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sábado, 19 de março de 2011

Bacia do Rio Grande sofre com falta de tratamento de esgotos e depósito inadequado de lixo


A Bacia do Rio Grande, compreendendo o Sul de Minas Gerais e Nordeste de São Paulo, sofre com a falta de tratamento de esgotos e com a destinação inadequada de resíduos sólidos urbanos. Esta é uma das conclusões do Diagnóstico da Situação dos Recursos Hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Grande (BHRG) - SP/MG, elaborado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado ao governo de São Paulo. Encontrar caminhos para o tratamento de esgotos e destinação correta do lixo na região é um dos desafios da Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio Grande, que será instalado em junho de 2011 (Ver post abaixo).
O território que corresponde à bacia do Rio Grande tem 143 mil quilômetros quadrados, sendo 60,20% em Minas Gerais e 39,80% em São Paulo. São 393 municípios na bacia, sendo 179 (45,55%) em São Paulo, incluindo Altinópolis, Batatais e Santo Antônio da Alegria, e 214 (54,45%) em Minas Gerais, incluindo Itamogi, Monte Santo de Minas e São Sebastião do Paraíso. São cerca de 9 milhões de moradores, o que significa o segundo Comitê de Bacias Interestadual em população no Brasil, atrás somente do Comitê do Rio São Francisco, onde moram mais de 16 milhões de pessoas em sete estados. Ribeirão Preto, Franca e Uberaba são os municípios mais populosos na bacia do Rio Grande.
56% da área da bacia são cobertos com pastagem e 36% com culturas agrícolas, restando apenas 3,38% de vegetação nativa, sobretudo de Cerrado, o que indica um dos grandes desafios ambientais na região. O rio Grande nasce na Serra da Mantiqueira, em Bocaina de Minas, a cerca de 1980 metros de altitude, e deságua no rio Paraná, na divisa dos municípios de Santa Clara do Oeste (SP) e Carneirinho (MG). São 13 barragens no percurso do rio Grande, cuja bacia representa 8% da capacidade instalada de geração de eletricidade do Brasil, propiciada por 71 hidrelétricas.
Os principais afluentes do rio Grande são, na margem direita, rios das Mortes, Jacaré, Santana, Pouso Alegre, Uberaba e Verde ou Feio. Na margem esquerda, estão os rios Capivari, Verde, Sapucarí-Mirim, Sapucaí (de Minas), Pardo, Sapucaí (de São Paulo), Mogi-Guaçu e Turvo.
A bacia do rio Grande conta com mais de 30 mil estabelecimentos industriais, 54% deles em território paulista. A região tem um rebanho de mais de 94 milhões de cabeças, sendo 86 milhões de galináceos, 7 milhões de bovinos e 1,5 milhão de outros. No total, corresponde a 30% do rebanho de São Paulo e Minas Gerais juntos.
São múltiplos os desafios a equacionar, e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande terá o papel de encontrar caminhos para solucioná-los. Somente em território paulista, entre 2002 e 2005 foram identificadas 344 áreas contaminadas. Também em espaço paulista, foram identificadas 1.647 feições erosivas entre 1987-2007.
O estudo do IPT mostra que 34% da porção mineira da bacia do Rio Grande representam terrenos com erosão agravada por desmatamento generalizado ou queimada e/ou pastoreio em campo tropical. A pior situação é a das sub-bacias do Baixo e Médio Rio Grande e a do Entorno do Reservatório de Furnas, com 94,43%, 72,78% e 64,17%, respectivamente, de área com aceleração da erosão. Itamogi, Monte Santo de Minas e São Sebastião do Paraíso estão localizados na sub-bacia do Médio Rio Grande.
Outros desafios são apontados no estudo do IPT. Um deles está relacionado ao dos óbitos e internações decorrentes de doenças de veiculação hídrica. Foram 345 óbitos somente em 2006, sendo 70% deles registrados em território paulista. Outro ponto crítico se refere ao monitoramento de poços d´água. Somente 45 poços tinham monitoramento. Somente 3% do território da bacia são abrangidos por Unidades de Conservação. E apenas 15% da extensão dos rios da bacia tinham monitoramento. Números que indicam o grande trabalho que o CBH do Rio Grande terá pela frente. (JPSMartins)

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