quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pró-reitor da Unicamp denuncia a insustentabilidade nas grandes cidades


Professor Mohamed Habib pediu políticas públicas

para evitar mortes de jovens por homicídios no Brasil

(Fotos Adriano Rosa)



Pró-reitor da Unicamp e jornalista José Pedro Martins

debatem sobre papel do cidadão diante de desafios metropolitanos


Teatro do SESC Campinas praticamente lotado

na exposição do professor Mohamed


A insustentabilidade nos grandes centros urbanos brasileiros, como na Região Metropolitana de Campinas (RMC), foi denunciada pelo biólogo Mohamed Habib, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, durante debate nesta quinta-feira, 4 de agosto, no Teatro do SESC Campinas. O debate sobre Meio Ambiente Urbano: Qualidade de Vida e Harmonia Social integrou o ciclo de palestras "Fala mais sobre isso!", promovido pelo SESC Campinas.

O professor Mohamed Habib observou que a Revolução Industrial provocou uma completa modificação no panorama mundial, sobretudo nos últimos 100 anos, período em que a população passou de 2 bilhões para quase 7 bilhões de pessoas. Uma das radiciais modificações, observou, foi o perfil populacional. Há cinco décadas, mais de 70% da população brasileira viviam na zona rural. Hoje, mais de 80% moram nas cidades, especialmente em grandes centros urbanos, "que não foram preparadas para receber esse fluxo migratório", destacou o biólogo.

As grandes cidades continuam, regra geral, sem planejamento, vivendo apenas do improviso, lamentou o professor Mohamed. Ele entende que a enorme concentração de renda no Brasil é uma razão estrutural para a insustentabilidade nos grandes centros urbanos.

Um dos indicadores mais claros da insustentabilidade, acentuou, é o fato de que todo ano morrem no Brasil entre 40 mil e 50 mil pessoas por homicídio, em sua grande maioria jovens. O pró-reitor da Unimep pediu, então, políticas públicas urgentes para evitar essa grande catástrofe. Citou o caso da aplicação de medidas mais rígidas no trânsito, que a seu ver tem evitado grande número de mortes.

O passivo ambiental nas grandes cidades e o aquecimento global são outros reflexos da insustentabilidade, protestou o professor Mohamed, lembrando que mais de 50% dos gases de efeito-estufa são emitidos pela frota automotiva. Pediu, então, urgência igualmente em medidas para impulsionar o transporte coletivo e outras. "As cidades foram pensadas para que as pessoas vivessem melhor. Mas por que, hoje, na sexta-feira, milhões de pessoas deixam as grandes cidades e vão procurar um lugar mais tranquilo para descansar?", indagou, como um exemplo de que as pessoas estão insatisfeitas com o modo de vida nas grandes cidades.

Maior informação para a cidadania e melhoria na educação são, para o professor Mohamed, caminhos absolutamente estratégicos para a construção de outro formato de cidade, completou. O pró-reitor da Unicamp defendeu, então, uma ampla reforma educacional no Brasil, para que de fato o país que hoje é a sétima economia global não continue sendo o país colocado no lugar de número 69 no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). "Não precisamos apenas de mais médicos, engenheiros ou advogados, precisamos seres humanos melhores", concluiu, para o aplauso geral do público, que quase lotou o Teatro do SESC Campinas.

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