Antigo Grupo Escolar Minas Gerais, atual Escola Estadual Minas Gerais
ITAMOGI, PEDRA E RIO, FORÇA E LEVEZA NA ALMA
Itamogi, em língua indígena, é pedra e é rio. Rio das pedras, portanto. Força e leveza na alma. Povo forte e leve. Leve como as águas dos rios que cortam ou nascem no município, localizado na confluência de duas importantes bacias, a do rio Grande e a do Sapucaí-Mirim.
Muitas águas, muitas matas na origem do povoamento da região, onde predomina a vegetação de cerrado, hoje muito alterado. Como tantos outros municípios do Sudoeste mineiro, o território correspondente atualmente a Itamogi estava localizado em Vila Rica (hoje Ouro Preto), um dos três primeiros municípios de Minas Gerais - os outros dois, Vila do Carmo e Vila de Sabará.
Consta que o primeiro desbravador da região foi Antônio Gonçalves da Costa, o "Gronga", que se estabeleceu na região com os filhos Vicente e Bernardino. Com o apoio da mão-de-obra escrava, eles foram os primeiros a implantar a agricultura local.
Depois vieram outros pioneiros. Por volta de 1872, foi erguida uma capela em honra de São João Batista, que se tornaria o padroeiro. Iniciativa de João Pereira Silva e José Furtado de Medeiros. A data oficial de fundação é exatamente 24 de junho de 1872. Oito anos depois o primeiro pároco nomeado, o padre João da Fonseca Neto. Outro padre João, Alberto Deleglise, vindo da França, posteriormente faria fama em Itamogi, onde ficou por décadas até o falecimento.
A 22 de junho de 1882 foi criada a Freguesia de Posses, ligada ao município de São Sebastião do Paraíso. A 22 de junho de 1890, pelo Decreto 152, foi criado o Distrito de Posses, confirmado pela Lei estadual 2, de 14 de setembro de 1891.
Em 1901 o Distrito de Posses passou a ser vinculado ao município de Monte Santo de Minas. A autonomia viria com a criação da Vila e consequente instalação da primeira Câmara Municipal, a 17 de junho de 1924, já com o nome de Arari. O primeiro presidente foi o coronel Lucas Caetano Vasco.
O nome Itamogi apareceria em 1943, com a criação do município, pelo decreto-lei estadual 1058. Nome derivado do Rio das Pedras, um dos cursos d´água que corta o município, que soma 236 quilômetros quadrados de área. Na segunda metade do século 20 a cultura do café se consolidou em município, como em toda região, com o impulso dos trilhos da Mogiana, hoje infelizmente desativados.
A estimativa da população em 2009 era de 11.218 moradores, segundo o IBGE. Em 2010 o município de Itamogi é vinculado à Diocese de Guaxupé, em termos da divisão administrativa da Igreja Católica no Brasil. O prefeito é Janoário Arantes (eleito em 2008), sucessor de Osmair Martins, que ficou no cargo oito anos consecutivos (e teve mais um mandato anterior, entre 1993 e 1996).
SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO, CIDADE DOS IPÊS, FLORES NO CORAÇÃO
"Compadre Antônio Antunes, isto aqui é um Paraíso, aqui deverá ser construída a capela", afirmou o Capitão Antônio Soares Coelho, ao que o seu compadre respondeu: "Sim, tens razão, isto aqui é um Paraíso".
Este episódio, citado por Luiz Ferreira Calafiori em "São Sebastião do Paraíso, História e Tradição", marca, segundo a tradição, o momento em que foi escolhido o local, na Fazenda da Serra, para a construção de uma capela, no terreno doado pela família Antunes Maciel para a edificação de um patrimônio, pela Igreja Católica.
Os Antunes Maciel constituem uma das mais importantes famílias que sedimentaram a ocupação do território brasileiro pelo império português. Aqui chegaram já no final do século 16 e, a partir do porto de Santos, acabaram se dirigindo a vários pontos do país, de Sorocaba e Itu, em São Paulo, a Pelotas, no Rio Grande do Sul, passando por vários municípios mineiros, entre eles Jacuí, que abrangia grande parte do Sudoeste de Minas no início do século 19.
A doação de área da Fazenda da Serra, dos Antunes Maciel, para a construção de patrimônio, incluindo capela, ocorreu a 25 de outubro de 1821. Foi o marco inicial do povoamento das terras que depois originariam o município e cidade de São Sebastião do Paraíso.
Pela Lei Imperial 714, de 18 de maio de 1855, foi criada a Freguesia de São Sebastião do Paraíso, elevada a Vila em 1870 e a cidade três anos depois. "Nesse tempo, São Sebastião do Paraíso, como Vila, era composta das freguesias da ex-sede Jacuí, de S.Francisco do Monte Santo, de N.S. das Dores de Guaxupé e de Santa Bárbara das Canoas (hoje Guaranésia)", cita Luiz Ferreira Calafiori na mesma obra "São Sebastião do Paraíso, História e Tradição".
Seguidas leis marcaram a criação de vários distritos ligados a São Sebastião do Paraíso: Espírito Santo do Prata, São Pedro da União, Peixotos (depois Goianases) e São Tomaz do Aquino. Em 1923 São Tomaz adquire autonomia, ao mesmo tempo em que são criados os distritos de Guardinha e Capetinga, ambos ligados a São Sebastião do Paraíso. Em 1938 foi a vez de Capetinga ganhar autonomia, sendo ao novo município incorporado Goianases. Espírito Santo do Prata passou a se chamar Pratápolis, que deixou a condição de distrito, passando a ser município, em 1943. Foi mantido, então, o distrito de Guardinha, vinculado a Paraíso.
Com uma área de 824,5 quilômetros quadrados e altitude máxima de 1183 m, na Serra do Chapadão, São Sebastião do Paraíso está situado na importantíssima Bacia do Rio Grande. A população estimada em 2009 era de 64.800 moradores, segundo o IBGE. Como em toda região, o café faz parte da história de São Sebastião do Paraíso, que tem ainda uma trajetória econômica ligada à pecuária e, recentemente, aos polos de couros, confecção e material cirúrgico.
Em 25 de outubro de 1968 Paraíso foi batizada oficialmente de Cidade dos Ipês. As flores estão eternamente no coração dos paraisenses.
Santo Antônio da Alegria, encanto permanente
SANTO ANTÔNIO, DOCE TERRA DA ALEGRIA
Uma (feliz)cidade. Santo Antônio da Alegria tem uma condição ambiental peculiar. Cercada por serras de porte nobre, coberta pela vegetação do Cerrado que se encontra tão degradado em todo país e molhada pelas águas do Ribeirão Pinheiro e Córrego da Angola, afluentes do rio Sapucaí-Mirim. O município está portanto situado na área da bacia do Sapucaí-Mirim, mais precisamente na sub-bacia do Alto Sapucaí, muito próximo das nascentes desse importante rio do interior paulista. Parte do município também está na bacia do rio Pardo.
Cenário perfeito para a alegria e a qualidade de vida. Uma história que começou, pelos registros conhecidos, com o povoamento no entorno da capela do Cuscuzeiro, erguida por Francisco Antônio Mafra, em 1860. Em fevereiro de 1866 foi criada a freguesia (Distrito de Paz) de Santo Antônio da Alegria, vinculada ao município de Batatais.
Em 3 de abril de 1873 o distrito foi incorporado ao município de Cajuru, alcançando autonomia político-administrativa em 10 de março de 1885, pela Lei Provincial 21. A Vila foi instalada a 7 de abril de 1890. A 19 de dezembro de 1906 foi transformada em cidade, pela Lei Estadual 1038.
Como em toda a região, o café é historicamente fundamental na ocupação econômica-social-urbana de Santo Antônio da Alegria. O município enfrentou um imenso desafio por ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932, tendo se transformado em palco de conflagrações, por estar na divisa de Minas Gerais. Como decorrência do conflito, que levou a um redesenho das fronteiras paulistas, em 1936 foi incorporada ao município a área abrangida entre a nascente do Córrego da Angola e do ribeirão Pinheirinho, antes ligada ao território mineiro.
Em 2010, nas estimativas da Fundação Seade, a população de Santo Antônio da Alegria é estimada em 6.367 moradores, distribuídos pelos 309,68 quilômetros quadrados do município, o que indica uma densidade demográfica de 20,56 habitantes, muito distante dos 169 moradores da média estadual. A população entre 2000 e 2010 cresceu em média 1,01% ao ano, inferior à média estadual, de 1,32.
O grau de urbanização é de 74,27%, igualmente abaixo da média estadual de 93,76%, o que aponta para uma importante parcela da população vivendo na zona rural. Não por acaso, a agropecuária responde por 30% da economia local, bem acima da média estadual, de 1,97%. Na história recente, tem-se fortalecido o polo de fabricação de doces.
Do mesmo modo, o município tem 14,03% de sua população com 60 anos ou mais de idade, bem superior à média estadual, de 11,10%. Neste aspecto Santo Antônio da Alegria se orgulha de ter sido apontada pelo Índice Futuridade, do governo paulista, como a cidade que melhor trata a população considerada da Terceira Idade no estado.
Uma (feliz)cidade. A Festa do Congo, entre outras festividades, atrai milhares de pessoas de toda a região. A cultura popular movida a alegria e paixão.
BATATAIS, A CULTURA POR TODOS OS POROS
Batatais é uma cidade que transpira cultura por todos os poros. Maior acervo de arte sacra com a assinatura do mestre Cândido Portinari, terra natal do grande editor José Olympio, capital da topiaria, dezenas de edifícios com uma arquitetura típica da transição dos séculos 19 e 20, entre outros destaques.
A origem da povoação, segundo registros históricos, está na concessão em 1728 da sesmaria de Batatais a Pedro Rocha Pimentel. Em 1815 foi criada nessas terras, por meio de alvará, a Freguesia de Senhor Bom Jesus dos Batatais, vinculada ao município de Mogi Mirim. Cinco anos depois, entretanto, a povoação foi transferida para as margens do ribeirão das Araras, com o nome de Senhor Bom Jesus da Cana Verde de Batatais, por iniciativa do padre Bento José Pereira. Em 1821 a freguesia já era ligada ao município de Franca.
A 14 de março de 1839 veio a criação da Vila de Batatais, e em 20 de abril de 1875 a criação da cidade de Batatais. O distrito de Brodowski, ligado a Batatais, foi criado em 1902, mas já em 1913 o distrito alcançou a emancipação.
Sob a influência do café em ascenção, a virada dos séculos 19 e 20 foi de exuberância urbana em Batatais. O Código de Posturas de 1872 já apontava para um crescimento urbano planejado. A inauguração da Estatação Batataes da Companhia Mogiana, em 1886, com a presença de D.Pedro II, representou um salto para a cafeicultura e uma plataforma para a modificação do espaço urbano, com a construção de vários edifícios de arquitetura clássica, bem ao gosto da elite da época. A antiga Igreja amtriz foi reformada, sendo nela batizado o gênio Cândido Portinari (1903-1962), nascido no então distrito de Brodowski.
Neste período, mais exatamente em 1898, tornou-se intendente (cargo correspondente ao de prefeito) de Batatais o advogado Washington Luis (1869-1957), que assim iniciou sua carreira política, tendo sido posteriormente, entre outros cargos, prefeito de São Paulo (1914-19) e presidente da República (15 de novembro de 1926 a 24 de outubro de 1930, quando foi deposto pelo movimento liderado por Getúlio Vargas. Era o fim da chamada República Velha.
O poder do café deixou suas marcas em Batatais, na fina arquitetura de vários casarões e outros edifícios. Nas primeiras décadas do século 20, sob o impacto de reformas em grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro, Batatais também passou por uma euforia modernizante. Passou a vigorar o art noveau na arquitetura local. Os italianos Júlio E.Latini, arquiteto, e Carlos Zamboni, engenheiro-arquiteto, foram responsáveis por muitos edifícios nessa época.
A dupla trabalhou, por exemplo, na concepção da nova matriz de Batatais, cuja construção tinha sido iniciada em 1925, com obras afetadas pela crise de 1929. Em 1949 Carlos Zamboni fez o convite para Portinari produzir obras para a nova Igreja. Convite aceito, as obras foram produzidas e apresentadas ao público na inauguração da nova Matriz do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, a 14 de março de 1953. No mesmo dia Portinari anunciou o desejo de produzir 14 quadros reproduzindo a Via-Sacra, também para a Matriz de Batatais, inspirada na catedral de Brescia. A Via-Crucis foi inaugurada a 14 de março de 1955, depois das telas terem sido exibidas no Museu de Arte de São Paulo, em 1954, por ocasião do Quarto Centenário de São Paulo.
O perfil cultural de Batatais prosseguiria nas décadas seguintes. Em 2010 a população estimada de Batatais, que tem 850,72 km2 de área, é de 56.787 moradores, de acordo com a Fundação Seade. A taxa anual de crescimento populacional entre 2000 e 2010 foi de 1,07%, abaixo da média estadual de 1,32%. Batatais pertence ao Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios Sapucaí-Mirim/Grande.
ALTINÓPOLIS, MUSEU A CÉU ABERTO E ILUMINADO
Obra de Bassano Vaccarini, que deixou amplo acervo em Altinópolis
Uma cidade com vocação para a qualidade de vida. Altinópolis foi estruturada a partir do Arraial de Nossa Senhora da Piedade, constituído em terras da Fazenda Fortaleza, de Antonio Garcia Figueiredo (o Major Garcia), filho do Capitão Diogo Garcia da Cruz, pioneiro no povoamento. Em 1865 começou o arruamento e a construção da capela em homenagem à padroeira. A 8 de março de 1875 foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da Piedade de Mato Grosso de Batatais, vinculada ao município de Batatais.
Em 1906 foi elevada a Vila e a 3 de dezembro de 1918 à condição de cidade. Por plebiscito, foi escolhido o nome de Altinópolis, com data de 9 de março de 1919. Homenagem a Altino Arantes (1876-1965), político nascido em Batatais, presidente de São Paulo entre 1916 e 1920. Era presidente (atual governador), portanto, quando criada a nova cidade, que acabou recebendo o seu nome. Teve grande participação na Revolução Constitucionalista de 1932, na qual lutaram vários altinopolenses. Derrotado o movimento pelas forças pró-Getúlio Vargas, Altino Arantes exilou-se em Lisboa.
A propósito, os nomes derrotados no plebiscito que escolheu Altinópolis foram: Jityrama e Palmápolis. No mesmo ano de 1932, da Revolução Constitucionalista, foi inaugurada a pedra fundamental do Hospital de Misericórdia de Altinópolis, que começou a funcionar em 1934.
A propósito, os nomes derrotados no plebiscito que escolheu Altinópolis foram: Jityrama e Palmápolis. No mesmo ano de 1932, da Revolução Constitucionalista, foi inaugurada a pedra fundamental do Hospital de Misericórdia de Altinópolis, que começou a funcionar em 1934.
Com uma altitude de cerca de 900 metros, Altinópolis é formada de colinas que possibilitam imagens belíssimas de toda a região. O ponto mais alto é o Morro do Parque Municipal, com 1200 metros. Geografia peculiar, portanto, que possibilita a formação de 35 cachoeiras e oito grutas, como a do Itambé - devidamente homenageada com a reprodução de sua imagem no brasão de Altinópolis.
Muita água, então, vinda dos cinco rios que cortam o município, como o Sapucaí-Mirim, embora Altinópolis integre o Comitê da Bacia do Rio Pardo. A ligação de Altinópolis à ferrovia São Paulo-Minas, no início do século 20, impulsionou o núcleo urbano. A cafeicultura sempre foi forte, e recentemente aumenta a presença da cana-de-açúcar.
Com 17.275 habitantes em 2010, segundo estimativas da Fundação Seade, Altinópolis apresenta uma densidade demográfica de 18,59, em função de um território de 929,43 quilômetros quadrados. A taxa média de crescimento populacional, de 1,11% ao ano entre 2000 e 2010, é inferior à média estadual, de 1,32%. O grau de urbanização é de 89,21%, pouco inferior à média estadual, de 93,76%. A população com 60 anos ou mais representa 13,24% da população, superior à média estadual, de 11,10%. Altinópolis ficou em segundo lugar no ranking de 645 municípios paulistas do Índice Futuridade, que mede como as cidades tratam os idosos. Ficou atrás apenas da vizinha Santo Antônio da Alegria.
A vocação para a cultura é confirmada para o amplo acervo, distribuído por vários pontos da cidade, do escultor nascido na Itália Bassano Vaccarini, que viveu os últimos anos de vida em Altinópolis. Por essa obra a cidade é considerada um museu a céu aberto.
No seu diário de viagem, reproduzido em "Marcha das Forças de Visconde de Taunay", Alfredo d´Escragnolle Taunay assim descreveu, a 7 de julho de 1865, a sua visão do nascente Arraial de Nossa Senhora da Piedade:
__ Um extenso planalto domina a serra e nele se goza de atmosfera puríssima e ponto de vista encantador, em razão da disposição de outeiros mais baixos e pitorescamente dispostos que cercam o serrote. A olhar, devassa grandiosa paisagem que se dilata em todos os sentidos a perder de vista. Só de vez em quando, uma solitária palmeira destaca altaneira elegante, Stipite no amortecido fundo de horizontes distantes. Neste alto começa a formar-se uma povoaçãozinha que consta já de algumas casas de taipa e denominar-se-á: Arraial de Nossa Senhora da Piedade. O local é excelente, principalmente pela abundância e qualidade de águas que o banham (...)
135 anos depois do testemunho de Taunay, o mesmo encantamento possibilitado pela visão do horizonte, a partir das colinas de Altinópolis. Sensação de infinitude, completada pela visão do céu sempre iluminado, pelo sol de todo dia e pelas estrelas cuja contemplação é facilitada pelas alturas de Altinópolis. Uma cidade para o alto.
(Por José Pedro Martins)
No seu diário de viagem, reproduzido em "Marcha das Forças de Visconde de Taunay", Alfredo d´Escragnolle Taunay assim descreveu, a 7 de julho de 1865, a sua visão do nascente Arraial de Nossa Senhora da Piedade:
__ Um extenso planalto domina a serra e nele se goza de atmosfera puríssima e ponto de vista encantador, em razão da disposição de outeiros mais baixos e pitorescamente dispostos que cercam o serrote. A olhar, devassa grandiosa paisagem que se dilata em todos os sentidos a perder de vista. Só de vez em quando, uma solitária palmeira destaca altaneira elegante, Stipite no amortecido fundo de horizontes distantes. Neste alto começa a formar-se uma povoaçãozinha que consta já de algumas casas de taipa e denominar-se-á: Arraial de Nossa Senhora da Piedade. O local é excelente, principalmente pela abundância e qualidade de águas que o banham (...)
135 anos depois do testemunho de Taunay, o mesmo encantamento possibilitado pela visão do horizonte, a partir das colinas de Altinópolis. Sensação de infinitude, completada pela visão do céu sempre iluminado, pelo sol de todo dia e pelas estrelas cuja contemplação é facilitada pelas alturas de Altinópolis. Uma cidade para o alto.
(Por José Pedro Martins)
PEDRO LEOPOLDO, CIDADE MÁGICA
Parque da Boa Esperança, pela
NA GRANDE BELO HORIZONTE
Por José Pedro Martins,
texto e fotos
Panorama de Pedro Leopoldo, cidade mágica na Região Metropolitana de Belo Horizonte
Senti o gosto da magia ao comer um delicioso arroz doce na Loja da Roça, no centro da cidade. Eu que faço "tudo" por um arroz doce, o sabor e o cheiro de mãe, o sabor e o cheiro mais gostosos. A Loja da Roça tem localização privilegiada, em frente ao prédio da Prefeitura, e os funcionários vão sempre ali, apreciar as novidades expostas pelos pequenos produtores reunidos na Associação da Agroindústria Familiar de Pedro Leopoldo (AAFAPEL). A organização é o símbolo do empreendedorismo efervescente de Pedro Leopoldo, uma das faces mais modernas da cidade que tem muito e justo orgulho de sua rica história. Chico Xavier é o seu filho mais ilustre, conhecido no mundo todo, mas Pedro Leopoldo também é história, natureza, cultura, uma diversidade de fatos e encantos. E agora a cidade se prepara para a Copa de 2014: todas as suas atrações à disposição do enorme público esperado para os jogos da Copa do Mundo em Belo Horizonte, no lendário Mineirão. A cidade quer, com suas delícias, conquistar uma fatia do bolo do turismo que será gerado a partir da Copa que o Brasil espera há 64 anos.
Fátima Brasil, geógrafa apaixonada pelo
desenvolvimento de base e cidadania
Aula de culinária no Centro de Desenvolvimento Social do
Instituto Holcim: apoio ao empreendedorismo
As mãos dos pequenos empreendedores, ajudando
a construir uma nova Pedro Leopoldo
A Loja da Roça e Associação da Agroindústria Familiar de Pedro Leopoldo (AAFAPEL) são resultado de um esforço de apoio aos pequenos produtores locais, por parte da Prefeitura Municipal, Instituto Holcim, Fábrica de Cimento Holcim na cidade, EMATER, SENAR e, entre outras organizações, as associações de moradores da região norte da cidade, como a Associação de Moradores do Conjunto Habitacional "Marieta Batista Sales". Esse conjunto de atores se reuniu e promoveu a Cozinha Escola Itinerante, idealizada para qualificar os talentos locais na arte culinária.
De acordo com a geógrafa Fátima Brasil, chefe da Divisão Municipal de Desenvolvimento Econômico e Agrícola da Prefeitura de Pedro Leopoldo, foi feito um amplo diagnóstico das dificuldades e oportunidades relacionadas ao trabalho dos pequenos produtores. A partir do diagnóstico, foi elaborado um planejamento estratégico visando agregar valor aos negócios dos produtores, e a Loja da Roça é um dos produtos desse trabalho coletivo.
Em 2010, o Instituto Arcor Brasil e o Instituto Holcim se juntaram no Projeto Comunidade Empreendedora, visando qualificar agora os pequenos produtores e empreendedores de Pedro Leopoldo na arte de fazer negócios, ou seja, na exigente área da gestão. O Projeto Comunidade Empreendedora - Programa de Educação Profissionalizante para Geração de Trabalho e Renda foi um dos projetos apoiados em 2010 pelo Fundo Brasil, composto por institutos e fundações empresariais reunidos da RedEAmérica Brasil. A RedEAmérica, reunindo organizações empresariais, visa estimular o desenvolvimento de base em vários países do continente.
Diversas atividades foram ministradas no Centro de Desenvolvimento Social do Instituto Holcim, voltadas não apenas para pequenos produtores rurais, mas também para outros pequenos empreendedores locais. O Sebrae deu apoio às atividades. Mas as aulas de culinária, dando continuidade à Cozinha Escola Itinerante, eram sem dúvida especialmente atraentes. Após as aulas, o momento de apreciar os quitutes também expostos na Loja da Roça, como os tradicionais biscoitos e doces mineiros, mas também as novidades, como a geléia de maracujá com pimenta "dedo de moça", fabricada por Marciléia e Heverton de Oliveira.
A qualificação em gestão é uma das múltiplas atividades em curso em Pedro Leopoldo, de modo a preparar a cidade para o experado fluxo de turistas em função da Copa de 2014. A cidade vive um momento de euforia econômica, alimentada por projetos de logística implantados na Grande Belo Horizonte. Casos da Linha Verde, rodovia ligando a capital ao Aeroporto de Confins e que passa bem próximo a Pedro Leopoldo, e o projetado macro-anel viário da Região Metropolitana. Elementos que podem impulsionar a economia e geração de renda e trabalho em Pedro Leopoldo e toda Grande BH, mas que também geram desafios em termos de como manter a qualidade de vida.
Vegetação de cerrado, ainda muito presente em Pedro Leopoldo,
como documento da rica história local
Monumento de Chico Xavier em praça no centro, perto da rodoviária e da Prefeitura
Bicicletário na rua onde Chico Xavier começou sua
trajetória, no Centro Luiz Gonzaga
Originalmente a região onde está localizada Pedro Leopoldo era praticamente toda coberta de vegetação de cerrado. E remanescentes desse tipo de bioma muito ameçado em território brasileiro estão no município, onde foi encontrado o crânio de Luzia, com idade estimada em 12 mil anos. Foi localizado no sítio arqueológico Lapa Vermelha IV, onde estão ainda importantes registros de pintura rupestre, típicos dos primeiros habitantes do continente americano.
A ocupação de origem européia começou com fazendas de gado e, depois, a partir da Quinta do Sumidouro, estruturada ao lado do Rio das Velhas, de enorme importância no processo de povoamento dessa região das Minas Gerais. O rio tem suas nascentes em Ouro Preto e é o maior afluente do São Francisco. A Quinta do Sumidouro nasceu de uma expedição do famoso bandeirante Fernão Dias Paes Leme, que pela natureza que considerou rica da região resolveu construir uma casa no local. Na mesma área foi construída a Capela de Nossa Senhora do Rosário, construção barroca de enorme relevância hsitórica, que receberia altar esculpido por ninguém menos que Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Fernão Dias Paes Leme teria morrido em 1681 e sido enterrado na região.
A Fábrica de Tecidos do Comendador Antonio Alves teve papel de peso na economia local, no final do século 19. Em área cedida pela empresa foi construída a estação ferroviária, inaugurada em 1895 e que ajudou a impulsionar a povoação. Em 1923 Pedro Leopoldo foi elevado a município e dois anos depois a cidade. E 1918, como meio de fomentar a agricultura regional, o governo federal instalou no município da Fazenda Modelo (onde Chico Xavier trabalhou). Existe, então, uma tradição de experimentação econômica em Pedro Leopoldo, agora resgatada com o movimento de empreendedorismo.
Desde a década de 1950 a indústria de mineração tornou-se uma das atividades econômicas mais fortes de Pedro Leopoldo, que ainda mantém importante atividade têxtil. Entre as atrações, o Parque Estadual do Sumidouro, Parque Ecológico da Mata da Biquinha, a Casa da Cultura na antiga estação ferroviária e, claro, o Memorial Chico Xavier, na casa onde ele viveu muitos anos.
Pedro Leopoldo é terra de craque. Nela nasceu Dirceu Lopes, um dos maiores jogadores do Cruzeiro e um dos mais injustiçados do futebol brasileiro.
Reprodução de foto da casa onde foi construído
o Centro Luiz Gonzaga
Aspecto atual do Centro Espírita Luiz Gonzaga,
no centro de Pedro Leopoldo
Jardim da casa onde ele viveu e hoje é o Memorial Chico Xavier
Francisco Cândido Xavier, de nascimento Francisco Paula Cândido, nasceu em Pedro Leopoldo, a 2 de abril de 1910, filho do operário João Cândido Xavier e da dona de casa Maria João de Deus. O casal teve nove filhos e a mãe faleceu quando Chico tinha cinco anos. Foi criado por dois anos pela madrinha e, quando tinha sete, o pai casou novamente, com Cidália Batista, com quem teve outros seis filhos.
Sempre apresentou sinais de mediunidade e em 1927, quando a madrasta faleceu, iniciou os estudos em espiritismo. Nesse ano ajudou a fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga. Passou a se envolver mais e mais com a doutrina espírita e seus escritos apenas cresceram. Em 1943 psicografou o romance "Nosso Lar", o mais conhecido, com autoria atribuída ao espírito André Luiz.
Em 1959 Chico Xavier se radicou em Uberaba, onde sua fama continuou crescendo e onde desenvolveu importante obra social. Chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1980 e teve 451 livros psicografados. Faleceu aos 92 anos, a 30 de junho de 2002, pouco depois da partida contra a Alemanha, em que o Brasil sagrou-se pentacampeão mundial de futebol, na Copa do Japão-Coréia do Sul. No centenário de seu nascimento, a 2 de abril de 2010, estreou o filme "Chico Xavier - o filme", com Matheus Costa, Ângelo Antonio e Nelson Xavier no papel título. Produzido a partir de "As vidas de Chico Xavier", biografia assinada pelo jornalista Marcel Souto Maior, o filme dirigido por Daniel Filho e visto por milhões de pessoas ajudou a consagrar o mito.
proteção das águas no Sul de Minas
“Serra da Boa Esperança esperança que encerra/No coração do Brasil um punhado de terra/No coração de quem vai, no coração de quem vem”. Os versos de “Serra da Boa Esperança”, do famoso compositor carioca Lamartine Babo (1904-63), contribuíram para imortalizar e popularizar a Serra que tem altitudes máximas de 1400 metros e que foi transformada em Parque Estadual, pelo Decreto 44.520, de 16 de maio de 2007. O Parque é gerido pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) de Minas Gerais. Localizado às margens do Lago de Furnas, no município de Boa Esperança, o Parque foi criado visando a proteção sobretudo dos recursos hídricos da região. Estão nas encostas da Serra fontes e nascentes de cursos d’água tributários do Rio Grande e do Lago de Furnas, essencial para o abastecimento de milhares de famílias e também para a geração de energia elétrica no estado.
O lago da represa de Furnas em Boa Esperança sedia vários esportes
náuticos, como competições nacionais de jet-ski
(Foto João Neto)
Com uma área de 5.873 hectares, o Parque Estadual da Serra da Boa Esperança também foi criado para proteger a rica biodiversidade em flora e fauna da região, e que estava ameaçada pela expansão inadequada de atividades agrícolas. O Atlas para a Conservação da Biodiversidade do Estado de Minas (Biodiversitas) identifica a “Bacia de Furnas” como uma das áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade em território mineiro.
A institucionalização do Parque representa, assim, a concretização de um desejo de preservação, implícito na música inspirada de Lamartine Babo, que inclui um dos versos mais belos já escritos em língua portuguesa – “Oh minha serra eis a hora do adeus vou me embora/Deixo a luz do olhar no teu luar”. A música foi composta depois que Lamartine de Azeredo Babo, o Lalá, soube, em visita a cidade, que “Nair”, uma suposta fã de Boa Esperança que havia lhe escrito cartas apaixonadas, era na realidade o nome da sobrinha de um dentista local, o verdadeiro autor das correspondências. Com o Parque Estadual da Serra da Boa Esperança, Minas passa a ter 30 Unidades de Conservação desta categoria, somando 406.450 hectares de áreas protegidas.
Nascer no Sul de Minas é ter
pedra e água na alma
Tanto tempo longe, tantos quilômetros rodados e voados, tantas cidades como morada, mas a pergunta que sempre ecoa: o que é ser itamogiense e sul-mineiro? A equação é aparentemente simples, dessas que a gente aprende na escola e não esquece: Ita=pedra, Mogi = rio. Ita e Mogi, pedra e água, de Itamogi, mas também Itajubá, Itamonte, Itaú de Minas, Itutinga, Itanhandu, Itumirim, Itapeva, Cachoeira de Minas, Cambuquira (das “Águas Virtuosas”), Carmo da Cachoeira, Córrego do Bom Jesus, Cristais, Guapé, (o “tapete verde” das lagoas e rios...), Lambari (do peixe que povoa o Lago Guanabara...) e mais, muito mais...
Mas o que significa a mescla desses dois elementos, pedra e água, em um só coração? Ser brasileiro é, antes de tudo, ter alma de água. O Brasil tem água na alma. A formação do País e de seu povo se deu em função da água. Os povos indígenas encontrados pelos portugueses tinham cultura solidamente fundada no contato com a água. Os rios eram os seus meios de comunicação, eram as fontes primordiais de suas lendas, mitos e divindades, como Yara ou Moema, celebrizada em pinturas e textos que se tornaram clássicos.
Em sua obra-prima “Casa Grande & Senzala”, Gilberto Freyre destaca como o brasileiro deve aos povos indígenas, e sobretudo às mulheres índias, o gosto pelo banho, o prazer da água. Os portugueses, como outros europeus, assinalava Freyre, não gostavam de banho, e se espantavam com o hábito das canhas,as índias mergulhadas nos rios e lagos.
Mas não se pode esquecer que, para chegar à terra do pau-brasil, os portugueses tiveram de atravessar Mar Ignoto, aquele marzão desconhecido que eles domaram entre os séculos 15 e 16 e que os tornou por algum tempo senhores de grande parte do planeta. Sim, o mar tem importância enorme para o caráter dos portugueses e por tabela do nosso, os brasileiros.
O livro que imortalizou a epopéia dos portugueses pelos mares antes desconhecidos, “Os Lusíadas”, de Camões é a síntese dessa aventura, que impregnou o coração e a mente dos lusitanos com o cheiro, a magia e o perigo dos oceanos.
O mesmo pode ser dito em relação à cultura africana, que chegou ao Brasil na dolorosa trajetória dos navios negreiros pelo Oceano Atlântico. Antes de enfrentar os horrores das senzalas, os escravos lutavam contra os riscos inevitáveis de uma travessia oceânica como era feita na época, com o agravante das péssimas condições em que viajavam. Calcula-se que cerca de 40% de quem embarcava na África não chegava vivo às costas brasileiras. Os mortos eram, claro, atirados ao mar.
O mesmo mar para quem a cultura negra presta tema reverência até hoje, como pode ser visto nas belas festas para Yemanjá nos finais de ano. Festas que comovem e envolvem a todos, negros, brancos e mulatos, como uma das mais finas expressões do rico sincretismo religioso alicerçado em solo tupiniquim.
Os brasileiros estamos, portanto, localizados na confluência hídrica das culturas índia, branca e negra, banhados pela sabedoria, pela beleza, pela tristeza e pela esperança, que essa tríplice herança significa. E nem poderia ser diferente, em um país que tem 12,5% da água doce do planeta, um litoral de mais de sete mil quilômetros e a grande parte da maior reserva de água subterrânea do mundo, o Aqüífero Guarani.
Pois bem, se o brasileiro tem alma de água, e o sul-mineiro em geral? Além da água, esse símbolo perfeito de leveza, de transparência, de capacidade para se adaptar a várias situações, nós temos a enorme, ou melhor, a incomensurável sorte de termos, também, pedra na alma.
A pedra que simboliza a força em meio a qualquer adversidade. A pedra de quem se encanta com todos que ajudam a construir, tijolo por tijolo, um mundo novo, uma vida nova, uma cidade nova - a cidade onde se ama, se dialoga, se respeita e se completa no outro, a cidade que respeita os limites da natureza.
Tenho enorme, ou melhor, o incomensurável orgulho de ser itamogiense e sul-mineiro. De ter alma de pedra e de água. Todo sul-mineiro tem. Estão na região as fontes de água que abastecem áreas dos estados mais populosos e as maiores economias do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). As águas daqui, da bacia do Rio Grande, geram 67% da energia elétrica produzida em Minas.
E as montanhas? Ah, as montanhas do Sul de Minas. A Mantiqueira e todas as outras. A Mantiqueira, “montanha que chora”, mãe de tantas fontes de águas. O seu contorno sinuoso, o seu friozinho, o seu céu aberto como portal nos conectando com o cosmo eterno, as estrelas que já morreram e continuando emitindo sua luz que faz estremecer o coração de quem ama a vida e vive para amar.
Temos pedra e água na alma, vibramos, no Sul de Minas, com a vida que lateja e exubera como cristais de água límpida. (Por José Pedro Martins)
Mas o que significa a mescla desses dois elementos, pedra e água, em um só coração? Ser brasileiro é, antes de tudo, ter alma de água. O Brasil tem água na alma. A formação do País e de seu povo se deu em função da água. Os povos indígenas encontrados pelos portugueses tinham cultura solidamente fundada no contato com a água. Os rios eram os seus meios de comunicação, eram as fontes primordiais de suas lendas, mitos e divindades, como Yara ou Moema, celebrizada em pinturas e textos que se tornaram clássicos.
Em sua obra-prima “Casa Grande & Senzala”, Gilberto Freyre destaca como o brasileiro deve aos povos indígenas, e sobretudo às mulheres índias, o gosto pelo banho, o prazer da água. Os portugueses, como outros europeus, assinalava Freyre, não gostavam de banho, e se espantavam com o hábito das canhas,as índias mergulhadas nos rios e lagos.
Mas não se pode esquecer que, para chegar à terra do pau-brasil, os portugueses tiveram de atravessar Mar Ignoto, aquele marzão desconhecido que eles domaram entre os séculos 15 e 16 e que os tornou por algum tempo senhores de grande parte do planeta. Sim, o mar tem importância enorme para o caráter dos portugueses e por tabela do nosso, os brasileiros.
O livro que imortalizou a epopéia dos portugueses pelos mares antes desconhecidos, “Os Lusíadas”, de Camões é a síntese dessa aventura, que impregnou o coração e a mente dos lusitanos com o cheiro, a magia e o perigo dos oceanos.
O mesmo pode ser dito em relação à cultura africana, que chegou ao Brasil na dolorosa trajetória dos navios negreiros pelo Oceano Atlântico. Antes de enfrentar os horrores das senzalas, os escravos lutavam contra os riscos inevitáveis de uma travessia oceânica como era feita na época, com o agravante das péssimas condições em que viajavam. Calcula-se que cerca de 40% de quem embarcava na África não chegava vivo às costas brasileiras. Os mortos eram, claro, atirados ao mar.
O mesmo mar para quem a cultura negra presta tema reverência até hoje, como pode ser visto nas belas festas para Yemanjá nos finais de ano. Festas que comovem e envolvem a todos, negros, brancos e mulatos, como uma das mais finas expressões do rico sincretismo religioso alicerçado em solo tupiniquim.
Os brasileiros estamos, portanto, localizados na confluência hídrica das culturas índia, branca e negra, banhados pela sabedoria, pela beleza, pela tristeza e pela esperança, que essa tríplice herança significa. E nem poderia ser diferente, em um país que tem 12,5% da água doce do planeta, um litoral de mais de sete mil quilômetros e a grande parte da maior reserva de água subterrânea do mundo, o Aqüífero Guarani.
Pois bem, se o brasileiro tem alma de água, e o sul-mineiro em geral? Além da água, esse símbolo perfeito de leveza, de transparência, de capacidade para se adaptar a várias situações, nós temos a enorme, ou melhor, a incomensurável sorte de termos, também, pedra na alma.
A pedra que simboliza a força em meio a qualquer adversidade. A pedra de quem se encanta com todos que ajudam a construir, tijolo por tijolo, um mundo novo, uma vida nova, uma cidade nova - a cidade onde se ama, se dialoga, se respeita e se completa no outro, a cidade que respeita os limites da natureza.
Tenho enorme, ou melhor, o incomensurável orgulho de ser itamogiense e sul-mineiro. De ter alma de pedra e de água. Todo sul-mineiro tem. Estão na região as fontes de água que abastecem áreas dos estados mais populosos e as maiores economias do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). As águas daqui, da bacia do Rio Grande, geram 67% da energia elétrica produzida em Minas.
E as montanhas? Ah, as montanhas do Sul de Minas. A Mantiqueira e todas as outras. A Mantiqueira, “montanha que chora”, mãe de tantas fontes de águas. O seu contorno sinuoso, o seu friozinho, o seu céu aberto como portal nos conectando com o cosmo eterno, as estrelas que já morreram e continuando emitindo sua luz que faz estremecer o coração de quem ama a vida e vive para amar.
Temos pedra e água na alma, vibramos, no Sul de Minas, com a vida que lateja e exubera como cristais de água límpida. (Por José Pedro Martins)
As águas de Lambari molham a poesia de Henriqueta Lisboa
Por José Pedro Martins
“Henriqueta Lisboa é hoje um dos poetas mais puros do Brasil. A forma límpida, cristal sem jaça de sua poesia, a agudeza das imagens, a densidade das palavras, a segurança do ritmo, sua humildade, constituem sua força expressiva e comunicativa.” As palavras são de Sérgio Milliet, a respeito de Henriqueta Lisboa (1901-1985), a poeta nascida em Lambari, Sul de Minas Gerais.
Impossível não associar as palavras do grande Milliet à infância de Henriqueta em Lambari, ao contato direto e permanente com as águas famosas da cidade. A cidade das Águas Virtuosas, como foi inicialmente denominada, em função das águas minerais descobertas na década de 1780 na Fazenda Trás da Serra, de Antonio Araújo Dantas, morador em Campanha.
As águas, límpidas como a poesia de Henriqueta Lisboa, determinaram o futuro de Lambari, transformada em estação balnearia no século 19 e que recebeu a visita, entre outros, da Princesa Isabel e Conde D’ Eu em 1868.
Águas Virtuosas torna-se distrito de paz em 1891, e dez anos depois (a 16 de setembro de 1901) já acontece a criação do município de Águas Virtuosas, pela lei estadual nº 3119. A instalação do município ocorre a 2 de janeiro de 1902.
O município foi criado, portanto, no ano de nascimento, a 15 de julho, de Henriqueta Lisboa, filha do farmacêutico e depois deputado federal João de Almeida Lisboa e de Maria de Vilhena Lisboa. A morte da irmãzinha (a morte sempre estaria presente em sua obra), o espanto com o mundo, a descoberta da vida enigmática, marcas de uma infância resumida em “Infância” (Prisioneiro da Noite,1941):
“A infância melancólica
ficou naqueles longos dias iguais,
a olhar o rio no quintal horas inteiras,
a ouvir o gemido dos bambus verde-negros
em luta sempre contra as ventanias!”
No mesmo poema, uma ponta de assombro, companheiro de letras, fonte de tanta boa literatura:“A menininha ríspidanunca disse a ninguém que tinha medo,porém Deus sabe como seu coração batia no escuro,Deus sabe como seu coração ficou para sempre diante da vida— batendo, batendo assombrado!”
Henriqueta crescia como a cidade, impulsionada pela inauguração, a 24 de abril de 1911, do Cassino do Lago Guanabara, com a presença do presidente da República, marechal Hermes da Fonseca, e do governador do Estado de Minas, Júlio Bueno Brandão. Obra imponente, idealizada por Américo Werneck, o primeiro prefeito, que pretendia tornar Lambari uma referencia turística no Brasil como Vichy, na França.
Henriqueta crescia como a cidade, impulsionada pela inauguração, a 24 de abril de 1911, do Cassino do Lago Guanabara, com a presença do presidente da República, marechal Hermes da Fonseca, e do governador do Estado de Minas, Júlio Bueno Brandão. Obra imponente, idealizada por Américo Werneck, o primeiro prefeito, que pretendia tornar Lambari uma referencia turística no Brasil como Vichy, na França.
Pinho de Riga da Rússia, telhas da França, azulejos e sanitários de Portugal e Inglaterra, tijolos, cimento, pedras, pisos, janelas, portas e forros e outros ítens da Ásia – não houve economia para tornar a obra o grande cartão-postal da cidade, nove décadas depois de sua inauguração.
Curiosamente, consta que o cassino durou apenas na noite de estreia. Não voltou mais a funcionar, em razão das disputas políticas tão tradicionais nas pequenas cidades de Minas Gerais. O prédio hoje e tombado pelo patrimônio municipal e estadual, e sede de vários eventos culturais.
No momento em que sua Lambari se tornava conhecida em todo Brasil, Henriqueta Lisboa estudava. O Curso Primário foi feito no Grupo Escolar “ Dr. João Bráulio Júnior”, de Lambari, e o Curso de Magistério, muito comum na época, foi cumprido no Colégio Sion, de Campanha. O magistério, inclusive, foi decisivo em sua postura de fazer, também, literatura para crianças.
O contato com a literatura crescia, e se aprofundaria com os estudos no Rio de Janeiro, para onde a família se transferiu em 1926 – o seu pai tinha sido eleito deputado federal. O primeiro livro, de 1925, “Fogo Fátuo” , do ano anterior, já prenunciava a grande poeta, de tendências simbolistas até a década de 1940 – depois sentiu o inevitável impacto do modernismo (manteve farta correspondência com Mário de Andrade).
As lendas da infância, a inspiração nas ruas de Lambari e Campanha, o contato com as grandes cidades (Rio de Janeiro, Belo Horizonte) estarão nos poemas de seus vários livros, como em “Caboclo - d'água” (O Menino Poeta, 1943):
“Caboclo-d'água
vá-se embora
vá-se embora
caboclo-d'àgua
não me chame não!”
A reflexão sobre a condição feminina também está presente na obra de Henriqueta Lisboa, em verso e em prosa. Ela publicou vários ensaios, começando justamente com “Almas femininas da América do Sul”, artigos publicados na Revista Columbia, do Rio de Janeiro, entre 1928 e 1929.
Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira, outra poeta mineira (São João del-Rei, c. 1758 — São Gonçalo do Sapucaí, 24 de maio de 1819), foi grande inspiração. Mulher de Alvarenga Peixoto, exilado para Angola pela participação na Inconfidência Mineira (segundo autores, com grande apoio da esposa) Barbara Heliodora teve uma vida angustiada. Seus escritos se perderam em sua maioria, restando fragmentos como “Conselhos a meus filhos” :
“Meninos, eu vou ditar
As regras do bem viver;
Não basta somente ler,
È preciso ponderar,
Que a lição não faz saber,
Quem faz sábios é o pensar”.
Heliodora morreu em São Gonçalo do Sapucaí (o “rio que grita”, em língua indígena), localizada não muito longe de Lambari, cuja filha Henriqueta Lisboa, reconhecida pela influência daquela mulher pioneira, lhe dedicou o poema “Drama de Bárbara Heliodora” (Madrinha Lua, 1952):
“Chora Bárbara Heliodora
Guilhermina da Silveira.
E em suas artérias corre
o sangue de Amador Bueno!
Chora, porém já sem lágrimas.
É de mármore seu rosto.
É de mármore seu rosto.
Seu busto cai sobre os joelhos:
flores que de trepadeiras
pendem murchas para o solo.
Talvez já nem saiba como
– para donaire da estirpe –
na ponta dos pés erguida
em hora periclitante
ousou admoestar o esposo:
"Antes a miséria, a fome,
a morte, do que a traição!"
Valem muralhas de pedra
para represa dos rios,
certas palavras eternas
que decidem do destino”.
A menina de Lambari, sempre tomada pelo assombro, publicou em 1977 “Celebração dos elementos água, ar, fogo, terra”, em Belo Horizonte. Clara demonstração da poesia telúrica, embebida na vida, de Henriqueta, professora de Literatura na Universidade Católica de Minas Gerais e na Escola de Biblioteconomia da UFMG. Foi a primeira mulher a chegar a Academia Mineira de Letras, em 1963 (bela homenagem, sem duvida, ao pioneirismo de Bárbara Heliodora...). Henriqueta Lisboa faleceu em BH, a 9 de outubro de 1985, reconhecida como um dos grandes nomes da literatura brasileira e portuguesa – embora sua obra ainda mereça ser mais conhecida. Alma sedenta de liberdade, uma obra de fortes raízes mineiras, como em “Romance do Aleijadinho” (Madrinha Lua, 1952)-
“Mãos compassivas depõem
no peito coberto de úlceras,
restos do sagrado livro.
- Sobre meu corpo, ó Senhor,
põe teus divinos pés.
O moribundo sem força
move os lábios num sussurro.
E da distância dos séculos
E da distância dos séculos
anjos e virgens o escutam”.
A poesia da filha de Lambari ecoa no coração de todos que também amam a vida, a arte e a liberdade.
Águas do Sul de Minas, questão de "segurança nacional"
Por José Pedro Martins
Paulistanos e cariocas cultivam uma rivalidade histórica: qual é a capital cultural e econômica do Brasil, São Paulo ou Rio de Janeiro? Uma coisa, entretanto, moradores das regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro têm em comum: o abastecimento de água dessas regiões – a água para o banho diário, para fazer comida, para movimentar as indústrias e para irrigar a agricultura – depende de rios que nascem em Minas Gerais, mais precisamente nas encostas da Serra da Mantiqueira, no sul mineiro.
Ao ajudar a abastecer as duas principais regiões econômicas do país, responsáveis por quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, as águas do Sul de Minas Gerais não são, portanto, um assunto que diz respeito apenas aos mineiros – é uma questão de segurança nacional. Segurança nacional entendida como as necessárias condições para que haja qualidade de vida para toda população e sustentabilidade no processo produtivo e proteção dos recursos naturais. Assim, garantir a qualidade e quantidade adequada dos recursos hídricos do Sul de Minas Gerais é um tema que deve fazer parte, de forma permanente, da agenda de governos, empresas e sociedade em geral, se o Brasil efetivamente deseja transitar de modo seguro para o desenvolvimento sustentável.
A importância do Sul de Minas Gerais para o abastecimento de água das maiores áreas urbanas do Brasil é reconhecida pelo ex-secretário nacional de Recursos Hidricos e Ambiente Urbano, Eustáquio Luciano Zica. “O Sul de Minas, a partir das encostas da Serra da Mantiqueira, é o maior responsável pelo suprimento de água do Brasil, apesar da Amazônia ter muito maior volume, por exemplo. É muito importante para o país a proteção das águas do Sul de Minas, compreendendo as nascentes, as matas ciliares, reservatórios e tudo o que garante a sua preservação”, afirmou o ex-secretário.
As águas do Sul de Minas Gerais compreendem os recursos hídricos situados nas bacias dos rios Grande e Paraíba do Sul e, no extremo sul, dos rios Piracicaba/Jaguari, além das nascentes do rio Mogi Guaçu. Com 110.025 quilômetros quadrados, a bacia do Rio Grande é uma das maiores de Minas Gerais. Excluindo-se a porção situada no Triângulo Mineiro (do Baixo Rio Grande), a área de drenagem da bacia do Rio Grande no sul de Minas Gerais é de 91.241 km2 . A Bacia do Rio Grande é responsável por 67% da energia elétrica gerada em território de Minas Gerais.
A bacia do Rio Grande é integrada por oito sub-bacias hidrográficas: Alto Rio Grande (onde estão as nascentes do rio Grande, na Serra da Mantiqueira, no município de Bocaina), rios das Mortes (nascentes em Barbacena e Senhora dos Remédios) e Jacaré (nasce na Serra do Galba, em São Tiago), do reservatório de Furnas (bacia localizada entre os municípios de São José da Barra e São João Batista do Glória, com cidades importantes como Alfenas, Varginha e Lavras), rio Verde (onde estão municípios como São Lourenço), rio Sapucaí (também nasce na Serra da Mantiqueira, em Campos do Jordão, São Paulo, e deságua no reservatório de Furnas), Mogi Guaçu e Pardo (nascem em Minas Gerais e seguem trajeto em São Paulo), Médio Rio Grande (onde estão os municípios de Itamogi, São Sebastião do Paraíso e Passos, entre outros) e Baixo Rio Grande (parte da bacia do Rio Grande no Triângulo Mineiro, até a foz do rio, depois de percorrer 1300 km, encontrando-se com o rio Paranaíba para formar o grande Rio Paraná).
Com seus três milhões de moradores, a Bacia do Rio Grande tem uma importância histórica para Minas Gerais e para o Brasil. É onde está o famoso Circuito das Águas (de Caxambu, Cambuquira, etc), o reservatório de Furnas tão importante para o abastecimento de água e de energia elétrica, a maior parte do trajeto mineiro da rodovia Fernão Dias (que liga São Paulo a Belo Horizonte) e onde é cultivada a maior parte do café produzido em território mineiro – o café responde por 30% do PIB mineiro. Um quarto da produção de café do Brasil sai do Sul de Minas, em mais uma contribuição cultural e econômica essencial da região.
Algumas fontes de risco às águas da bacia do Rio Grande merecem grande atenção. Na bacia do Alto Rio Grande, a maior fonte de pressão sobre os recursos hídricos, segundo o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), é o lançamento de esgotos sanitários nos rios Aiuruoca e Capivari.
O professor Sérgio Mário Regina, engenheiro agrônomo e pesquisador da Epamig, presidente do 1º Comitê de Sub-Bacia Hidrográfica do Brasil (do Rio Verde), advertiu por sua vez para o desmatamento na região do Rio Verde. Ele acredita que, para cada 100 hectares desmatados na bacia, somente um foi reflorestado, conforme depoimento à revista “Minas Faz Ciência”.
Na região do entorno do reservatório de Furnas, um fator preocupante é a ausência histórica de uma política de proteção das matas ciliares e das áreas de preservação permanente, nas margens dos rios e da represa. Sem as matas ciliares, os leitos dos rios e represas ficam mais expostos à erosão e ao assoreamento. É fundamental, também, um estudo aprofundado dos potenciais impactos no reservatório do aquecimento global. Como o aquecimento das temperaturas afetará o nível de reservatórios como o de Furnas? Pergunta fundamental para o Brasil, que depende em mais de 70% de sua eletricidade de fontes hídricas. O reservatório de Furnas já sofre, periodicamente, com grandes estiagens – o nível das águas cai muito, e com ele o turismo em torno de Furnas, entre outras atividades.
Na bacia do Rio Sapucaí, o IGAM adverte para a ocorrência de queimadas e desmatamento, além do lançamento de efluentes industriais. Na bacia dos rios Mogi Guaçu e Pardo, ocorre uso intensivo de agrotóxicos (sobretudo nas culturas de batata e morango) e lançamento de efluentes industrias e urbanos sem tratamento.
São várias ameaças, portanto, às águas da bacia do Rio Grande. É essencial que haja uma atenção mais rigorosa, para que essa região do Sul de Minas tenha de fato um desenvolvimento sustentável – crescimento econômico, qualidade de vida, mas com proteção do meio ambiente em geral e das águas em particular.
(Matéria também publicada no jornal "Itamogi Noticias")
Pantanal, patrimônio da vida
Vida em abundância, a marca do Pantanal e do rio Paraguai,
visto de Corumbá (Foto Adriano Rosa)
Como aconteceu, acho, com muitos brasileiros, a primeira vez que ouvi falar de Pantanal, quando criança, foi em fato associado a pescaria. Mais exatamente, as pescarias que meu padrinho José Borges adorava fazer na região. E de fato Pantanal tem sido historicamente sinônimo de pesca e pecuária, mas ultimamente a ocupação da região tem ocorrido de outras formas. O turismo intensivo, a mineração e atividades agrícolas têm-se aprofundado no bioma que soma 210 mil quilômetros quadrados.
"Gestão do Ecossistema Pantanal: Rumo a uma Sociedade Sustentável". Esse é o tema geral do V Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal (Simpan), que começa nesta terça-feira, 9 de novembro, e vai até sexta-dia, 12, em Corumbá. Especialistas do Brasil e instituições estrangeiras vão debater a ocupação sustentável do Pantanal, avaliando setores como agricultura, pecuária, turismo e até os impactos do aquecimento global no bioma que tem impressionante reserva de vida.
Os voos do tuiuiú, ave-símbolo do Pantanal, com suas asas abertas podendo atingir dois metros, são uma marca da biodiversidade da região, que conta ainda com centenas de espécies de aves, peixes e milhares de espécies da flora. A ariranha, o tamanduá-bandeira, a onça-pintada, a anta e o tatu-canastra são algumas das espécies em ameaça de extinção na região.
O V Simpan será aberto na noite desta terça, dia 9, com conferências de José Samuel Magalhães, gerente setorial de Comunicação da Petrobrás da Região Norte, Centro-Oeste e Minas Gerais, e da dra.Emiko Resende, da Embrapa-Pantanal. Palestras e demais atividades a partir da manhã de quarta, dia 10. Na noite de quarta, show com Sérgio Reis, na praça Generoso Ponce. Programação completa no site: (http://www.cpap.embrapa.br/simpan)
Com patrocínio da Petrobrás, o V Simpan é uma realização da Embrapa-Pantanal, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e Instituto de Comunicação Social do Brasil (ICS), correalizado pela Prefeitura de Corumbá e apoio da Prefeitura de Ladário, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Universidade Anhanguera, Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) e Centro de Convenções do Pantanal de Corumbá, onde serão as atividades. Corumbá tem 60% do Pantanal do Mato Grosso do Sul e 37% do Pantanal brasileiro. É o centro estratégico, portanto, de reflexão sobre o futuro pantaneiro.
Uma sinfonia da natureza, expressando o seu amor à humanidade e a todas espécies vivas. Este é o Pantanal, celebrado em versos como os de Manoel de Barros, o grande poeta pantaneiro, no "Diário de Bugrinha": "As garças descem nos brejos que nem brisas./ Todas as manhãs". Um sim à vida, uma responsabilidade de todos. (Por José Pedro S.Martins)
Riqueza e abastecimento de São Paulo e
Rio de Janeiro dependem do Sul de Minas
A importância dos rios do Sul de Minas Gerais para a economia brasileira fica evidente pela sua contribuição às duas regiões metropolitanas mais ricas do país. Rio de Janeiro e São Paulo dependem, diretamente, das águas das bacias dos rios Paraíba do Sul e Piracicaba/Jaguari.
A bacia do Rio Paraíba do Sul é integrada por duas bacias, a dos afluentes mineiros dos rios Preto e Paraibuna e a dos rios Pomba e Muriaé. A região da bacia do Rio Paraíba do Sul é onde está o importante município de Juiz de Fora. É uma região de grande influência do Rio de Janeiro – os mineiros dessa região até torcem para times cariocas.
O Rio Paraíba do Sul nasce pela junção dos rios Paraitinga e Paraibuna, ainda no estado de São Paulo, mas depois atravessa Minas Gerais (na Zona da Mata) antes de chegar ao território do Rio de Janeiro. Em Minas Gerais estão 88 dos 180 municípios que compõem a bacia do Rio Paraíba do Sul. Cerca de 14 milhões de moradores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro é abastecida com 47 mil litros de água por segundo da bacia do Rio Paraíba do Sul. Ou seja, a Bacia que tem grande parte de seu território no Sul de Minas Gerais é responsável pelo abastecimento da segunda região economicamente mais forte do Brasil, correspondendo a cerca de 10% do PIB nacional.
A mesma importância econômica tem a bacia dos rios Piracicaba e Jaguari, no extremo Sul de Minas Gerais. A região compreende os municípios de Camanducaia, Extrema, Toledo e Itapeva, onde vivem pouco mais de 50 mil moradores. É nessa região de 1.161 km² que estão as nascentes dos rios Atibaia e Jaguari, que são os principais rios formadores da bacia do rio Piracicaba. Esta é a bacia responsável pelo abastecimento de metade da Grande São Paulo, ou cerca de 10 milhões de pessoas, através do Sistema Cantareira. O Cantareira é composto por cinco reservatórios, que armazenam as águas dos rios que nascem em Minas Gerais. Proteger as nascentes desses rios, nas encostas na Mantiqueira, significa, portanto, garantir água para a região mais populosa e rica do Brasil. Dado que confirma como e uma questão estratégica para o pais proteger as águas do Sul de Minas Gerais.
Do mesmo modo, as águas do rio Mogi-Guacu, que nasce em Minas Gerais, são fundamentais para abastecimento de cidades mineiras e paulistas. A Bacia Hidrográfica do Mogi-Guaçu compreende uma área de 35.742 km², sendo 17% em Minas Gerais e 83% em São Paulo. São 40 municípios, com população de cerca de 1,5 milhão de habitantes. Entre outros municípios estão Andradas, Bom Repouso, Inconfidentes, Jacutinga, Monte Sião e Ouro Fino (MG) e Serra Negra, Socorro, Lindóia, Águas de Lindóia, Itapira, Mogi Guaçu e Espírito S. do Pinhal (SP). Resta pouca vegetação nativa na área da bacia. (Por José Pedro Martins)
A bacia do Rio Paraíba do Sul é integrada por duas bacias, a dos afluentes mineiros dos rios Preto e Paraibuna e a dos rios Pomba e Muriaé. A região da bacia do Rio Paraíba do Sul é onde está o importante município de Juiz de Fora. É uma região de grande influência do Rio de Janeiro – os mineiros dessa região até torcem para times cariocas.
O Rio Paraíba do Sul nasce pela junção dos rios Paraitinga e Paraibuna, ainda no estado de São Paulo, mas depois atravessa Minas Gerais (na Zona da Mata) antes de chegar ao território do Rio de Janeiro. Em Minas Gerais estão 88 dos 180 municípios que compõem a bacia do Rio Paraíba do Sul. Cerca de 14 milhões de moradores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro é abastecida com 47 mil litros de água por segundo da bacia do Rio Paraíba do Sul. Ou seja, a Bacia que tem grande parte de seu território no Sul de Minas Gerais é responsável pelo abastecimento da segunda região economicamente mais forte do Brasil, correspondendo a cerca de 10% do PIB nacional.
A mesma importância econômica tem a bacia dos rios Piracicaba e Jaguari, no extremo Sul de Minas Gerais. A região compreende os municípios de Camanducaia, Extrema, Toledo e Itapeva, onde vivem pouco mais de 50 mil moradores. É nessa região de 1.161 km² que estão as nascentes dos rios Atibaia e Jaguari, que são os principais rios formadores da bacia do rio Piracicaba. Esta é a bacia responsável pelo abastecimento de metade da Grande São Paulo, ou cerca de 10 milhões de pessoas, através do Sistema Cantareira. O Cantareira é composto por cinco reservatórios, que armazenam as águas dos rios que nascem em Minas Gerais. Proteger as nascentes desses rios, nas encostas na Mantiqueira, significa, portanto, garantir água para a região mais populosa e rica do Brasil. Dado que confirma como e uma questão estratégica para o pais proteger as águas do Sul de Minas Gerais.
Do mesmo modo, as águas do rio Mogi-Guacu, que nasce em Minas Gerais, são fundamentais para abastecimento de cidades mineiras e paulistas. A Bacia Hidrográfica do Mogi-Guaçu compreende uma área de 35.742 km², sendo 17% em Minas Gerais e 83% em São Paulo. São 40 municípios, com população de cerca de 1,5 milhão de habitantes. Entre outros municípios estão Andradas, Bom Repouso, Inconfidentes, Jacutinga, Monte Sião e Ouro Fino (MG) e Serra Negra, Socorro, Lindóia, Águas de Lindóia, Itapira, Mogi Guaçu e Espírito S. do Pinhal (SP). Resta pouca vegetação nativa na área da bacia. (Por José Pedro Martins)