MG/SP

(Artistas de vários estilos do Sudoeste de Minas Gerais, muitos novos e vários conhecidos nacionalmente, que fazem brilhar ainda mais a música brasileira)

LEVY LOPES, UM DIAMANTE DO PAGODE UNIVERSITÁRIO

Por José Pedro S.Martins




Levy Lopes, simpatia, juventude e enorme talento
(Foto Divulgação)

      Marquei uma conversa com Levy Lopes em um cantinho tranquilo, aconchegante, de Monte Santo de Minas.  Era lá, na cidade de nascimento do artista, que eu gostaria de falar com esse jovem que vem encantando multidões cada vez maiores no Sul-Sudoeste de Minas e em várias cidades paulistas, com seu pagode universitário criativo, envolvente. Em poucos minutos de papo, já dava para perceber: humilde ao extremo, nenhum estrelismo que eventualmente acompanha quem está no começo de uma carreira. E mais: uma razoável timidez, que poderia à primeira vista ser incoerente com o pique e o balanço que ele mostra no palco. Mas não tem nada de incoerente: é fruto da educação que recebeu, é resultado dos valores que herdou e cultivou, o amor à raiz, uma das marcas de sua música diferenciada, de seu estilo absolutamente pessoal no campo do pagode, uma das faces mais autênticas da cultura popular brasileira.
     A música está na veia, transpira por todos os poros, na família de Levy. Nascido a 14 de setembro de 1989, no Barreirinho, zona rural de Monte Santo, é filho de José Vitor Lopes, um artista completo de Monte Santo de Minas. Ele é o José Vitor que faz dupla com Salim, trabalhando o legítimo sertanejo de raiz. Cantoria, então, ecoando por todos cantos da casa desde criança. Levy tem mais dois irmãos e um deles, Leandro, também se consolidou como grande artista. É integrante da dupla Matheus Minas & Leandro, que também está "estourando" em São Paulo, já com o segundo CD gravado.


Levy respira música desde criança: filho e irmão de músicos
(Foto Divulgação)

     E foram com o irmão os primeiros passos artísticos de Levy. Quase crianças, formaram a dupla Leandro & Levy. Apresentações nas casas de amigos, comemorações de aniversário, outras festas. O diamante começava a ser lapidado. O passo seguinte foi mais arrojado, como percussionista na Banda US Brasil, de Monte Santo. Banda de baile, tocou em vários lugares, uma aula de música, porque, para atender aos pedidos do público, os componentes tinham que "se virar" em vários estilos.
    A US Brasil foi determinante para a "contaminação" não apenas de Levy com o "vírus da música". Outros integrantes também se decidiram a entrar de corpo, alma e talento na carreira musical pela passagem na US Brasil, como o próprio irmão Leandro e também Luana Marques e Juliano, que agora formam outra dupla em ascenção na cena regional do Sudoeste de Minas.Mas USB seria o que? "Unidade Sonora Brasil", explica Levy, que neste período passou a cultivar um hábito, quase um ritual, que mantém até hoje: ouve de tudo. Ele adora jazz, música latina, rock, MPB - admira muito Djavan, Caetano e Chico, por exemplo.



Escola "Américo de Paiva", onde Levy estudou em Monte Santo 

     Com mais "traquejo",  o "diamante" continuava a ser trabalhado. Próximo degrau da escada musical foi a formação, em 2008, também com grupo de amigos, do grupo Pura Magia, que liderou por dois anos. Grupo resultante do Sambom, que durou pouco tempo, mas foi fundamental porque começou a indicar um rumo. E o rumo era o samba e o pagode, que se consolidaram no coração de Levy Lopes na época do Swing Magia.
    Apenas uma outra opção, igualmente brasileiríssima, poderia afastar Levy da carreira musical: o futebol. Com 1,85, corpo de atleta, foi um razoável atacante, e por pouco não tentou essa área. Mas acabou mesmo jogando em outros campos, com o gosto pelo samba e pacode no Pura Magia, resultado da junção de componentes do Sambom e do Qui Beleza.



Levy em show em São Paulo, onde já se apresenta em várias casas
 de sertanejo e pagode (Foto Yara Lima)

     Muita estrada percorrida nesses dois anos, até que, em outubro de 2010, veio talvez a grande decisão tomada por Levy até o momento, seguir a carreira solo. Depois de passar por vários estilos, o diamante estava maduro para criar uma identidade própria. E vem daí o pagode universitário que Levy vem divulgando, com êxito crescente.
     Claro, decisão muito difícil. Como manter uma banda completa? Como assumir uma agenda cada vez mais repleta de shows? Que retaguarda é necessária? Questões sensíveis para um artista que projeta um crescimento ainda maior. Qualquer erro poderia ser fatal. 
     Mas as peças foram se encaixando. Na banda, vários músicos experientes, como Cristiano na bateria, Gustavo no baixo (também faz a produção musical), Tiago na guitarra, Sidney no violão, Beto Rosa e Breninho na percussão e o craque do cavaco Wellington Nascimento, considerado por Levy como um verdadeiro professor para o jovem artista. 
     Membros com residência em diversas cidades, os ensaios são feitos geralmente em um estúdio em Franca. Ensaios não muito frequentes, mas a afinação acontece na prática, em shows em número crescente. Não é raro o final de semana em que Levy Lopes e banda fazem dois ou três shows em cidades diferentes no mesmo dia. Monte Santo de Minas, Itamogi, Pratápolis, Arceburgo e principalmente Passos, em Minas Gerais, mas também Piracicaba, Mococa e Franca, em São Paulo. 
     Levy já se apresentou em várias casas da capital paulista, como Santa Aldeia, Jambalaia e Cachaçaria Dumont, tradicionais redutos do sertanejo e do pagode. Este é outro desafio que Levy resolveu enfrentar, ao decidir transitar para o pagode universitário: a sua região de origem, o Sudoeste de Minas, é tradicionalmente um reduto do sertanejo, de raiz e em outras vertentes. Mas ele acreditou no pagode universitário, uma tendência em ascenção por vários fatores, a penetração via internet entre eles. 
     Passos é um exemplo claro. Cidade universitária, recebendo jovens de toda região e também de cidades paulistas, Passos já vem vários espaços dedicados exclusivamente ou que no mínimo apoiam muito o pagode universitário. Casos do Bárbaro, Espaço Absoluto e o Don Fernandez.  O Bárbaro Bar, aos domingos, passou a sediar um projeto muito especial, o Levy Lopes e Convidados. Um diálogo musical, uma conversa artística, entre Levy e artistas de outros estilos, como o Grupo Samba Só e a dupla sertaneja Jorge Dimas e João. Alguns shows já foram feitos, em São Paulo, com a dupla Mathes Minas & Leandro, relembrando a parceria com o irmão.          
      Para coordenar tudo isso, as mãos, o suor e a inteligência da competente produtora Camila Ragazzi. É ela quem agenda os shows, cuida dos contratos, fica nos bastidores para que a roda-viva não interfira na qualidade artística do grupo. Disso Levy não abre mão. "Queremos melhorar sempre, isso é ponto de honra para nós!", destaca.   



Preocupação permanente com a qualidade e inserção total no universo das mídias sociais, pela interatividade com o público 

      Maior sonho? "Que o Brasil conheça a minha música". Levy sabe que o caminho é longo, mas ele já deu muitos passos. Está totalmente conectado, por exemplo, com as mídias sociais. Tem páginas no Orkut, Facebook, Twitter e MySpace, além do blog http://levylopesoficial.blogspot.com/
      Suas músicas já são muito acessadas também no YouTube. Com tudo isso, com shows em número crescente, mas em particular com muita garra e disposição, aliadas a um enorme talento e simpatia, Levy Lopes brilha cada vez mais. "Rolou Já Era" é o seu grande hit do momento. Um artista inquieto, que busca conversar com múltiplas influências para qualificar permanentemente a sua música e o seu repertório. Um diamante raro, reluzente entre os Tesouros de Minas Gerais.