso fundamental para a construção da cidadania. A partir deste princípio, os prefeitos eleitos na Região Metropolitana de Campinas (RMC), terão entre seus maiores desafios o de ampliar e aprimorar o acesso às bibliotecas públicas.
Enorme desafio, sem dúvida, considerando os atrativos das novas mídias que, em tese, estariam contribuindo para esvaziar as bibliotecas. Mas as bibliotecas públicas podem ser renovadas, como indicam o Plano Nacional do Livro e Leitura e o Plano Nacional de Cultura. Renovadas e ressignificadas, podem ser cada vez mais espaço de difusão e criação de novos conhecimentos, inclusive com uso das novas tecnologias de comunicação e informação.
Maior atenção para esse elemento representará a contribuição da RMC para o cumprimento da meta 4 do Plano Nacional de Cultura, que trata da elevação da média de leitura nacional para quatro livros lidos por ano fora do aprendizado formal. A média brasileira, de menos de 2 livros por ano, é muito baixa, em comparação com vários países.
Outra meta importante é a 29, que trata da acessibilidade total das bibliotecas públicas (e outros espaços culturais) para pessoas com deficiência. A meta 34, por sua vez, prevê que pelo menos 50% das bibliotecas públicas sejam modernizadas até 2020. Mas a RMC, com o seu perfil, pode alcançar essa meta muito antes. A meta 41 estabelece que todas as bibliotecas públicas disponibilizem até 2020 informações sobre o seu acervo no Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais.
Mesmo sendo uma região metropolitana com renda média muito acima da brasileira, a RMC ainda tem desafios a superar em termos de acesso a bibliotecas públicas.
A RMC conta com mais de 80 bibliotecas, e mais da metade delas está em Campinas, mas a maioria é de organizações educacionais e/ou culturais. O município de Campinas, com cerca de 1,1 milhão de habitantes, tem quatro bibliotecas públicas municipais, das quais uma é infantil e a outra, distrital, em Sousas. Hortolândia tem três bibliotecas públicas municipais, para quase 200 mil moradores.
Em primeiro lugar no ranking (de 2009) do Ministério da Cultura de municípios com bibliotecas públicas abertas para cada 100 mil habitantes está Barueri, com 11 bibliotecas públicas, para mais de 240 mil moradores. Em segundo, Curitiba, com 55 bibliotecas públicas municipais para cerca de 1,9 milhão de moradores.

sábado, 24 de novembro de 2012

Ampliação da Refinaria de Paulínia muda sistema de abastecimento de água da região de Campinas e bacia do rio Piracicaba


Rio Piracicaba: região demanda equidade no abastecimento e qualidade da água

Maior investimento anunciado para o estado de São Paulo, de US$ 4,5 bilhões, o projeto de ampliação e modernização da Refinaria de Paulínia (Replan), da Petrobrás, em fase de implantação, vai transformar o sistema de abastecimento de água da região de Campinas e bacia do rio Piracicaba. Uma das mudanças previstas é a construção de novas barragens para regularizar o abastecimento de água na região e eventual geração de energia elétrica, o que exigirá os devidos estudos de impacto ambiental. Estímulo ao reuso de água e uso de água da chuva, eventual mudança do local de captação de água para Sumaré e ampliação de reflorestamento são algumas medidas previstas para a região (muitas já realizadas) que tem déficit na disponibilidade de recursos hídricos. A disponibilidade de água em vários municípios, principalmente em períodos de estiagem, é equivalente à a de países secos da África e Oriente Médio.
A Replan tinha autorização para captar 1870 metros cúbicos por hora de água (equivalentes a 500 litros por segundo), no rio Jaguari, e a licença para o projeto de ampliação e modernização prevê uma captação de 2400 metros cúbicos por hora (equivalentes a cerca de 660 litros por segundo). O aumento da captação foi justificado pela Petrobrás pela maior utilização da água na produção de diesel e gasolina com baixo teor de enxofre, nos termos do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve) e das especificações da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Estão sendo estruturadas unidades de hidrotratamento de diesel e querosene de aviação e de coqueamento retardado, entre outras obras.
O projeto de ampliação e modernização da Replan foi aprovado pelos Comitês das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que impôs, entretanto, um elenco de condições com dez ítens, começando pelo investimento em reflorestamento nas nascentes da bacia do rio Camanducaia. O plantio de cerca de 200 mil mudas de espécies nativas está em fase de implantação, em Áreas de Preservação Permanente de municípios como Camanducaia, Itapeva, Extrema, Toledo, Vargem, Joanópolis, Pedra Bela, Pinhalzinho, Tuiuti, Bragança Paulista, Morungaba, Monte Alegre do Sul, Amparo, Pedreira, Jaguariúna, Holambra, Santo Antonio de Posse, Artur Nogueira, Cosmópolis e Limeira. O Consórcio Intermunicipal das bacias PCJ foi contratado para realizar estas atividades, que incluem conscientização e mobilização de produtores rurais.
Novas barragens - A segunda condição apresentada pelos Comitês PCJ é a realização de estudos, projetos e obras para aumento da disponibilidade hídrica a montante da captação da Replan, nas bacias dos rios Camamducaia e Jaguari, as duas situadas na bacia do rio Piracicaba. Em função dessa condição, foram contratados estudos para eventual construção de barragens para aumentar a disponibilidade hídrica nessas duas bacias, e esses estudos indicaram sete eixos para implantação de barragens de regularização de vazões e, eventualmente, geração de energia elétrica.
A decisão pela construção de novas barragens na região terá consequencia direta nas negociações para a renovação da outorga do Sistema Cantareira, em 2014. Atualmente, a bacia do rio Piracicaba demanda cerca de 30 mil litros por segundo de água (para usos urbano, industrial e na agricultura) e transfere até 33 mil litros por segundo de água por segundo para abastecer metade da Grande São Paulo. O aumento da disponibilidadade de água na região, com a construção das barragens no Camanducaia (podendo ser transformadas em Pequenas Centrais Hidrelétricas), deve repercutir na renovação da outorga para a Sabesp continuar operando o  Sistema Cantareira, em 2014, com influência então na liberação de água do Cantareira para o abastecimento da região.
A terceira condição tem relação com a segunda, pois trata da realização de estudos de novos mananciais e alternativas de aproveitamento para aumento da disponibilidade hídrica a montante da captação de água da Replan. O estudo já apontou, entre outras alternativas, a viabilidade de construção de seis pequenos barramentos, para atender aos municípios de Amparo, Monte Alegre do Sul, Pinhalzinho, Toledo, Serra Negra, Artur Nogueira, Bragança Paulista, Cosmópolis, Holambra, Jaguariúna, Morungaba, Pedra Bela, Pedreira, Tuiuti e Santo Antônio de Posse.
Outra condição é a realização de estudos para avaliar os impactos das atividades da Replan na qualidade e quantidade dos corpos hídricos.
Mais uma condição é o desenvolvimento de estudos de viabilidade da transferência de captação de água para Sumaré do rio Atibaia para o rio Jaguari, de forma vinculada a ações de aumento de oferta de água na Bacia do Rio Jaguari. Hoje essa captação para Sumaré, no município de Paulínia, está a jusante do lançamento da Replan, o que compromete a qualidade e quantidade de água captadas. Sumaré sofre regularmente com problemas na captação e fornecimento de água para a população. A nova captação para Sumaré seria feita no rio Jaguari, no município de Cosmópolis.
A implantação de estações para o monitoramento da qualidade da água, junto à captação da Replan e de Sumaré, e a realização de pesquisas para identificar o potencial de toxicidade do efluente final e das águas do rio Atibaia na área de influência da Replan foram outras condições, ambas já cumpridas.
Outra condição é a implantação de Plano de Contingência para as bacias PCJ contra acidentes com derramamento de material poluidor nas águas, durante a fase de instalação do empreendimento.O Plano contempla um mapeamento dos riscos potenciais em toda a região, principalmente nas proximidades das captações de água para os municípios.




A nona condição trata de estudos para avaliar o potencial de implementação de práticas de reuso de água e aproveitamento de águas pluviais nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí e a implementação do programa de capacitação em reuso da água e armazenamento e aproveitamento da água da chuva na região. O reuso seria feito a partir das águas resultantes do tratamento de esgotos urbanos. Essa água poderia ter uso industrial. Já o estudo de aproveitamento de águas da chuva contemplou ações de educação ambiental  e formação de multiplicadores envolvendo secretarias municipais de educação, diretorias regionais de ensino, diretores e coordenadores de escolas da
Rede Pública de Ensino, educadores, alunos e familiares, técnicos dos Serviços Municipais de Água e Esgoto, técnicos das secretarias municipais de meio ambiente. E a décima condição refere-se ao aprimoramento do programa interno de controle de perdas e racionalização do uso da água na Replan.
Impactos das emissões atmosféricas - A ampliação e modernização da Replan também terá impacto no sistema de emissões atmosféricas na região. A licença ambiental prévia concedida pela Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo prevê a necessidade de plano para controle e redução de emissões atmosféricas, e a instalação em Campinas de uma estação de monitoramento automático da qualidade do ar, em termos de material particulado, NOx e ozônio. "Isto em decorrência do empreendimento ser fonte de emissão de precursores de ozônio, poluente que pode se manifestar em locais distantes das fontes de emissão", segundo a licença concedida pela Secretaria do Meio Ambiente.
A Secretaria também condiciou a licença à apresentação pela Petrobrás de programa de investigação e remediação dos passivos ambientais das áreas objeto do projeto de modernização da Replan. E também solicitou estudos de prospecção arqueológica nas áreas do empreendimento, entre outras exigências. Muitas condições apresentadas pelos Comitês PCJ e Secretaria do Meio Ambiente já foram atendidas e algumas estão em curso, portanto.




sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Em nova edição, Reviva o Rio Atibaia resgata debate sobre importância da APA de Campinas


Sousas, bem perto da captação de água para Campinas: futuro da APA ainda em questão 


Por José Pedro Martins

Neste domingo, dia 25 de novembro, o distrito de Sousas sedia mais uma edição, a de número 15, do Reviva o Rio Atibaia. Atividades a partir das 9 horas, na Praça Beira Rio em Sousas. Realizada poucas semanas antes da posse do prefeito eleito, Jonas Donizette, a nova edição do Reviva o Rio Atibaia contribui para o resgate do debate sobre a importância fundamental da APA para o futuro de Campinas. A proteção da APA (Área de Proteção Ambiental) significa a valorização da vida, uma resposta de Campinas às sérias ameaças contra a biosfera nos tempos atuais.
O processo de criação da APA de Campinas e a trajetória do Movimento Reviva o Rio Atibaia são uma síntese perfeita da mudança de postura em vários segmentos, e em escala internacional, em relação aos rumos do crescimento. Processo iniciado com a Conferência de Estocolmo, em 1972, e que teve a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco-92, de junho de 1992, no Rio de Janeiro, como catalisadora, uma alavanca para nova consciência planetária.
No clima criado pela preparação para a Eco-92, em abril de 1991 foi promovido o I Fórum Ecológico de Sousas. Já estava clara, para muitos pesquisadores, ambientalistas e cidadãos campineiros em geral, a necessidade de medidas concretas de preservação daquela região, de grande importância ecológica, cultural e filosófica para Campinas e toda região.
A maior parte do que ainda resta de vegetação de Mata Atlântica no município (menos de 5% do manto verde que cobria originalmente toda a Campinas do Matto Grosso) está situada entre os distritos de Sousas e Joaquim Egídio. São matas que ainda preservam uma rica biodiversidade, em termos vegetais (já foram catalogadas 478 espécies de árvores, além de uma raríssima vegetação rupestre) e animais (475 espécies identificadas, sendo 55 de anfíbios, 39 de répteis, 311 de aves e 70 de mamíferos). Também está localizada em Sousas, desde a década de 1930, a principal captação de água para Campinas.
Já seriam motivos suficientes para a proteção da região, mas ela também sedia um dos principais conjuntos da arquitetura da época de ouro do café. E um outro tesouro ali localizado, o primeiro observatório municipal do Brasil, inaugurado em 15 de janeiro de 1977. O Observatório Municipal de Campinas "Jean Nicolini" é um emblema do olhar amplo da cidade, da sua vocação para ver além, para procurar e construir projetos humanísticos em sintonia com a beleza do cosmos.
Histórico da APA - Pois em novembro de 1991 o então deputado federal José Roberto Magalhães Teixeira apresentou dois projetos de lei, criando as APAs federais de Sousas e Joaquim Egídio. O projeto da APA de Sousas foi arquivado em 1994, mas o de Joaquim Egídio teve continuidade, até arquivamento pelo Senado em 2007 (chegou a receber parecer favorável da senadora Marina Silva). O projeto da APA de Sousas voltou a ser apresentado pelo deputado Luciano Zica, em 1995, sendo arquivado quatro anos depois.
Mas em 28 de maio de 1993 o de novo prefeito Magalhães Teixeira editava o Decreto 11.172, criando a APA Municipal de Sousas e Joaquim Egídio. Em novembro de 1993 a Secretaria Municipal de Planejamento apresentou uma "Proposta Preliminar de Macrozoneamento Ambiental das APAs de Sousas e Joaquim Egídio", que estabelecia cinco macrozonas nos dois distritos. Muitos debates e seminários foram realizados desde então, mas efetivamente a APA, com esta configuração, acabou não sendo concretizada.
Neste cenário surgiu uma grande polêmica, relacionada ao projeto de pavimentação da estrada de terra que liga Campinas a Pedreira, passando por Sousas. Foi a gênese do Movimento pela Qualidade de Vida de Campinas, que passou a questionar o projeto, até que ele foi arquivado.
Nasce o Reviva o Rio Atibaia - O Movimento foi a semente da criação da Jaguatibaia - Associação de Proteção Ambiental, que já em 1997 lançou o Reviva o Rio Atibaia, em parceria com a Associação de Remo de Sousas e Merck Sharp & Dohme. O Reviva retomou o debate sobre a APA. Na segunda edição, em 1998, foi realizado o fórum Resgate do Plano Gestor da APA.
A mobilização se intensificou nas edições seguintes e, a 7 de junho de 2001, durante a Semana do Meio Ambiente, o prefeito Antônio da Costa Santos sancionou a Lei 10.850, criando a APA de Campinas, englobando os distritos de Sousas e Joaquim Egídio e também a região a nordeste do município localizada entre o distrito de Sousas, o Rio Atibaia e o limite intermunicipal Campinas-Jaguariúna e Campinas-Pedreira.
É esta a configuração atual da APA. Em 25 de janeiro de 2002 a prefeita Izalene Tiene editou o Decreto 13.835, criando o Conselho Gestor da APA (Congeapa), já previsto na Lei 10.850. O Plano de Manejo da APA, que vai orientar a ocupação ordenada, sustentável, da região, ainda não foi concluído, apesar da contribuição de profissionais de instituições como Unicamp, PUC-Campinas, Instituto Agronômico e Embrapa Monitoramento por Satélite.
São praticamente duas décadas, portanto, do movimento de cidadania, de ambientalistas e cientistas, direcionado para a proteção e ocupação adequada da área da APA, estratégica em termos ambientais, mas também preciosa em termos culturais, sociais e civilizatórios. Trata-se, então, de um movimento que espelha os desafios encontrados por toda parte do planeta, para se colocar em prática os novos paradigmas propostos pelo movimento ecológico e de sustentabilidade e também pelo setor cultural (a Convenção de Paris, da Unesco, de 1972, trata do patrimônio cultural e natural, não nos esqueçamos!)
Daí a relevância da realização de nova edição do Reviva o Rio Atibaia, neste momento. Definições apropriadas sobre o Plano de Manejo da APA são essenciais para o futuro com qualidade de vida da região. Em 20 anos Sousas e Joaquim Egídio já assumiram um outro perfil, bem distante da realidade do final da década de 1980. E nesse período as estrelas do céu de Campinas ficaram cada vez mais escondidas, pela luminosidade artificial da metrópole. Mas ainda há tempo de um novo tempo.

CAFÉ COM MARCO PADILHA: A SINFONIA DA VIDA


Um café com Marco Padilha, diretor da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Só um café mesmo, para ele, que também tomou uma água sem gás. Eu tomei uma com gás. Ele é o autor do Concerto para Violino e Orquestra e Concerto para Violoncelo, que estão tendo estreia mundial nestes dias 22, 23 e 24 de novembro, na Sala São Paulo, pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, tendo o maestro Giancarlo Guerrero como regente e Antonio Meneses como solista.

No começo, um desabafo. “Às vezes não sabemos porque continuamos a fazer o que se gosta. Dá a impressão que nadamos contra a correnteza”, lamenta, se dizendo horrorizado com a “guerra civil” em muitos lugares de grandes cidades brasileiras.

Cita um exemplo muito claro: a Décima Sinfonia de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) permanecia quase desconhecida do grande público. Agora será finalmente gravada, em 2013, por iniciativa da Osesp, que está desenvolvendo projeto sobre o grande compositor com o maestro Isaac Karabtchevsky.

Ou seja, sinal de que a música erudita no Brasil ainda precisa caminhar muito. Aos poucos, depois do desabafo, o campineiro Marco Padilha volta a se entusiasmar com o que mais gosta, a música, que exerce ao lado de outra profissão, a de relações públicas, especializado em cerimonial.

Conta que começou tarde. Tinha cerca de 15 anos quando ouviu a Quinta Sinfonia, de Beethoven, em um dos fascículos da Abril. Paixão fulminante, disse para a mãe Ana que gostaria de estudar música. Estudou com Maria Helena Caldatto, depois com Orlando Fagnani e Conservatório Carlos Gomes,, até que foi “adotado” pelo grande José Antonio Rezende de Almeida Prado (1943-2010), que deu aulas na Unicamp por 25 anos.

Padilha formou-se na primeira turma de música do Instituto de Artes da Unicamp, e também cursou Relações Públicas pela PUC-Campinas. Funcionário pela Unicamp, trabalhou com José Aristodemo Pinotti na Secretaria Estadual da Saúde, depois na Câmara e Prefeitura de Campinas.

Duas, ou muitas vidas, em uma. Pausa para um gole de água, ele, de café.

OBRAS PELO MUNDO - Padilha ficou, claro, muito feliz com a encomenda feita pela Osesp. Uma das principais orquestras da América Latina, no principal templo da música erudita no Brasil, com um importante solista. Tudo o que um compositor poderia sonhar.

Padilha tem outros marcos. Várias de suas obras foram exibidas no exterior. Em 1992, ganhou o primeiro lugar em concurso em Zurique, Suíça, com sua composição “Mystagogos” (Mestre dos Mistérios, em grego) Hommage à Olivier Messiaen Op. 14, para flauta- clarinete-violino-violoncelo-piano-percussão. O tema do Festival daquele ano era o Brasil, e o Conjunto Música Nova de Zurique encomentou partituras a 60 compositores brasileiros.

Também teve obra executada pelo violoncelista Antonio Meneses na Fundação Americas Society, em Nova York, e em 2010 em festival em Toulouse, na França. Foi a obra “L´amour, oublier”, inspirada em poema de Paul Verlaine, e que narra a tragédia de uma mulher enlouquecida com um amor que se foi. A peça foi executada, por encomenda, por Les Sacqueboutiers de Toulouse, um grupo de música antiga, e recebeu importantes elogios da crítica francesa. Padilha é o único brasileiro com encomenda feita por esse grupo conhecidíssimo na Europa.

Muitas conquistas, portanto, e o compositor-cerimonialista-relações públicas compartilha o bom gosto pela música erudita no programa Intermezzo, todo domingo, das 19 às 22 horas, na Rádio Educativa, de Campinas. O programa permaneceu durante anos na antiga Rádio Morena. O diretor artístico era Luiz Ceará. Padilha apresentou a ideia, Ceará disse que fariam uma experiência de três meses. Em pouco tempo o programa era líder de audiência em sua faixa de horário e permaneceu por longos anos na emissora.

As garrafas de água mineral estão no fim. Padilha respira e transpira o seu amor pela música. Peço então para ele me indicar cinco músicas, para cinco temas que, acredito, sejam aqueles para sempre fundamentais para o ser humano: Amor, Vida, Morte, Esperança e Desespero. O resultado está abaixo.

No final ele fez questão de acrescentar outro tema: Ilusão.

Esta é a sinfonia da vida, por Marco Padilha, de Campinas.

AMOR – Sonho de Amor – Noturno número 3, de Liszt.

MORTE – Sinfonia das Canções Tristes – Henryk Mikołaj Górecki (o compositor polonês baseou-se na Paixão de Cristo, canções folclóricas e em oração escrita por Helena Wanda Blazusiakowna, polaca de dezoito anos, em 1944, nas paredes de uma prisão da Gestapo, em Zakopane, um dia antes de ser executada).

VIDA – Sinfonia número 3, de Beethoven, conhecida como A Heróica.

ESPERANÇA – Primavera, uma das Quatro Estações, de Vivaldi.

DESESPERO – Noturno Opus 40, de Chopin. (“Momentos angustiantes”, diz Padilha).

ILUSÃO – Carmen, de Bizet (“O protagonista Don José passa a ópera perseguindo a ilusão de um amor e no fim mata esse amor”)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Campinas terá dois novos centros de alta tecnologia, consolidando o polo da região

Campinas terá em breve dois novos centros de alta tecnologia, com mais um centro de pesquisas da Embrapa e laboratório de uma gigante da área de energia. A região cada vez mais se consolida, portanto, como um dos mais importantes polos de ciência e tecnologia da América Latina. Nestes dias 22 e 23 de novembro, por exemplo, o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) está sediando o primeiro encontro de duas redes de pesquisa, uma europeia e outra brasileira, da área de engenharia biomédica, um dos segmentos fortes em alta tecnologia na região.
Campinas já sedia a Embrapa Informática Agropecuária, a Embrapa Monitoramento por Satélite e no início do ano a Embrapa anunciou a criação de um Serviço de Gestão Territorial Estratégico na cidade, com o propósito de prestar serviços de apoio a trabalhos relacionados a zoneamentos ecológicos e econômicos e a planos de manejo de áreas de proteção ambiental. A Embrapa Meio Ambiente está situada, por sua vez, em Jaguariúna.
O laboratório de uma das grandes empresas globais de energia representará mais um salto na consolidação da região como polo de produção e pesquisas energéticas. Em 2010 foi inaugurado em Campinas o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE).
Nestes dias 22 e 23 de novembro, como um exemplo do dinamismo do polo de C&T de Campinas e região, está sendo realizado no Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) o primeiro workshop para intercâmbio de informações entre a rede europeia IREBID (International Research Exchange for Biomedical Devices Design and Prototyping) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biofabricação (INCT-Biofabris).
A IREBID visa promover intercâmbios e criar sinergias entre pesquisadores das áreas de engenharia e medicina, objetivando encontrar soluções inovadoras na área da saúde, e é integrada pela Universitat de Girona (Espanha), Instituto Politécnico de Leiria (Portugal), Rutgers - The State University of New Jersey (Estados Unidos), Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey (México), Università degli Studi di Brescia (Itália) e o CTI Renato Archer do Brasil.
O INCT-Biofrabris visa fomentar pesquisas em biomateriais, que possam ser aplicadas em dispositivos biomédicos como próteses e em outras áreas da saúde, e sua rede é composta por
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) como instituição sede, Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Instituto de Pesquisas Nucleares (IPEN), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI). Outro workshop entre as duas redes acontece nos dias 27 e 28 de novembro.

Seminário lança plataforma para internacionalização de empresas de base tecnológica da região de Campinas a partir da França


José Luiz Guazzelli, cônsul-honorário da França em Campinas, sobre o Seminário Diga Oui à França, Diga Oui à Inovação, que lançou plataforma de internacionalização de empresas de base tecnológica de Campinas e região, a partir da França, dia 21 de novembro de 2012.