quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Guaranésia, na região, foi pioneira no cinema brasileiro

O cinema brasileiro ainda luta para alcançar sua maturidade no início do século 21, mas não é por falta de esforço de pessoas e grupos que ainda permanecem praticamente anônimos para a maioria da população. Pois Guaranésia, no Sudoeste de Minas, tem seu nome inscrito em letras de ouro nos momentos de pioneirismo do cinema nacional. Nos anos 20, a cidade sediou o chamado Ciclo de Guaranésia, repetindo o fenômeno que ocorreu em outras cidades brasileiras, como o Ciclo de Cataguases (de Humberto Mauro e outros), também em Minas Gerais.
Os irmãos Masotti foram os responsáveis pelo Ciclo de Guaranésia. Américo e Carlos Masotti, filhos de imigrantes italianos, foram os realizadores de "Guaranésia Pitoresca", documentário de cerca de 10 minutos de duração, provavelmente de 1924, e "Corações em suplício", longa exibido pela primeira vez a 7 de janeiro de 1926 no Theatro Rio Branco, propriedade da Empresa Bartolomeu Lauria em Guaranésia.
O Cine Rialto, no Rio de Janeiro, e os cines América, Avenida, Floresta, Odeon e Pathé, da Empresa Gomes Nogueira em Belo Horizonte, foram os próximos espaços de exibição de "Corações em suplício", que teve Roberto Rodrigues, a portuguesa Lilian de Loty e o italiano Eugênio Centenaro como principais protagonistas. Fernando Máximo, gerente do Banco Campos, Lima & Cia, assinou a produção do filme. O museólogo Ivan David, de Guaranésia, vem se dedicando a documentar a história dos irmãos Masotti e outros aspectos da história local.
Monte Santo de Minas e São Sebastião do Paraíso também tiveram locações de documentários assinados pelos irmãos Masotti. Antes de Guaranésia, os Masotti moravam em Muzambinho. Eugenio Centenaro, que acrescentou um Kerrigan a seu nome ao se apresentar como diretor americano (depois foi desmascarado), ainda produziu filmes em Campinas (o faroeste "Sofrer para gozar") e São Paulo. Um nome que daria grande personagem para um filme de sucesso nos cinemas brasileiros e no exterior. Enfim, histórias ocultas do cinema brasileiro, que teve um dos seus pilares na região, em Guaranésia.

Um comentário: