segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Moradia sustentável é tema de debate no SESC-Campinas dia 10 de novembro

Sanae Murayama Saito, presidente do Sindivarejista Campinas,

e Olivia G.Janequine, do grupo Trocas Verdes, no debate de outubro

(Foto Adriano Rosa)


A moradia sustentável é viável? Este é o tema do bate-papo que acontece dia 10 de novembro, a partir das 14 horas, no SESC-Campinas, como parte da série “Fala mais sobre isso!” A viabilidade da moradia sustentável nos cenários da metropolização será discutida pelo engenheiro Rodolpho Schmidt, idealizador do Programa Madeira Urbana, que tem como objetivo certificar produtos que utilizam madeiras provenientes de reaproveitamento, queda, poda ou cortes autorizados de arvores que compõem a paisagem urbana e rural.
Também participa do evento a arquiteta Maíra Del Nero, do Escritório Cria Arquitetura, que trabalha com arquitetura sustentável e já recebeu o Prêmio Planeta Casa, da Casa Cláudia. A série Fala mais sobre isso! propõe uma reflexão multidisciplinar sobre vários aspectos relacionados ao viver em contextos metropolitanos. As atividades serão no Teatro do SESC. A entrada é grátis.

Consumo consciente - Em outubro, no dia 6, o tema da conversa foi A Infância e o Consumo Consciente. O tema geral foi apresentado pela antropóloga Olivia G.Janequine, do grupo Trocas Verdes. Trata-se de um grupo criado em 2007, por um conjunto de pessoas incomodadas com a atual relação de produção e consumo de alimentos no mundo e, em particular, em Campinas e região. O Trocas Verdes está baseado em princípios da economia solidária, da autogestão, da soberania alimentar, e preocupado com o sabor dos alimentos, assim como com a saúde do corpo e do planeta.
Em seguida, foi apresentado o Projeto Conexão Social Sindivarejista, que leva educação para sustentabilidade a alunos, professores, comerciantes e moradores da região. O objetivo final é fazer a conexão entre fornecedores e consumidores, possibilitando a construção de uma ética mais coletiva e de um novo olhar sobre a relação entre cidadania e hábitos de consumo sustentável. O Conexão Social foi premiado pelo Projeto Cidadão, em parceria entre a Rede Anhanguera de Comunicação (RAC) e a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). Foi também finalista do III Prêmio FGV-EAESP de Responsabilidade Social no Varejo, na categoria Entidade Varejista. A premissa do Conexão Social é que a educação para a sustentabilidade começa no orçamento familiar, no comércio local e no dia-a-dia do cidadão.

domingo, 30 de outubro de 2011

Interesses políticos e econômicos e déficit de cidadania metropolitana dificultam avanços ambientais e sociais na RMC



Rio Piracicaba, na cidade do mesmo nome, virou questão política e fonte de mobilização: exemplo para a RMC




Por José Pedro Martins



Há pouco mais de um mês, a 26 de setembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou o ranking das cidades e regiões mais poluídas do planeta. A Região Metropolitana de Campinas (RMC) figura como a terceira mais poluída do Brasil, atrás somente das regiões do Rio de Janeiro e Cubatão. A RMC está à frente da Região Metropolitana de São Paulo, de acordo com os critérios utilizados pela OMS para mensurar os níveis de poluição.

Os critérios da OMS podem ser criticados, na medida em que são considerados somente os componentes atmosféricos, que são sem dúvida essenciais para indicar a qualidade de vida e condições de saúde em uma grande cidade. No caso da RMC, ela apresentou 39 microgramas de poluentes por metro cúbico de ar, contra 38 microgramas na Grande São Paulo. O recomendado pela OMS é de no máximo 20 microgramas. Se forem considerados outros parâmetros ambientais, por exemplo qualidade da água dos rios, o ranking provavelmente seria diferente. Veja-se o caso do rio Tietê na Grande São Paulo e de trechos dos rios Piracicaba, Atibaia e Quilombo na RMC.

De qualquer modo, o fato da RMC figurar em estudo da respeitadíssima OMS já deveria ser em si um motivo de grande alerta, de gigantesco alerta, sobre a situação ambiental da Região Metropolitana de Campinas, o que aliás já vem sendo advertido há anos por ambientalistas e alguns cientistas. O polo petroquímico de Paulínia e a frota automotiva são alguns dos ingredientes apontados como responsáveis pela posição da RMC no ranking da OMS, mas não pode ser negligenciada, entre outros fatores, a lamentável destruição das florestas nativas na região, que tem menos de 5% de sua vegetação original. A ausência de vegetação significativa naturalmente interfere na má qualidade do ar.

Entretanto, apesar de a região aparecer em terceiro lugar no triste ranking houve repercussão muito modesta na RMC sobre o estudo. Este é um grande risco, o "acostumar-se" a uma situação crítica, de perigo para a saúde de muitos, assim como já ocorre, infelizmente, com o descalabro da violência no país. Há uma revolta mais ou menos localizada, quando acontece um crime bárbaro, mas a indignação com a insegurança ainda não se transformou em movimento de massa, decisivo, para reverter o quadro de horror.

O mesmo pode ser dito, infelizmente, em muitos casos na área da degradação ambiental. Em Piracicaba, a péssima situação do rio gerou um forte movimento nos anos 80, o que levou à criação de organizações e mecanismos para melhorar a qualidade e quantidade das águas. A crítica situação do rio foi transformada em fato político, levando os órgãos dirigentes a tomar posição.

Na RMC, isso ainda não ocorreu na dimensão desejada. Com as raras e honrosas exceções de sempre, de pessoas e organizações que pensam a região, ainda não existe na prática uma cidadania metropolitana consolidada e abrangente, um movimento forte no sentido de identificar a importância da região discutir e efetivamente tomar medidas concretas conjuntas, integradas, intermunicipais. É fundamental ampliar essa cidadania metropolitana, pois do contrário continuarão prevalecendo interesses políticos e econômicos que têm dificultado avanços ambientais e sociais na região.

A RMC tem um dos principais polos de ciência e tecnologia do Brasil, tendo portanto enorme potencial para propor e colocar em prática alternativas em várias áreas, como energia, transportes, reciclagem de resíduos. Por exemplo, há anos o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) domina a tecnologia de compostagem de resíduos, mas essa técnica ainda não foi incorporada em grande escala no conjunto dos 19 municípios da RMC, que já enfrenta problemas sérios em destinação adequada do lixo doméstico. Outros exemplos poderiam ser citados, em relação à distância entre o capital de ciência e tecnologia da RMC e sua aplicação prática em benefício da melhoria da qualidade de vida regional.

Do mesmo modo, a RMC tem muitas importantes empresas que já incorporaram cuidados ambientais em seus processos. Nesta semana a revista "Newsweek" divulgou o ranking das 100 companhias internacionais que poderiam ser consideradas as mais "verdes", por suas práticas ambientais. Pelo menos 20 delas têm unidades e/ou negócios na RMC.

Se a RMC tem, então, índices de excelência em tecnologia, práticas ambientais em empresas, ONGs que atuam na área, por que, então, as condições ambientais se degradam? Além dos ingredientes já indicados, pode ser apontada a falta de uma maior articulação regional, um consenso sobre que medidas devem ser tomadas a curto, médio e longo prazos. Esforços importantes têm sido feitos, por exemplo na esfera da Agemcamp, mas ainda falta um longo caminho a percorrer para a arquitetura de maiores avanços sociais e ambientais na região. Tomara que dê tempo e que a região não "se acostume" com o que já é critico e perigoso. (José Pedro Martins é jornalista e escritor, autor entre outros livros de "Terra Cantata - Uma história da sustentabilidade" e "Agenda 21 Municipal na Região Metropolitana de Campinas - Um roteiro desenhado no Correio Escola".)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Região de Campinas não pode ficar de fora da Rio+20




Queimada na APA de Campinas, ao lado do rio Atibaia, fundamental para o abastecimento de água na região: RMC precisa acelerar debate sobre modelo de desenvolvimento sustentável

Por José Pedro Martins


A Região Metropolitana de Campinas (RMC) está absolutamente atrasada em termos de preparação para sua participação na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho de 2012 no Rio de Janeiro. São vários motivos pelos quais é fundamental uma participação articulada, organizada e integrada da RMC na Rio+20, que fará uma espécie de balanço dos últimos 20 anos em termos de sustentabilidade e tentará indicar caminhos futuros.

A Rio+20 discutirá dois temas centrais. Em primeiro lugar, a economia verde aliada à erradicação da pobreza como um grande objetivo global. O segundo tema é a busca de uma governança global para promover o desenvolvimento sustentável. No próximo dia primeiro de novembro os países devem encaminhar as suas propostas oficiais para a Rio+20. O governo brasileiro já sinalizou que fará propostas justamente no sentido de aliar o desenvolvimento sustentável com erradicação da pobreza.

Uma consulta promovida pelo Ministério do Meio Ambiente mostrou que a sociedade civil e as ONGs desejam que o Brasil assuma um papel de protagonista na Rio+20. (De fato, o Brasil, a sociedade civil planetária e as ONGs são essenciais para "salvar" a Rio+20, no momento um pouco esvaziada pela crise econômica que está sendo considerada prioritária pelos governos dos países chamados centrais. Ver artigo em http://esporteesustentabilidadenobrasil.blogspot.com/)

Considerando os dois temas centrais, a RMC não pode ficar de fora de jeito nenhum da Rio+20. Uma das principais características da Região Metropolitana de Campinas é sua vocação tecnológica, por sediar importante polo de ensino, pesquisa e desenvolvimento. Pois a tecnologia é central, fundamental, para a promoção da economia verde.

Avanços tecnológicos em áreas como energia renovável, por exemplo, são essenciais para uma transição global para a economia verde. A questão da transferência de tecnologia e a cooperação em tecnologia é outro ponto sensível. Não adianta falar em uma economia verde, em sustentabilidade, se os países mais pobres não têm acesso às tecnologias que permitirão a transição desejada.

A RMC já tem várias empresas, cientistas e organizações atuando em setores como energia, transporte, educação e outras, apontando para a estruturação de uma economia verde. Pode, então, apresentar uma proposta conjunta, a ser levada à Rio+20, sobre como regiões metropolitanas com perfil de alta tecnologia podem contribuir para a edificação de um novo modelo de desenvolvimento. O futuro da RMC passa pelos avanços em alta tecnologia, e pela transformação do potencial tecnológico da região em melhorias para todos os seus moradores.

Do mesmo modo, a questão do combate à pobreza interessa e muito à RMC. A renda per capita e os indicadores econômicos são muito altos na RMC em comparação a outras regiões brasileiras e mesmo a outros países inteiros. Entretanto, persistem muitos bolsões de pobreza e miséria na região, a desafiar um desenvolvimento de fato includente, integrado. A RMC pode apresentar propostas importantes nessa linha, sobretudo incorporando a melhoria da educação como plataforma para o desenvolvimento sustentável.

E em termos de governança para a sustentabilidade a RMC também pode contribuir. Grande parte da população brasileira e mundial já vive em metrópoles e mesmo megalópoles. No Brasil, em particular, não existe ainda uma governança adequada para o viver em metrópoles. O aparato legal e institucional vigente não contempla essa realidade inequívoca. A RMC, com seu perfil de alta tecnologia e importante ação da sociedade civil, pode transitar para um sistema inovador de governança, que seja modelo para outras regiões.

No estado de São Paulo está em curso a rápida estruturação da macrometrópole, envolvendo as regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, Baixada Santista e do Vale do Paraíba/Litoral Norte, em fase de criação, além das aglomerações urbanas de Jundiaí, Piracicaba e Sorocaba, em fase de estruturação. Como será a governança da macrometrópole? É uma questão séria a ser pensada. Mais um motivo para a RMC estar muito preparada em termos de governança, tendo em vista a Rio+20 e seu próprio futuro.

História - Na Eco-92, em junho de 1992, no Rio de Janeiro, a região de Campinas teve uma participação relevante. O jurista Paulo Affonso Leme Machado, que já atuou como promotor público em Piracicaba e Campinas, e com grande ação regional, foi uma referência na área de direito ambiental na Eco-92, assim como continua sendo em qualquer debate sobre sustentabilidade. Outro ponto importante foi o impacto na Conferência da mobilização que ocorria na região, contra a instalação de uma termelétrica a resíduo ultraviscoso de petróleo, projetada para Paulínia, um claro exemplo, na época, de iniciativa insustentável.

A mobilização sensibilizou até ONGs japonesas que atuaram na Conferência, pois existia a forte possibilidade de uma agência japonesa financiar o projeto da termelétrica. Pois durante a Rio ou Eco-92 o então governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho, questionado sobre o projeto pelo autor deste artigo, anunciou diante da imprensa internacional que estava retirando o projeto da termelétrica.

E também participou ativamente da Eco-92 o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari (depois também do rio Jundiaí), que havia sido criado em 1989. A região já se projetava como um modelo em nova governança da questão das águas, o que acabou se refletindo nas leis paulistas e federal de recursos hídricos.

Nos últimos 20 anos, a RMC cresceu muito em termos populacionais e econômicos, em médias muito superiores às de outras regiões brasileiras, mas isso não significou necessariamente melhorias em termos de respeito ao meio ambiente e inclusão social para todos, pelo contrário. Os altos índices de violência no período são exemplo disso. Como deve ocorrer com todo Brasil e a comunidade internacional, a RMC pode chegar na Rio+20 disposta a mudar esse quadro, com propostas corajosas e inovadoras. A participação na Eco-92 indicou que a região tem muito a contribuir. Agora, pode muito mais.

(José Pedro Martins é jornalista e escritor, autor de livros como "A Década Desperdiçada - O Brasil, a Agenda 21 e a Rio+10", "Agenda 21 local para uma ecocivilização", "Terra Cantata - Uma história da sustentabilidade" e "RMC do tamanho do Chile no coração do Brasil - Região Metropolitana de Campinas decola com a Agenda 21 no rumo das Ecocidades")

sábado, 22 de outubro de 2011

Falta uma crítica de mídia no Brasil

No espaço de poucos dias morreram (dia 5 de outubro) Steve Jobs, um dos pilares da revolução tecnológica-midiática contemporânea, e (18 de outubro) Friedrich Kittler, o teórico de literatura e “historiador da mídia”, como o alemão se auto-definia. Dois ícones de uma era que ainda está em gestação e cujos destinos são absolutamente imprevisíveis.
Kittler foi muito cético em relação ao poder do computador sobre o ser humano, “um servo das mídias”, na sua expressão. Para ele, a redução de tudo, pelo computador, à fórmula binária, de zero e um, indica uma vocação hegemônica e autoritária. Em “Grammophon. Film. Typewriter” (Gramofone. Filme. Máquina de Escrever), ele dissecou essa “serventia” da sociedade contemporânea em relação às mídias.
A obra de Kittler foi e continuará sendo, claro, contestada em muitos pontos. “1984”, de Orwell, é um dos exemplos do pessimismo de vários intelectuais a respeito do poder da máquina sobre o ser humano. Um futuro sombrio, sem alegria e esperança, seria o caminho que estaria sendo trilhado. Mas a realidade é muito mais complexa, e previsões semelhantes já foram derrubadas. A historia não é linear, ela vai e volta, e o potencial de contestação, de inquietação, no humano ainda não foi morto, com certeza. É possível continuar se rebelando e encontrando alternativas. O movimento atual por democracia global é exemplar nesse sentido.
E é o caso da mídia, que sem dúvida exerce cada vez mais um poder impressionante. Há muito deixou de ser o “quarto poder” para ser provavelmente o primeiro, ou no mínimo o segundo. O Executivo e o Legislativo são hoje muito vigiados e mais ou menos controlados, pela força da opinião pública e da própria mídia, mas quem vigia a mídia? É bom que ela seja vigiada e/ou controlada? Claro que não deve ser controlada, mas é ótimo, fundamental, que a opinião pública esclarecida, informada e muito bem educada esteja sempre atenta para que a mídia, quando extrapole, faça o seu mea culpa, o que sabemos ser algo muito difícil. Existe uma certa tendência para a arrogância por parte de segmentos, frações, da mídia. Seria saudável, muito construtivo, se a mídia toda fosse mais autocrítica.
Isso apenas acontecerá com o que foi escrito, maior atenção e postura crítica da opinião pública, da sociedade civil, do cidadão na interface com a mídia. Muito pode contribuir para essa diálogo/reflexão salutar a existência de uma crítica de mídia mais ampla e de fato crítica. Aí é que Kittler e outros pensadores entram, com suas indagações sobre o poder da mídia. Se pode haver exagero em algumas dessas reflexões, no sentido de que o poder midiático seria absoluto, o que não é, é desejável, imprescindível, que esse tipo de questionamento continue ocorrendo, particularmente em países como o Brasil, onde o índice de leitura é muito baixo, a qualidade da educação não é satisfatória e, consequentemente, a força de reação da cidadania ainda distante, mas muito distante do ideal.
É urgente a dilatação e propagação de uma crítica de mídia no Brasil, como já ocorre com a crítica literária, das artes em geral, entre outros campos. Críticos ferinos e contundentes de mídia, apontando equívocos e armadilhas mas também indicando saídas e possíveis rotas de fuga, são uma demanda imperativa para o avanço da cidadania ilustrada no Brasil. Crítica de mídia mais forte (já existem críticos interessantes, mas é preciso muito mais) é um alimento essencial para que se materialize na prática, em transformações positivas e construtivas para a sociedade e a cultura, o gigantesco potencial que consigo traz a revolução da tecnologia da informação e comunicação em curso. (Por José Pedro Martins)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Reforma politica é a mais urgente reforma para o Brasil mudar e ser bom para o seu povo

A um ano das próximas eleições municipais, o noticiário continua marcado pelos temas de sempre: denúncias de corrupção, mudanças de partidos, alterações de rota ideológica, crimes ambientais, filas intermináveis nos hospitais, baixa qualidade na educação e, depois de algum tempo, greves que afetaram a vida de quase todos os brasileiros. Mudam os personagens, mas o roteiro é o mesmo.
Por outro lado, no dia 15 de outubro em algumas cidades brasileiras repercutiu o movimento global por democracia, verdadeira democracia, social, política, econômica, a partir da iniciativa que começou com os jovens espanhóis na Porta do Sol, em Madri. No local que já representou o poderio espanhol sobre grande parte do planeta, o começo de um movimento que, na prática, é mais um momento da idéia (que não é nova) de união dos povos pela paz e a felicidade.
O movimento global por mudanças tem tudo a ver com o cenário descrito no primeiro parágrafo deste artigo. Grande parte dos países vive a mesma situação do Brasil e um dos principais motivos é muito claro: as atuais instituições políticas, nascidas quase todas no século 19, em nada mais representam o estágio da sociedade planetária do século 21. A democracia representativa, baseada em eleições a cada quatro anos, não é com certeza a forma que melhor espelha as demandas e a realidade da comunidade global.
As mudanças tecnológicas têm sido tão rápidas, os mecanismos massivos de participação – como as redes sociais – avançam tanto, as situações de injustiça econômica são tão evidentes, os crimes e riscos ambientais tão perigosos, que as estruturas políticas vigentes não dão conta dos profundos anseios da maioria dos povos. Como se viu há alguns meses, até em países do Oriente Médio, com situações políticas tradicionalmente tão monolíticas, o desejo por mudanças profundas já chegou com força às praças públicas.
E o mesmo contexto, claro, se repete no Brasil, que necessita de uma reforma política ampla, geral, irrestrita, para que o país mude de fato pelo bem de seu povo. A autonomia dos municípios, projetada pela Constituição de 1988 e implementada por meio de políticas importantes, representa na prática uma ficção, se continuar a dependência dos municípios dos poderes centrais, e principalmente da União. Os estados do Nordeste e Norte na Câmara dos Deputados continuam sobrerrepresentados por suas bancadas, em relação aos estados do Sul e Sudeste mais populosos. As bancadas do Sul e Sudeste, por sua vez, continuam mais fortes politicamente, o que impede o avanço mais rápido da desejada regionalização do desenvolvimento. Na esfera municipal, multiplicam-se os casos de insatisfação popular com a conduta de prefeitos e vereadores. E no âmbito estadual, os governadores continuam muito fortes, geralmente controlando as Assembleias Legislativas, o que em muitos casos impede a aprovação de projetos de grande alcance social apresentados pelos partidos de oposição. Não se esquecendo do fato de que grande parte dos brasileiros, talvez um terço deles, já vive em regiões metropolitanas, que não têm mecanismos realmente eficientes de gestão – nem o avançado Estatuto das Cidades resolveu esse descompasso entre a realidade metropolitana e a forma adequada de sua gestão.
Muito mais poderia ser dito em relação à configuração arcaica das instituições políticas brasileiras vigentes. O fato é que, ao lado da democracia representativa, é inevitável a transição até uma democracia participativa, por exemplo com o fortalecimento dos conselhos municipais e mecanismos como audiências públicas e leis de iniciativa popular, entre outros canais. O movimento global por democracia tem como pano de fundo a justa crítica à ordem econômica mundial, marcada pelo domínio de grandes corporações, financeiras e industriais. Mas ele apenas terá sucesso se o desejo global por mudanças se traduza em alterações concretas nas instituições políticas.
O mesmo no caso específico do Brasil. Sem mudanças profundas na arquitetura política, continuará o filme já visto, caracterizado por “cenas” e “planos” como a prioridade dos ocupantes de cargos executivos ou legislativos pela sua própria reeleição, em detrimento dos interesses gerais da população. E eleição e reeleição no Brasil, como se sabe, custa muito caro, não está ao alcance da imensa maioria dos cidadãos. Sem a reforma política, na realidade sem uma revolução completa nas estruturas políticas vigentes, o Brasil não dará saltos maiores em benefício do seu povo. O resto é pura conversa mole. (Por José Pedro Martins)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Região de Campinas se prepara para reunião com governador Alckmin

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) está se preparando para a reunião coletiva com o governador Geraldo Alckmin, que acontece no próximo dia 11 de novembro. Será a oportunidade para a apresentação de grandes reivindicações regionais ao governador, que por sua vez irá indicar as linhas de seu governo para a RMC, em pleno processo de aceleração da estruturação da macrometrópole paulista. O orçamento paulista para os próximos anos está em discussão.

O governador Alckmin adotou o estilo do governo itinerante durante o seu primeiro mandato, entre 2001 e 2005, mas a prática foi suspensa pelo seu sucessor, José Serra. Agora ele retoma a iniciativa, que segundo ele aproxima o governo da sociedade paulista. A primeira sessão do governo itinerante foi em abril, no Vale do Ribeira, região mais pobre do estado.

Muitas reivindicações devem ser apresentadas a Alckmin na reunião em Campinas, nas áreas de educação, transporte, saúde, meio ambiente e outras. O projeto do trem de alta velocidade, o chamado trem-bala, entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, a ampliação de Viracopos, a crítica situação da água na região e a renovação da outorga do Sistema Cantareira, em 2014, devem estar na pauta, ao lado de questões como pedágios nas rodovias paulistas e outras.

O governador Alckmin está impulsionando o processo de estruturação da macrometrópole paulista, que irá unir a RMC às Regiões Metropolitanas de São Paulo e Baixada Santista, além da do Vale do Paraíba e Litoral Norte, em fase de criação. Com a macrometrópole, muitos assuntos de abrangência nesse gigantesco tecido urbano serão planejados de forma conjunta. Daí a necessidade de muita atenção da cidadania paulista para essa nova etapa da organização institucional em território estadual. (Por José Pedro S.Martins)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Governo de São Paulo acelera processo de estruturação da macrometrópole paulista: desafios para a cidadania

O governo de São Paulo está acelerando o processo de estruturação da macrometrópole paulista, que será uma das maiores do planeta. O passo mais recente foi o envio para a Assembleia Legislativa do projeto criando a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Com a criação de mais essa região metropolitana, estará praticamente institucionalizada a macrometrópole paulista, que será composta ainda pelas regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, já criadas, e pelas aglomerações urbanas de Jundiaí, Sorocaba e Piracicaba, também em processo de estruturação.


A Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte será composta por 39 municípios. Será dividida em cinco sub-regiões (São José dos Campos, Taubaté, Guaratinguetá, Cruzeiro e Litoral Norte). Seguirá praticamente o mesmo modelo das demais regiões metropolitanas, tendo o Conselho de Desenvolvimento Metropolitano, formado pelos municípios e representantes do Estado, como principal órgão.


Com a macrometrópole, o planejamento em vários setores - transportes, meio ambiente, educação, saúde, entre outros - será feito considerando esse gigante tecido intermunicipal. É fundamental que a cidadania paulista esteja atenta para este processo, procurando participar de todas as etapas. O projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV), por exemplo, ligando Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, necessariamente será mais discutido com a estruturação da macrometrópole. (José Pedro S.Martins)


A INFÂNCIA E O CONSUMO CONSCIENTE NA REGIÃO EM DEBATE NO SESC-CAMPINAS

Debate de agosto, no SESC-Campinas: grande público

tem presenciado as discussões

A infância e o consumo consciente. Este é o tema do bate-papo que o SESC-Campinas sedia no próximo dia 6 de outubro, quinta-feira, a partir das 14 horas, dentro da série “Fala mais sobre isso!”. O evento será um momento privilegiado para o debate sobre os hábitos de consumo em geral das crianças e cidadãos em geral, considerando o embate entre as tradições culturais e os parâmetros do consumo consciente, responsável ou sustentável.
Os expositores estão envolvidos em alguns dos principais grupos que lidam com o consumo consciente na região de Campinas. Ó tema geral será apresentado pela antropóloga Olivia G.Janequine, do grupo Trocas Verdes. Trata-se de um grupo criado em 2007, por um conjunto de pessoas incomodadas com a atual relação de produção e consumo de alimentos no mundo e, em particular, em Campinas e região. O Trocas Verdes está baseado em princípios da economia solidária, da autogestão, da soberania alimentar, e preocupado com o sabor dos alimentos, assim como com a saúde do corpo e do planeta.
Em seguida, será apresentado o Projeto Conexão Social Sindivarejista, que leva educação para sustentabilidade a alunos, professores, comerciantes e moradores da região. O objetivo final é fazer a conexão entre fornecedores e consumidores, possibilitando a construção de uma ética mais coletiva e de um novo olhar sobre a relação entre cidadania e hábitos de consumo sustentável. O Conexão Social foi premiado pelo Projeto Cidadão, em parceria entre a Rede Anhanguera de Comunicação (RAC) e a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). Foi também finalista do III Prêmio FGV-EAESP de Responsabilidade Social no Varejo, na categoria Entidade Varejista. A premissa do Conexão Social é que a educação para a sustentabilidade começa no orçamento familiar, no comércio local e no dia-a-dia do cidadão. As atividades na quinta-feira, 6 de outubro, serão no Teatro do SESC-Campinas. A entrada é grátis.