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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Meio ambiente é tema de Pré-Grito dos Excluídos nesta quinta-feira no Satélite Íris I em Campinas

A necessidade de preservação do meio ambiente, em benefício das atuais e futuras gerações, é um dos temas do Pré-Grito dos Excluídos, que será realizado neste dia 1 de setembro, quinta-feira, no Jardim Satélite Íris I, em Campinas. O evento começa às 8h30, com saída no PROGEN II (rua Caio Graco Prado, 281) e caminhada pelas ruas do Satélite Íris I, bairro que concentra vários desafios sociais mas onde existe uma cidadania cada vez mais ativa e transformadora. A realização do Pré-Grito dos Excluídos é da Rede Intersetorial Satélite Íris I, que reúne várias organizações sociais da comunidade e ativos como escolas públicas.

O evento está relacionado ao Grito dos Excluídos, promovido anualmente a 7 de setembro, por ocasião da lembrança da Independência do Brasil. O tema do meio ambiente, por sua vez, está associado à Campanha da Fraternidade de 2011 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que discutiu a preservação da vida, diante das múltiplas ameaças em curso, como o aquecimento global, a destruição da biodiversidade e a poluição cresce da água.

O encerramento da caminhada será na EE Rosina Frazatto. Estão previstas atividades como leitura de poemas, apresentação de maracatu e outras danças, plantio de árvores e premiação de concurso de poesia e desenho sobre a temática ambiental, entre outras.

Durante muitos anos a região teve um lixão a ceu aberto, representando portanto a clara omissão do poder público com a questão ambiental. Na história recente o Satélite Iris se destaca pela organização e mobilização social, em uma ação coletiva, intersetorial e em rede pela educação, inclusão e qualidade de vida. Um exemplo para Campinas, região e todo Brasil.

Impactos das políticas de segurança na infância e adolescência latino-americanas são tema de Colóquio internacional em São Paulo

O Centro Universitário Maria Antonia, da Universidade de São Paulo, está localizado na rua do mesmo nome, em instalações de enorme relevância para a história política, cultural e social do Brasil. Pois este será, dias 13 e 14 de setembro, o espaço do Colóquio Políticas de Segurança e Direitos Humanos: Enfocando a primeira infância, infância e adolescência. O Colóquio, que será realizado no Centro Universitário Maria Antonia da USP (Rua Maria Antonia, 258 e 294, Vila Buarque, São Paulo), tem organização de Equidade para a Infância América Latina, Rede Nacional Primeira Infância, Instituto Arcor Brasil, Fundación Arcor (Argentina) e Instituto C&A, tendo como aliados o Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (CIESPI) e a Rede ANDI. No dia 13 de setembro o Colóquio começa às 8h30 com o credenciamento e, no dia 14, às 9 horas.
Este evento proposto por Equidade para a Infância América Latina tem como finalidade promover um debate sobre as políticas de segurança em termos dos seus impactos nos direitos das crianças e adolescentes, a partir de uma perspectiva latino-americana.
O encontro é motivado pela preocupação em relação às condições de vida das crianças e adolescentes, e às múltiplas formas de violência que afetam direta e indiretamente tanto as crianças pequenas a partir dos primeiros anos de vida, quanto os adolescentes. O Colóquio pretende enfocar algumas situações como a falta de atenção dada à primeira infância nas discussões sobre a violência e a segurança pública, bem como a visibilização social dos adolescentes principalmente como agentes de violência, sendo por isso foco de repressão e de demandas sociais por maior punição.
Considerando a complexidade e pertinência deste tema na região, propõe-se um espaço para a reflexão em torno das políticas de segurança pública que priorize a necessidade de proteger os direitos das crianças e adolescentes, sejam elas vítimas ou agentes da violência. O debate estará dirigido principalmente à análise da realidade brasileira, mas promovendo o diálogo da situação nacional com as experiências e contribuições de outros países latino-americanos, como Colômbia e México.
Especialistas acadêmicos, representantes governamentais e de organizações sociais apresentarão diferentes pontos de vista acerca do problema e reflexionarão sobre as políticas e programas de segurança a partir da perspectiva da garantia dos direitos humanos, e particularmente, dos direitos da infância e adolescência.
Deste modo, o colóquio se organiza através de dois eixos de discussão:
i) Desigualdades sociais, contextos e condições de vida
ii) Respostas estatais e da sociedade civil
A atividade se dirige a especialistas, acadêmicos, profissionais e técnicos de programas e projetos orientados à defesa e promoção dos direitos da infância.
A participação é gratuita, sendo necessária confirmação prévia.
Mais informações: http://www.equidadeparaainfancia.org/

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Mobilidade urbana em debate no SESC-Campinas na quinta, 1 de setembro



Último evento, em agosto, com professor Mohamed Habib,

lotou o teatro do SESC-Campinas




No dia 1º de setembro, quinta-feira, a partir das 14 horas, o SESC-Campinas dá continuidade à série de bate-papos “Fala mais sobre isso”, com o tema “A mobilidade urbana que temos e a que queremos”. Oportunidade para uma ampla reflexão sobre sistemas de mobilidade urbana, à luz das práticas culturais das comunidades locais e das demandas da sustentabilidade, sobretudo em áreas de alta densidade como regiões metropolitanas.
O conferencista será o engenheiro Agenor Cremonese, especialista em mobilidade urbana, assessor da Prefeitura de Campinas quando o município ganhou o Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito em 1995 e 1996, coordenador de programas de segurança no trânsito de Santo André e Criciúma em parceria com a Rede URBAL, da Comissão Europeia, coordenador do Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Santo André, atual assessor em mobilidade urbana das Prefeituras de Osasco e Bragança Paulista.
Em seguida à conferência, haverá a apresentação do Projeto Ciclovia de Indaiatuba, pela Prefeitura de Indaiatuba, cidade em que o uso de bicicleta representa uma prática cultural tradicional. A série “Fala mais sobre isso” representa um espaço de reflexão sobre temas relacionados à cidade. Em agosto, o professor Mohamed Habib, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, foi o conferencista. As atividades nesta quinta-feira, 1º de setembro, serão no Teatro do SESC. A entrada é grátis. A mediação do evento será do jornalista José Pedro Martins.

domingo, 28 de agosto de 2011

Escolas das regiões de Piracicaba e Bragança Paulista podem se inscrever até amanhã, dia 29, no Programa Minha Escola Cresce

Reprodução de obra de Tarsila do Amaral em muro da EE Governador Mário Covas, de Monte Mor, fruto de projeto que participou do Programa Minha Escola Cresce, do Instituto Arcor Brasil




Serão encerradas nesta segunda-feira, dia 29 de agosto, as inscrições para escolas interessadas em participar da Nona Edição, referente a 2012, do Programa Minha Escola Cresce, do Instituto Arcor Brasil. As inscrições poderão ser feitas, por escolas de ensino fundamental das regiões de Piracicaba e Bragança Paulista, no interior de São Paulo, e municípios de Contagem (MG) e Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho (PE), no site do Instituto Arcor Brasil (http://www.institutoarcor.org.br/).
Após as inscrições, serão promovidas oficinas de elaboração de projetos, para as diferentes regiões de abrangência do Programa, entre 1º e 23 de setembro. Em seguida às oficinas, os projetos candidatos serão encaminhados, até o dia 3 de novembro, mês em que serão definidos os projetos que terão apoio em 2012 do Instituto Arcor Brasil.
Em oito anos, já são 166 projetos apoiados dentro do Programa Minha Escola Cresce, de escolas públicas do interior de São Paulo e mais municípios de Contagem e Ipojuca. A iniciativa visa dar respaldo técnico e financeiro a projetos concebidos pelas próprias escolas, após amplo diagnóstico interno. As ações sempre dão estímulo ao protagonismo de crianças e adolescentes e visam maior participação das famílias e comunidade na vida escolar. Fortalecer as escolas públicas, como espaço privilegiado de geração e disseminação do conhecimento, constitui então o foco central do Programa.
Na Oitava Edição, referente a 2011, são apoiados projetos em Bragança Paulista, Pinhalzinho, Pedra Bela, Rio das Pedras, Capivari, Monte Mor e em Piracicaba, todos no interior de São Paulo. Os demais são em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (seis projetos), e em Ipojuca, em Pernambuco (quatro projetos).
Os 22 projetos foram selecionados após oficinas com representantes de dezenas escolas que apresentaram projetos nos três estados e depois da avaliação de uma comissão de especialistas. As cidades com projetos apoiados são de regiões onde estão localizadas as cinco fábricas da Arcor do Brasil.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Chuvas não melhoram situação de rios da região de Campinas e Piracicaba



As chuvas dos últimos dias não melhoraram a situação dos rios das bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), onde está a Região Metropolitana de Campinas (RMC). O boletim da Agência Nacional de Águas (ANA), com dados do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) de São Paulo, mostra que à zero hora de 24 de agosto a vazão do rio Piracicaba em Piracicaba era de 38,31 metros cúbicos por segundo, a mesma de uma semana atrás. O cenário continua critico, então, para os recursos hídricos na região, que todo ano passa pelo mesmo drama, sem que providências efetivas estejam sendo acenadas no horizonte pelo conjunto dos poderes públicos.

A sociedade regional também parece paralisada diante do estresse hídrico que é cada vez maior, com o volume de água disponível não acompanhando o crescimento da população e de atividades econômicas. Em dez anos, entre 2000 e 2010, a população da RMC cresceu quase 400 mil moradores, equivalentes a "duas Sumaré", sendo que a água disponível continua a mesma. De onde sairá a água dos próximos dez anos?

Neste contexto, aumenta a expectativa com relação à renovação da outorga do Sistema Cantareira em 2014. A região reivindica maior liberação de água. Atualmente, a região do PCJ tem direito a 5 metros cúbicos, ou 5 mil litros por segundo. São reivindicados pelo menos 12 metros cúbicos por segundo na renovação da outorga. Faltam apenas três anos. O quadro é muito grave. A região precisa acordar, antes que seja tarde demais. (José Pedro S,Martins)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Oficinas sobre capoeira em Santa Bárbara: patrimônio cultural do Brasil para ler, ver e praticar

Capa do livro Capoeira, um patrimônio cultural, de José Pedro Martins (texto) e Adriano Rosa (fotos)



Neste domingo, 21 de agosto, a Estação Cultural, mantida pela Fundação Romi, em Santa Bárbara d´Oeste, vai oferecer oficinas de capoeira, sob a coordenação do Mestre Tuim. As oficinas estão ligadas ao Projeto Capoeira, um Patrimônio Cultural (da Editora Komedi e 3S Projetos), que inclui livro do mesmo nome, assinado pelo jornalista José Pedro Martins, com fotos de Adriano Rosa. As oficinas serão entre 8 e 9h30 e entre 10 e 11h30. O evento é gratuito e aberto a toda comunidade.


O livro "Capoeira, um patrimônio cultural" (Komedi, 2011), bilíngue, em português e inglês, faz um registro histórico das raízes da capoeira, que poderá ser incluída como esporte nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. "Será a coroação da presença internacional da capoeira, esporte sim, mas, sobretudo, uma filosofia de vida e uma das mais completas traduções da alma mestiça brasileira. A alma que dança, que ginga sob o acompanhamento harmonioso do berimbau, dos pandeiros e de outros instrumentos", diz o autor.


Em seguida o jornalista José Pedro Martins destaca a repressão que marcou os primeiros tempos da capoeira no Brasil, apesar do reconhecimento popular e de seu papel, por exemplo, na Guerra do Paraguai. Durante o primeiro governo Getúlio Vargas, a capoeira foi finalmente liberada. Tendo como pilares nomes como os mestres Bimba e Pastinha, a capoeira, em suas versões Regional e de Angola, ganhou todo Brasil, além de servir como "embaixada" brasileira em mais de 100 países.


A capoeira na cultura é outro tema abordado no livro. Ela foi objeto de reflexões na literatura, por nomes como Jorge Amado, Gilberto Freyre e Machado de Assis. No cinema, com destaque para o filme "Barravento", de Glauber Rocha. Nas artes plásticas, na obra de nomes como Debret e Rugendas.


"Capoeira, um patrimônio cultural", o livro, também destaca a presença da capoeira em território paulista, em municípios como São Paulo, Sorocaba e Porto Feliz. Em Campinas, também, com o papel histórico, nos tempos recentes, da Academia de Odete Raia, que fez um convite para grandes mestres para atuarem na cidade. Alguns deles se fixaram em Campinas, que se tornou importante polo regional. Mestres Tarzan, Godoy e Maya são alguns dos nomes de referência da capoeira na cidade, que em 2004 sediou o I Seminário Nacional de Estudos sobre a Capoeira.


O autor conclui: "O Seminário de Caminas é mais um evento demonstrando a força da capoeira em território paulista, a exemplo do que ocorre em todo país, espraiando-se por todo planeta. Um alfabeto de cores e amores, cultivado na nossa mestiçagem e distribuído como mensagem de paz do Brasil e seu povo maravilhoso para o mundo".

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Vazão do rio Piracicaba atinge índice crítico: região redobra o alerta



A vazão do rio Piracicaba, na cidade de Piracicaba, atingiu o índice absolutamente crítico de 38,31 metros cúbicos por segundo à zero hora deste dia 17 de agosto, quarta-feira. Um número que confirma a gravidade da situação dos recursos hídricos na região das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), como tem ocorrido em épocas de estiagem como a atual. Cenário que ratifica a necessidade de medidas urgentes, para garantir o abastecimento de água da região, que inclui a Região Metropolitana de Campinas (RMC). Os dados da vazão são da rede telemétrica do DAEE-SP, e estão incluídos no boletim periódico emitido pela Agência Nacional de Águas (ANA).

A média histórica de vazão no rio Piracicaba entre 1965 e 1996 foi de 143,9 metros cúbicos por segundo. Hoje a demanda de água nos 65 municípios das três bacias é de 36,34 metros cúbicos por segundo, sendo 19,06 m3/s pelo setor urbano, 10,58 pelo segmento industrial e 6,69 para a área agrícola, via irrigação.Sem ação efetiva de proteção das águas, em termos de qualidade e quantidade, não haverá garantia para satisfazer as demandas futuras, diante do crescimento populacional esperado e de novas atividades econômicas previstas. A projeão contida no Plano de Bacias 2010-2020 do PCJ é que, em 2020, a região tenha quase 6 milhões (cerca de 5,9 milhões de moradores), contra os atuais 5 milhões de moradores. Uma "nova Campinas", com aproximadamente 1 milhão de moradores, será então acrescentada à região em uma década.

O Plano de Bacias prevê uma demanda de 22,63 metros cúbicos por segundo para o setor urbano em 2020 (de acordo com o cenário tendencial projetado), mais uma demanda industrial de 12,17 m3/s e uma demanda para irrigação de 6,81 m3/s, somando 41,61 m3/s. Ou seja, em uma década a demanda aumentará em 5 metros cúbicos por segundo, aproximadamente. De onde sairá essa água? (JPSM)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Aziz Ab´Saber, a voz da indignação, tem relação histórica com região e faz alerta sobre Campinas

São Luis do Paraitinga, terra de Aziz Ab´Saber, antes das enchentes devastadoras do início de 2010: cidade que se reconstroi demonstra a força que o geógrafo tem na defesa do Brasil (Foto Adriano Rosa)





O crescimento urbano descontrolado de Campinas pode acabar afetando áreas, como nos distritos de Sousas e Joaquim Egídio, onde estão amostras de vegetação e solo de um passado muito longínquo, e que por sua importância histórica e científica deveriam ser preservadas, inclusive como objeto de uma educação ampla e multidisciplinar. O apelo foi feito em uma fria noite de junho de 2005, no encerramento do Encontro Regional de Meio Ambiente, no SESC, pelo geógrafo Aziz Ab’Saber, um dos maiores nomes da ciência e da cidadania ativa no Brasil. Pois as advertências do geógrafo continuam muito válidas, tanto para aquela região de Campinas, como para todo o conjunto das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, com quem Ab´Saber mantém uma relação histórica. O Encontro Regional de Meio Ambiente, do SESC Campinas, foi retomado agora com um novo formato e nome, o "Fala mais sobre isso", com eventos toda primeira quinta-feira de cada mês, a partir das 14 horas, sempre com importantes referências em sustentabilidade.
Aquela noite estava fria, mas a aula plural de Ab’Saber, aliada a seu imenso amor pelo país, tornaram bem quente o ambiente do Encontro Regional. O geógrafo conhece a fundo o processo de evolução desordenada do tecido urbano de Campinas e de toda a região. O geógrafo nascido na bela São Luis do Paraitinga, em 1924, começou sua brilhante carreira acadêmica aqui mesmo, dando aulas entre 1952 e 58 nas Faculdades Campineiras, embrião da futura Universidade Católica.
As incursões pelo território campineiro ajudaram e muito na formulação da Teoria dos Redutos, uma das inúmeras contribuições de Ab’Saber à Ciência. Ele se maravilha em especial com as formações rochosas encontradas no distrito de Joaquim Egídio, fruto de movimentações no solo ocorrida há milhões de anos. Alterações climáticas profundas, também em tempos imemoriais, levaram por sua vez a modificações radicais na composição vegetal do território de Joaquim Egídio e em toda região.
Mas parte desse passado remoto ainda resiste no distrito, na forma por exemplo da vegetação rupestre de lajedos rochosos, identificada há poucos anos pelo esforço da agrônoma e doutora em botânica Dionete Santin – que apresentou os resultados de seu trabalho no mesmo Encontro do SESC.
Preservar essas relíquias remanescentes no Município é um dos grandes motivos para se frear a dilatação inconseqüente da área urbana, destacou o professor Ab’Saber. Ele também pediu atenção para o perfil do metabolismo urbano de Campinas, na sua opinião indicativo da degradação dos recursos naturais e da qualidade de vida na cidade.
Mas o professor Ab’Saber mostrou enorme preocupação com outro patrimônio, de todos brasileiros, que é a Amazônia. A escalada da destruição na floresta amazônica quase não tem precedentes na história mundial, avisou o geógrafo. Ab’Saber demonstrou sua clara insatisfação com a recente declaração do então presidente Lula, para quem a Amazônia não poderia ser mais considerada “intocável”. Para o geógrafo, ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e companheiro de Lula na campanha pelas diretas-já de 1984 e nas posteriores Caravanas da Cidadania, afirmações como essa do ex-presidente poderiam pôr ainda mais em risco a integridade da floresta.
Ab’Saber reiterou sua tese de que a Amazônia, como todo Brasil, não cabem em um único projeto, em função da diversidade de ecossistemas e de realidades sociais, culturais e étnicas, tanto na floresta como em todo território nacional. “Não dá para falar em um projeto sem conhecer a realidade, e isso apenas como resultado de um esforço multidisciplinar, integrando profissionais e estudantes de distintas áreas”, sublinhou o mestre Ab’Saber, que ao final de sua exposição foi aplaudido de pé e homenageado por estudantes da PUC-Campinas.
Dom Quixote dos áridos tempos atuais, Aziz Ab’Saber dedicou-se ultimamente a outra causa nobre: montar bibliotecas em bairros de baixíssima renda. Ele não desiste de acreditar no Brasil, apesar dos pontuais desencantos e de sua santa indignação. (Por José Pedro S.Martins)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Dia do Folclore, dia para a região repensar o futuro da cultura popular

No próximo 22 de agosto será comemorado mais um Dia do Folclore, data assim considerada desde 1965. Será excelente oportunidade para se refletir sobre a importância do folclore e o seu atual papel na sociedade brasileira, cada vez mais dinâmica e volátil. Para a Região Metropolitana de Campinas (RMC) e todo conjunto das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), ocasião para uma reflexão sobre os rumos da cultura popular, das raízes culturais mais profundas, em um cenário de avanço da urbanização.
Tempos rápidos, de mudanças profundas e em velocidade que às vezes assusta. O avanço frenético dos meios de comunicação, em especial da Internet, e seu impacto na sociedade é a face mais conhecida do atual modo de vida, reinante em grande parte do planeta.
Momento de grandes oportunidades, das redes sociais que aproximam pessoas, da informação instantânea, de maior transparência, mas também momento de riscos, e um deles é o relacionado à perda dos valores culturais mais íntimos do povo.
Pois é justamente disso que o folclore trata. O folclore, na raiz da palavra inglesa, é a cultura do povo, é o conjunto de valores, símbolos e expressões culturais que traduzem a alma do povo, os seus sentimentos mais profundos.
Será uma perda incomensurável para todos se a cultura popular for de alguma forma prejudicada pela hegemonia dos meios de comunicação, que podem favorecer uma cultura de massa, padronizada, muito influenciada por fatores técnicos e científicos. E pela lógica do lucro.
Não, não se trata de ficar cultuando o passando, e nem de desprezar as conquistas extremamente positivas do mundo da mídia e de outros emblemas dos avanços da ciência e da técnica. O que se trata é de continuar valorizando a cultura feita pelo povo e para o povo, uma cultura então na essência muito democrática. E que pode muito bem dialogar com o novo.
Um dos ícones da força do folclore, da cultura popular brasileira, é o resgate que está acontecendo em São Luiz do Paraitinga, a cidade que quase foi arrasada no Verão de 2010. Paraitinga é uma das cidades mais identificadas com o folclore no Brasil.
Uma questão que deve ser pensada por ocasião do Dia do Folclore é exatamente o sentido da palavra... folclore. A própria palavra passou por um processo de desprestígio. Quando se quer referir a alguém, digamos, “diferente”, que foge ao perfil do considerado “normal”, diz-se que ele é “folclórico”, como se folclórico fosse sinônimo de estranho, de algo que não faz parte da sociedade. Pelo contrário, folclore é o que está mais dentro da sociedade, é a alma, o coração humano na brasa da cultura.

Muitos grupos e pessoas continuam fazendo grandes e importantes esforços pela cultura popular na RMC e nas bacias do PCJ. A Festa do Divino em Piracicaba, onde o Cururu é uma das faces mais belas da cultura popular e onde a Festa Junina em Tupi é outra referência; a festa do Boi Falô no distrito de Barão Geraldo, em Campinas; os diversos grupos de música e dança que continuam perpetuando a cultura popular nas região - algumas luzes da alma popular que pulsam na região, como sólida base para a identidade e para a construção de um futuro mais sustentável no conjunto dos municípios.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

55 anos do Romi-Isetta em Santa Bárbara d´Oeste confirmam pioneirismo e dinamismo da RMC

Convite para o evento em Santa Bárbara d´Oeste



No dia 3 de setembro Santa Bárbara d´Oeste sedia o III Encontro Nacional de Romi-Isettas. Haverá uma carreata comemorativa aos 55 anos de lançamento do Romi-Isetta, mais um gesto que confirma o pioneirismo da Região Metropolitana de Campinas (RMC) em vários segmentos da área industrial e da ciência e tecnologia.

Romi-Isetta é o primeiro carro de passeio fabricado no Brasil. Fruto da visão de Américo Emílio Romi (que inaugurou sua oficina em Santa Bárbara a 3 de setembro de 1929), o veículo foi lançado a 5 de setembro de 1956, sob licença da empresa italiana ISO - S.p.A.Autoveicoli de Milano, detentora da patente da Isetta.

O pavilhão do Romi-Isetta foi o cenário escolhido para a criação da Fundação Romi, a 29 de junho de 1957, como sucessora da Caixa Beneficente de Máquinas Agricolas Romi, fundada em 1951. A Fundação Romi desenvolve há 54 anos vários programas e projetos sociais, sobretudo nas áreas de educação e cultura.

Américo Emílio Romi nasceu a 26 de junho de 1896, em São José do Rio Pardo, onde o pai, Policarpo (casado com Regina), após trabalhar em fazenda de café, participou da reconstrução de uma ponte, orientado pelo engenheiro-escritor Euclides da Cunha, o aclamado autor de "Os Sertões". A família se transferiu para a Itália e Américo estudou eletrônica e mecânica em Milão.

Acidentado durante a I Guerra Mundial, Américo Emilio Romi conheceu sua futura esposa, Olímpia, no hospital onde foi atendido.Os dois se casaram e resolveram mudar para o Brasil. Em Santa Bárbara d´Oeste o casal foi responsável pela construção de uma brilhante história industrial e de trabalhos sociais. Mais uma página do dinamismo e pioneirismo da RMC. (Por José Pedro S. Martins)

domingo, 7 de agosto de 2011

Situação crítica das florestas nas bacias do PCJ e muito grave na RMC

2011 é o Ano Internacional das Florestas, iniciativa das Nações Unidas para promover uma reflexão planetária sobre essas imensas reservas de vida, cada vez mais ameaçadas. O balanço das florestas nos 65 municípios das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) é absolutamente crítico. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC), o cenário é de enorme gravidade em relação às florestas remanescentes – entre os 12 municípios com menor índice de florestas nativas remanescentes no conjunto das três bacias, oito estão localizados entre os 19 que formam a RMC. Um cenário geral que exige medidas urgentes para proteger o que resta de mata nativa nas bacias PCJ e sobretudo na RMC, mas principalmente para promover o reflorestamento, como um gesto ético e de responsabilidade com as futuras gerações, pois a necessidade de proteção dos recursos hídricos, por exemplo, demanda um plantio maciço de árvores, particularmente nas margens dos rios.
O Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo, de 2005, revelou que os remanescentes florestais cobrem somente 13,94% do território paulista, o que indica um gigantesco desastre ambiental, considerando que originalmente 80% do território estadual eram cobertos com diferentes tipos de florestas. Na região do PCJ o quadro é ainda pior. Dos 1.530.367 hectares que compõem o território das três bacias, somente 105.403 hectares estavam cobertos com vegetação nativa remanescente, ou 6,89%, cerca da metade, portanto, da média estadual.
Nas três bacias, os municípios com maior porcentagem de vegetação nativa remanescente são Bom Jesus dos Perdões (40,0% do seu território), Nazaré Paulista (36,7%) e Jarinu (29,9%). Dos doze municípios das três bacias com pior índice de vegetação nativa remanescente, oito estão na RMC: Hortolândia (2% do município cobertos com vegetação nativa remanescente), Sumaré (2,5%), Santa Bárbara d´Oeste (5%), Santo Antonio de Posse (5,1%), Paulínia (6%), Artur Nogueira (6,3%), Nova Odessa e Campinas (ambos com 7%). Os outros quatro municípios com menores índice de vegetação nativa remanescente são Santa Gertrudes (3,8%), Cordeirópolis (4,3%), Iracemápolis (5,6%) e Rio das Pedras (6,7%). Todas informações são do Sistema de Informações Florestais do Estado de São Paulo – Quantificação da vegetação natural remanescente para os Municípios do Estado de São Paulo – Legenda IBGE – RADAM 2009. Os dados constam do Plano de Bacias para as bacias PCJ 2010-2020.
Segundo dados do mesmo Plano de Bacias, com informações derivadas da interpretação de imagem do satélite Landsat-TM-7 de 2003, 39,06% do território das três bacias eram cobertos por pastagens, 33,61% com cana-de-açúcar, 7,93% por vegetação nativa, 6% por área urbana, 5,90% por culturas perenes, 4% por reflorestamento e 1,47% por corpos d´água (rios, lagos etc). Pequena discrepância em relação ao índice de vegetação nativa apurado pelo Sistema de Informações Florestais de São Paulo, mas de qualquer modo confirmando a baixíssima porcentagem de vegetação nativa remanescente nas três bacias. Um grande desafio para o desenvolvimento sustentável nessa região cada vez mais populosa e ativa em termos econômicos. (Por José Pedro S.Martins)

sábado, 6 de agosto de 2011

Região inspirou Tarsila do Amaral, que aproximou cultura da natureza

O Abaporu (1928), de Tarsila do Amaral, reproduzido em muro externo da EE Governador Mário Covas, em Monte Mor: região reconhece e valoriza obra da pintora de Capivari (Foto Adriano Rosa)



Um dos maiores prejuízos do afastamento do ser humano do meio ambiente foi a separação entre natureza e cultura. Sociedades cultas são as indígenas, que nutrem milenar reverência pela natureza e a vida em geral, ou as sociedades de alto consumo e depredação ambiental? Nesse sentido a construção de uma nova civilização passa necessariamente pela aproximação de natureza e cultura. Essa dimensão não pode ser esquecida no processo de construção de Agendas 21 Locais.
Felizmente a cultura brasileira tem sido embebida em natureza, através dos tempos. E um capítulo importante dessa cultura in natura foi escrito na região de Campinas, particularmente na área da bacia do rio Capivari. Nada menos que o Modernismo foi fertilizado por influências geradas aqui na região. O papel da pintora Tarsila do Amaral nesse sentido foi determinante. Tudo começou assim.
Em 1928 o escritor Oswald de Andrade ganhou um quadro da pintora Tarsila do Amaral e a reação foi espontânea. “É o homem, plantado na terra”, disse Oswald, que já era o autor de “Memórias Sentimentais de João Miramar” e de “Alma”, o primeiro livro da trilogia “Os Condenados”. Oswald também tinha sido o autor do Manifesto Pau–Brasil, de 1924, outro dos vértices do Modernismo brasileiro, “inaugurado”, segundo todos os compêndios escolares, com a Semana de Arte Moderna de 1922, embora manifestações modernistas tivessem ocorrido antes, com Monteiro Lobato.
O fato é que Oswald se encantou com a obra de Tarsila e o quadro foi batizado de Abaporu, ou “o homem que come”, em tupi-guarani. Seria o correspondente a “antropófago”, que também quer dizer o “homem que come” nos vocábulos gregos (antropos= homem, fagia=comer).
Estava nascendo aí o Movimento Antropofagia, um dos vértices mais importantes do Modernismo brasileiro. Conceitualmente, a Antropofagia reflete a capacidade de assimilação, pela cultura brasileira, com tintura local, própria, dos valores culturais estrangeiros. É o ato, enfim, de deglutir e de metabolizar as influências alienígenas, e o resultado é um prato bem brasileiro, com tempero bem tropical.
As cores fortes de Abaporu, e de outras obras importantes de Tarsila, como o próprio Antropofagia, de 1929, sintetizam o ideal modernista de valorizar a cultura local, radicada na terra, em diálogo permanente com o que é diferente. E nesse valorizar da cultura local está obviamente implícita a valorização da exuberante natureza brasileira e, claro, de forma interligada, do povo brasileiro, de suas crenças próprias, muito ligadas às coisas da terra.
Tarsila do Amaral pôde dar a sua imensa contribuição a esses conceitos básicos do Modernismo em função de sua infância na fazenda da família em Capivari, nas proximidades do rio do mesmo nome, que corta uma boa parte da região. Nascida em 1886, Tarsila teve contato, na fazenda de Capivari, com as coloridas festas populares e com uma natureza que ainda não tinha sido tão modificada como aconteceria a partir da década de 1950 na região de Campinas, em função do crescimento desordenado, sem planejamento.
A influência telúrica, extraída dessas raízes, foi reconhecida pela própria Tarsila do Amaral, como a crítica Aracy Amaral acentua em sua obra clássica sobre a pintora, “Tarsila: sua obra e seu tempo”, publicada pela Edusp e Perspectiva, em 1975. Comenta Aracy Amaral: “Criada na fazenda, a menina Tarsila tinha natural predileção pelas cores que lhe falavam do calendário das festas populares do interior paulista: ´Ensinaram-me depois que eram feitas e caipiras. Segui o ramerrão do gosto apurado... mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, tudo em gradações mais ou menos fortes, conforme a mistura de branco`.”
A própria figura insólita do Abaporu, certamente produzida sob os influxos do Surrealismo com que Tarsila se embebedou na Europa, é conseqüência direta dessa vivência caipira, como a pintora igualmente confessou posteriormente. “Compreendi que eu mesma havia realizado imagens subconscientes, sugeridas por histórias que ouvira em criança”, disse Tarsila, nas palavras citadas no mesmo livro de Aracy Amaral e referindo-se às várias lendas típicas da cultura popular do interior paulista.
Nascida dois anos antes da Abolição da Escravatura, Tarsila recebeu a poderosa influência da cultura afro-brasileira. Isto ficou claro em quadros como “A Negra”. Tarsila do Amaral faleceu em São Paulo, em 1973, aos 87 anos. Uma vida longa, de amor à cultura brasileira e sua rica biodiversidade.

A obra de Tarsila é hoje reverencida por todo país. As escolas públicas e particulares sempre estão destacando sua vida e obra como exemplos para os alunos. Na Escola Estadual "Governador Mário Covas", em Monte Mor, por exemplo, algumas de suas obras foram pintadas por alunos nos muros externos, que se transformaram em verdadeira galeria, em função de um projeto apoiado pelo Instituto Arcor Brasil. A vida que imita a arte embebida na legítima cultura brasileira. (Por José Pedro S.Martins)

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vazão no rio Piracicaba melhora, mas situação ainda preocupa: futuro em xeque

Cenário desolador no rio Piracicaba nos últimos dias:

futuro demanda ações regionais integradas






Região precisa se mobilizar para garantir água
para mais um milhão de pessoas nos próximos dez anos




Na úlima quarta-feira, 3 de agosto de 2011, a vazão do rio Piracicaba chegou a 50 metros cúbicos por segundo, no município de Piracicaba. Uma vazão superior aos 44,68 metros cúbicos por segundo observados no dia 26 de julho, na menor vazão do ano até o momento. O aumento da vazão é reflexo das chuvas nos últimos dias, mas a situação continua preocupante, renovando a necessidade de uma maior atenção regional para o estado dos rios das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, sobretudo em épocas de estiagem como a atual.
Em Piracicaba, o aspecto do rio ainda é desolador em alguns pontos, como nas famosas pedras na proximidade do Engenho Central. Pedras descobertas, em comparação com o cenário diferente em outras épocas do ano. A média histórica de vazão no rio Piracicaba entre 1965 e 1996 foi de 143,9 metros cúbicos por segundo.
É absolutamente vital, para o futuro da Regiao Metropolitana de Campinas e toda as bacias do PCJ, um maior envolvimento da sociedade nas ações relacionadas aos recursos hídricos. Atualmente, a demanda de água nos 65 municípios das três bacias é de 36,34 metros cúbicos por segundo, sendo 19,06 m3/s pelo setor urbano, 10,58 pelo segmento industrial e 6,69 para a área agrícola, via irrigação.
Sem ação efetiva de proteção das águas, em termos de qualidade e quantidade, não haverá garantia para satisfazer as demandas futuras, diante do crescimento populacional esperado e de novas atividades econômicas previstas. A projeão contida no Plano de Bacias 2010-2020 do PCJ é que, em 2020, a região tenha quase 6 milhões (cerca de 5,9 milhões de moradores), contra os atuais 5 milhões de moradores. Uma "nova Campinas", com aproximadamente 1 milhão de moradores, será então acrescentada à região em uma década.
O Plano de Bacias prevê uma demanda de 22,63 metros cúbicos por segundo para o setor urbano em 2020 (de acordo com o cenário tendencial projetado), mais uma demanda industrial de 12,17 m3/s e uma demanda para irrigação de 6,81 m3/s, somando 41,61 m3/s. Ou seja, em uma década a demanda aumentará em 5 metros cúbicos por segundo, aproximadamente. De onde sairá essa água, considerando o estresse hídrico já observado na região, e que se agrava muito em períodos de estiagem como o atual? Apenas com muito planejamento, uso muito eficiente da água e planejamento, planejamento e planejamento, com ações integradas e coordenadas, envolvendo setores público, privado e sociedade civil organizada. Um desafio e tanto. (Por José Pedro S.Martins)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pró-reitor da Unicamp denuncia a insustentabilidade nas grandes cidades


Professor Mohamed Habib pediu políticas públicas

para evitar mortes de jovens por homicídios no Brasil

(Fotos Adriano Rosa)



Pró-reitor da Unicamp e jornalista José Pedro Martins

debatem sobre papel do cidadão diante de desafios metropolitanos


Teatro do SESC Campinas praticamente lotado

na exposição do professor Mohamed


A insustentabilidade nos grandes centros urbanos brasileiros, como na Região Metropolitana de Campinas (RMC), foi denunciada pelo biólogo Mohamed Habib, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, durante debate nesta quinta-feira, 4 de agosto, no Teatro do SESC Campinas. O debate sobre Meio Ambiente Urbano: Qualidade de Vida e Harmonia Social integrou o ciclo de palestras "Fala mais sobre isso!", promovido pelo SESC Campinas.

O professor Mohamed Habib observou que a Revolução Industrial provocou uma completa modificação no panorama mundial, sobretudo nos últimos 100 anos, período em que a população passou de 2 bilhões para quase 7 bilhões de pessoas. Uma das radiciais modificações, observou, foi o perfil populacional. Há cinco décadas, mais de 70% da população brasileira viviam na zona rural. Hoje, mais de 80% moram nas cidades, especialmente em grandes centros urbanos, "que não foram preparadas para receber esse fluxo migratório", destacou o biólogo.

As grandes cidades continuam, regra geral, sem planejamento, vivendo apenas do improviso, lamentou o professor Mohamed. Ele entende que a enorme concentração de renda no Brasil é uma razão estrutural para a insustentabilidade nos grandes centros urbanos.

Um dos indicadores mais claros da insustentabilidade, acentuou, é o fato de que todo ano morrem no Brasil entre 40 mil e 50 mil pessoas por homicídio, em sua grande maioria jovens. O pró-reitor da Unimep pediu, então, políticas públicas urgentes para evitar essa grande catástrofe. Citou o caso da aplicação de medidas mais rígidas no trânsito, que a seu ver tem evitado grande número de mortes.

O passivo ambiental nas grandes cidades e o aquecimento global são outros reflexos da insustentabilidade, protestou o professor Mohamed, lembrando que mais de 50% dos gases de efeito-estufa são emitidos pela frota automotiva. Pediu, então, urgência igualmente em medidas para impulsionar o transporte coletivo e outras. "As cidades foram pensadas para que as pessoas vivessem melhor. Mas por que, hoje, na sexta-feira, milhões de pessoas deixam as grandes cidades e vão procurar um lugar mais tranquilo para descansar?", indagou, como um exemplo de que as pessoas estão insatisfeitas com o modo de vida nas grandes cidades.

Maior informação para a cidadania e melhoria na educação são, para o professor Mohamed, caminhos absolutamente estratégicos para a construção de outro formato de cidade, completou. O pró-reitor da Unicamp defendeu, então, uma ampla reforma educacional no Brasil, para que de fato o país que hoje é a sétima economia global não continue sendo o país colocado no lugar de número 69 no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). "Não precisamos apenas de mais médicos, engenheiros ou advogados, precisamos seres humanos melhores", concluiu, para o aplauso geral do público, que quase lotou o Teatro do SESC Campinas.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Macrometrópole de São Paulo a todo vapor, e RMC tem chance histórica com Agenda 21

Por José Pedro Martins



O governo de São Paulo está acelerando os passos para a estruturação da macrometrópole paulista, um gigante de 153 municípios e onde vivem quase 30 milhões de pessoas. Uma nova configuração do espaço, uma nova visão de governança, repleta de desafios e oportunidades. Com o novo cenário que está sendo desenhado, a Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem oportunidade histórica, se transitar para a elaboração de uma pioneira Agenda 21 Metropolitana.

A macrometrópole plenejada pelo governo paulista é formada pelas Regiões Metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, além das Aglomerações Urbanas de Piracicaba, Jundiaí e Região do Vale do Ribeira. Um espaço contínuo imenso. A RMC, que tem 19 municípios, tem uma sinergia especial com a Aglomeração Urbana de Piracicaba, que soma 24 municípios. As duas integram a bacia do Rio Piracicaba, cujos municípios tem muitos interesses comuns.

O governo de Geraldo Alckmin, de fato, tem intensificado a corrida para estruturar a macrometrópole paulista, que em poucos anos se consolidará como um dos principais centros econômicos do planeta. Nesse sentido foi constituída a Câmara de Desenvolvimento Metropolitano. Composta por 11 secretarias e presidida pelo próprio governador, a Câmara foi criada com o objetivo manifesto de “estabelecer a política estadual para as regiões metropolitanas e outras concentrações urbanas de São Paulo”.
No mesmo evento o governador assinou projeto criando a Aglomeração Urbana de Jundiaí, integrada por sete municípios. A Aglomeração Urbana de Jundiaí, quando constituída, vai se juntar às regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, e também às aglomerações em torno de Sorocaba e São José dos Campos, formando a grande macrometrópole paulista. A macrometrópole, com 153 municípios, soma 72% da população e 80% do PIB paulista, ou 27% do PIB brasileiro. Potência maior do que muitos países.

O governo paulista, por meio da Emplasa, também está providenciando o mapeamento digital da macrometrópole. Segundo a empresa, será executado o "mapeamento terrestre básico da Macrometrópole, na escala 1:10 000, gerando informações geoespaciais padronizadas, atualizadas e confiáveis de uma área de 55 000 km², compondo uma base territorial de apoio à gestão pública e às ações de governo".

Alckmin sabe que é enorme o desafio de gestão eficiente da macrometrópole, território de enorme complexidade mas que, também, terá papel central no mundo globalizado. O futuro energético, de logística e das novas (bio-nano-info) tecnologias do Brasil e da América Latina passa pelo que acontecer na macrometrópole paulista.

A governabilidade da macrometrópole paulista será fundamental para o futuro das metrópoles brasileiras. Atualmente, em 2% do território brasileiro se espremem mais de 40% da população nacional, os moradores das regiões metropolitanas. A RMC é desses casos.
Entretanto, ainda não existe governança adequada para as metrópoles brasileiras. A Constituição de 1988 e nem o Estatuto da Cidade previram isso. A configuração jurídica e política dos municípios de áreas metropolitanas é a mesma que a de gigantesco município com população reduzida, como em casos no Centro-Oeste e Amazônia, ou a de pequeno município com pequena população.

A governança das metrópoles representa, então, enorme desafio. O que dirá, então, a governança da macrometrópole. Será essencial um diálogo em bases republicanas entre governo estadual, governos municipais, parlamentos estadual e municipais e a sociedade civil organizada para que a governança ocorra. O governo federal também tem o seu papel.

Neste contexto, a Região Metropolitana de Campinas tem oportunidade histórica, se evoluir a ideia de formulação de uma Agenda 21 Metropolitana, que seria a primeira no pais. Uma Agenda 21 que considere a realidade, os desafios e o futuro de áreas estratégicas como saúde, educação, transportes, meio ambiente e ciência e tecnologia, entre outras.

A estruturação da macrometrópole paulista pode abrir muitas oportunidades. Já está se falando de um trem regional, por exemplo. Mas existem situações para as quais a cidadania precisa ficar muito atenta. Como ficará o abastecimento de água e o saneamento na macrometrópole? Como será a gestão dos resíduos, considerando que não há mais áreas disponíveis para novos aterros sanitários? Como poderá ser alcançada a melhoria da educação, absolutamente vital para o desenvolvimento sustentável nesse gigante metropolitano?

Perguntas cujas respostas dependem de muitos fatores e sobretudo de planejamento, de ações intersetoriais, integradas, multidisciplinares. A RMC pode contribuir, se evoluir a ideia de uma Agenda 21 Metropolitana, que poderia ser um modelo para as demais áreas extremamente conurbadas de São Paulo. A proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e a realização da Copa de 2014 são eventos que podem alimentar a discussão sobre o futuro da macrometrópole e, em particular, a organização de territórios específicos como a RMC. Há muito em jogo, é uma questão para a qual a cidadania em geral deve ficar muito atenta.


(José Pedro Martins é jornalista e escritor, autor entre outros dos livros "Agenda 21 Municipal na Região Metropolitana de Campinas", de 2002; "Agenda 21 Regional", em co-autoria com Paulo Rochedo, 2004; "Agenda 21 Local para uma Ecocivilização", 2005; e "Região Metropolitana de Campinas, do nascimento à maturidade", 2008.)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Meio ambiente urbano é tema de debate no SESC-Campinas dia 4 de agosto

Meio Ambiente Urbano: Qualidade de Vida e Harmonia Social. Este é o tema do debate que acontece nesta quinta-feira, dia 4 de agosto, a partir das 14 horas, no Teatro do SESC-Campinas (rua D.José I, 270/333 - Bonfim, Campinas), com entrada grátis. O principal conferencista será o pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, o biólogo professor Mohamed Habib. O evento faz parte da série de encontros no SESC-Campinas, batizada de "Fala Mais sobre isso!"

O evento desta quinta-feira inclui a apresentação de um case sobre Cooperativismo e reciclagem, com a participação de José Ronaldo Salles Fernandes, do Centro de Referência em Cooperativismo e Associativismo (CRCA), e Valdecir Aparecido Viana, presidente da RECICLAMP - Central Solidária de Vendas. O jornalista José Pedro Martins faz a mediação do encontro.

O propósito geral do evento é a discussão sobre o que significa ter qualidade de vida e harmonia social em um ambiente urbano, considerando aspectos como consumo de recursos naturais e energia e destinação de resíduos. Maiores informações: (19) 3737.1500.

O professor Mohamed Habib é uma das principais referências em sustentabilidade na região de Campinas e bacia do rio Piracicaba. Recebeu entre outros o título de "Grande Defensor da Ecologia", concedido pela Câmara Municipal de Campinas (SP), nos termos do Decreto Legislativo nº 205 de 04 de julho de 1984 e recebido durante uma cerimônia no dia 22 de janeiro de 1985. Do mesmo modo, como co-autor do "Manual Direitos Humanos No Cotidiano", obra pioneira inspirada pela Declaração dos Direitos Humanos da ONU, recebeu do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, a Medalha "Direitos Humanos, o Novo Nome da Liberdade" em novembro de 1998. Recebeu, ainda, o Título de "Cidadão Campineiro", concedido pela Câmara Municipal de Campinas (SP), nos termos do Decreto Legislativo nº 1.283 de 20 de dezembro de 1999. E foi Personalidade Brasil 500 anos, Título Honorífico concedido pelo Centro Empresarial Cultural do Estado de São Paulo, no dia 12 de junho de 2000.