Histórias sobre Campinas, região metropolitana e bacia do rio Piracicaba. O povo da região, a cultura, o meio ambiente, ideias sobre o hoje e os desejos para o amanhã. E as impressões de viagem de um jornalista mineiro vivendo em Campinas e região há 30 anos. Claro, saudoso, também escreve sobre a região de onde veio - Itamogi, Monte Santo de Minas, São Sebastião do Paraíso, Santo Antonio da Alegria, Altinópolis, Batatais...
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Meio ambiente é tema de Pré-Grito dos Excluídos nesta quinta-feira no Satélite Íris I em Campinas
Impactos das políticas de segurança na infância e adolescência latino-americanas são tema de Colóquio internacional em São Paulo
Este evento proposto por Equidade para a Infância América Latina tem como finalidade promover um debate sobre as políticas de segurança em termos dos seus impactos nos direitos das crianças e adolescentes, a partir de uma perspectiva latino-americana.
O encontro é motivado pela preocupação em relação às condições de vida das crianças e adolescentes, e às múltiplas formas de violência que afetam direta e indiretamente tanto as crianças pequenas a partir dos primeiros anos de vida, quanto os adolescentes. O Colóquio pretende enfocar algumas situações como a falta de atenção dada à primeira infância nas discussões sobre a violência e a segurança pública, bem como a visibilização social dos adolescentes principalmente como agentes de violência, sendo por isso foco de repressão e de demandas sociais por maior punição.
Considerando a complexidade e pertinência deste tema na região, propõe-se um espaço para a reflexão em torno das políticas de segurança pública que priorize a necessidade de proteger os direitos das crianças e adolescentes, sejam elas vítimas ou agentes da violência. O debate estará dirigido principalmente à análise da realidade brasileira, mas promovendo o diálogo da situação nacional com as experiências e contribuições de outros países latino-americanos, como Colômbia e México.
Especialistas acadêmicos, representantes governamentais e de organizações sociais apresentarão diferentes pontos de vista acerca do problema e reflexionarão sobre as políticas e programas de segurança a partir da perspectiva da garantia dos direitos humanos, e particularmente, dos direitos da infância e adolescência.
Deste modo, o colóquio se organiza através de dois eixos de discussão:
i) Desigualdades sociais, contextos e condições de vida
ii) Respostas estatais e da sociedade civil
A atividade se dirige a especialistas, acadêmicos, profissionais e técnicos de programas e projetos orientados à defesa e promoção dos direitos da infância.
A participação é gratuita, sendo necessária confirmação prévia.
Mais informações: http://www.equidadeparaainfancia.org/
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Mobilidade urbana em debate no SESC-Campinas na quinta, 1 de setembro
O conferencista será o engenheiro Agenor Cremonese, especialista em mobilidade urbana, assessor da Prefeitura de Campinas quando o município ganhou o Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito em 1995 e 1996, coordenador de programas de segurança no trânsito de Santo André e Criciúma em parceria com a Rede URBAL, da Comissão Europeia, coordenador do Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Santo André, atual assessor em mobilidade urbana das Prefeituras de Osasco e Bragança Paulista.
Em seguida à conferência, haverá a apresentação do Projeto Ciclovia de Indaiatuba, pela Prefeitura de Indaiatuba, cidade em que o uso de bicicleta representa uma prática cultural tradicional. A série “Fala mais sobre isso” representa um espaço de reflexão sobre temas relacionados à cidade. Em agosto, o professor Mohamed Habib, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, foi o conferencista. As atividades nesta quinta-feira, 1º de setembro, serão no Teatro do SESC. A entrada é grátis. A mediação do evento será do jornalista José Pedro Martins.
domingo, 28 de agosto de 2011
Escolas das regiões de Piracicaba e Bragança Paulista podem se inscrever até amanhã, dia 29, no Programa Minha Escola Cresce
Serão encerradas nesta segunda-feira, dia 29 de agosto, as inscrições para escolas interessadas em participar da Nona Edição, referente a 2012, do Programa Minha Escola Cresce, do Instituto Arcor Brasil. As inscrições poderão ser feitas, por escolas de ensino fundamental das regiões de Piracicaba e Bragança Paulista, no interior de São Paulo, e municípios de Contagem (MG) e Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho (PE), no site do Instituto Arcor Brasil (http://www.institutoarcor.org.br/).
Após as inscrições, serão promovidas oficinas de elaboração de projetos, para as diferentes regiões de abrangência do Programa, entre 1º e 23 de setembro. Em seguida às oficinas, os projetos candidatos serão encaminhados, até o dia 3 de novembro, mês em que serão definidos os projetos que terão apoio em 2012 do Instituto Arcor Brasil.
Em oito anos, já são 166 projetos apoiados dentro do Programa Minha Escola Cresce, de escolas públicas do interior de São Paulo e mais municípios de Contagem e Ipojuca. A iniciativa visa dar respaldo técnico e financeiro a projetos concebidos pelas próprias escolas, após amplo diagnóstico interno. As ações sempre dão estímulo ao protagonismo de crianças e adolescentes e visam maior participação das famílias e comunidade na vida escolar. Fortalecer as escolas públicas, como espaço privilegiado de geração e disseminação do conhecimento, constitui então o foco central do Programa.
Na Oitava Edição, referente a 2011, são apoiados projetos em Bragança Paulista, Pinhalzinho, Pedra Bela, Rio das Pedras, Capivari, Monte Mor e em Piracicaba, todos no interior de São Paulo. Os demais são em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (seis projetos), e em Ipojuca, em Pernambuco (quatro projetos).
Os 22 projetos foram selecionados após oficinas com representantes de dezenas escolas que apresentaram projetos nos três estados e depois da avaliação de uma comissão de especialistas. As cidades com projetos apoiados são de regiões onde estão localizadas as cinco fábricas da Arcor do Brasil.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Chuvas não melhoram situação de rios da região de Campinas e Piracicaba
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Oficinas sobre capoeira em Santa Bárbara: patrimônio cultural do Brasil para ler, ver e praticar
Neste domingo, 21 de agosto, a Estação Cultural, mantida pela Fundação Romi, em Santa Bárbara d´Oeste, vai oferecer oficinas de capoeira, sob a coordenação do Mestre Tuim. As oficinas estão ligadas ao Projeto Capoeira, um Patrimônio Cultural (da Editora Komedi e 3S Projetos), que inclui livro do mesmo nome, assinado pelo jornalista José Pedro Martins, com fotos de Adriano Rosa. As oficinas serão entre 8 e 9h30 e entre 10 e 11h30. O evento é gratuito e aberto a toda comunidade.
O livro "Capoeira, um patrimônio cultural" (Komedi, 2011), bilíngue, em português e inglês, faz um registro histórico das raízes da capoeira, que poderá ser incluída como esporte nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. "Será a coroação da presença internacional da capoeira, esporte sim, mas, sobretudo, uma filosofia de vida e uma das mais completas traduções da alma mestiça brasileira. A alma que dança, que ginga sob o acompanhamento harmonioso do berimbau, dos pandeiros e de outros instrumentos", diz o autor.
Em seguida o jornalista José Pedro Martins destaca a repressão que marcou os primeiros tempos da capoeira no Brasil, apesar do reconhecimento popular e de seu papel, por exemplo, na Guerra do Paraguai. Durante o primeiro governo Getúlio Vargas, a capoeira foi finalmente liberada. Tendo como pilares nomes como os mestres Bimba e Pastinha, a capoeira, em suas versões Regional e de Angola, ganhou todo Brasil, além de servir como "embaixada" brasileira em mais de 100 países.
A capoeira na cultura é outro tema abordado no livro. Ela foi objeto de reflexões na literatura, por nomes como Jorge Amado, Gilberto Freyre e Machado de Assis. No cinema, com destaque para o filme "Barravento", de Glauber Rocha. Nas artes plásticas, na obra de nomes como Debret e Rugendas.
"Capoeira, um patrimônio cultural", o livro, também destaca a presença da capoeira em território paulista, em municípios como São Paulo, Sorocaba e Porto Feliz. Em Campinas, também, com o papel histórico, nos tempos recentes, da Academia de Odete Raia, que fez um convite para grandes mestres para atuarem na cidade. Alguns deles se fixaram em Campinas, que se tornou importante polo regional. Mestres Tarzan, Godoy e Maya são alguns dos nomes de referência da capoeira na cidade, que em 2004 sediou o I Seminário Nacional de Estudos sobre a Capoeira.
O autor conclui: "O Seminário de Caminas é mais um evento demonstrando a força da capoeira em território paulista, a exemplo do que ocorre em todo país, espraiando-se por todo planeta. Um alfabeto de cores e amores, cultivado na nossa mestiçagem e distribuído como mensagem de paz do Brasil e seu povo maravilhoso para o mundo".
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Vazão do rio Piracicaba atinge índice crítico: região redobra o alerta
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Aziz Ab´Saber, a voz da indignação, tem relação histórica com região e faz alerta sobre Campinas
Aquela noite estava fria, mas a aula plural de Ab’Saber, aliada a seu imenso amor pelo país, tornaram bem quente o ambiente do Encontro Regional. O geógrafo conhece a fundo o processo de evolução desordenada do tecido urbano de Campinas e de toda a região. O geógrafo nascido na bela São Luis do Paraitinga, em 1924, começou sua brilhante carreira acadêmica aqui mesmo, dando aulas entre 1952 e 58 nas Faculdades Campineiras, embrião da futura Universidade Católica.
As incursões pelo território campineiro ajudaram e muito na formulação da Teoria dos Redutos, uma das inúmeras contribuições de Ab’Saber à Ciência. Ele se maravilha em especial com as formações rochosas encontradas no distrito de Joaquim Egídio, fruto de movimentações no solo ocorrida há milhões de anos. Alterações climáticas profundas, também em tempos imemoriais, levaram por sua vez a modificações radicais na composição vegetal do território de Joaquim Egídio e em toda região.
Mas parte desse passado remoto ainda resiste no distrito, na forma por exemplo da vegetação rupestre de lajedos rochosos, identificada há poucos anos pelo esforço da agrônoma e doutora em botânica Dionete Santin – que apresentou os resultados de seu trabalho no mesmo Encontro do SESC.
Preservar essas relíquias remanescentes no Município é um dos grandes motivos para se frear a dilatação inconseqüente da área urbana, destacou o professor Ab’Saber. Ele também pediu atenção para o perfil do metabolismo urbano de Campinas, na sua opinião indicativo da degradação dos recursos naturais e da qualidade de vida na cidade.
Mas o professor Ab’Saber mostrou enorme preocupação com outro patrimônio, de todos brasileiros, que é a Amazônia. A escalada da destruição na floresta amazônica quase não tem precedentes na história mundial, avisou o geógrafo. Ab’Saber demonstrou sua clara insatisfação com a recente declaração do então presidente Lula, para quem a Amazônia não poderia ser mais considerada “intocável”. Para o geógrafo, ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e companheiro de Lula na campanha pelas diretas-já de 1984 e nas posteriores Caravanas da Cidadania, afirmações como essa do ex-presidente poderiam pôr ainda mais em risco a integridade da floresta.
Ab’Saber reiterou sua tese de que a Amazônia, como todo Brasil, não cabem em um único projeto, em função da diversidade de ecossistemas e de realidades sociais, culturais e étnicas, tanto na floresta como em todo território nacional. “Não dá para falar em um projeto sem conhecer a realidade, e isso apenas como resultado de um esforço multidisciplinar, integrando profissionais e estudantes de distintas áreas”, sublinhou o mestre Ab’Saber, que ao final de sua exposição foi aplaudido de pé e homenageado por estudantes da PUC-Campinas.
Dom Quixote dos áridos tempos atuais, Aziz Ab’Saber dedicou-se ultimamente a outra causa nobre: montar bibliotecas em bairros de baixíssima renda. Ele não desiste de acreditar no Brasil, apesar dos pontuais desencantos e de sua santa indignação. (Por José Pedro S.Martins)
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Dia do Folclore, dia para a região repensar o futuro da cultura popular
Tempos rápidos, de mudanças profundas e em velocidade que às vezes assusta. O avanço frenético dos meios de comunicação, em especial da Internet, e seu impacto na sociedade é a face mais conhecida do atual modo de vida, reinante em grande parte do planeta.
Momento de grandes oportunidades, das redes sociais que aproximam pessoas, da informação instantânea, de maior transparência, mas também momento de riscos, e um deles é o relacionado à perda dos valores culturais mais íntimos do povo.
Pois é justamente disso que o folclore trata. O folclore, na raiz da palavra inglesa, é a cultura do povo, é o conjunto de valores, símbolos e expressões culturais que traduzem a alma do povo, os seus sentimentos mais profundos.
Será uma perda incomensurável para todos se a cultura popular for de alguma forma prejudicada pela hegemonia dos meios de comunicação, que podem favorecer uma cultura de massa, padronizada, muito influenciada por fatores técnicos e científicos. E pela lógica do lucro.
Não, não se trata de ficar cultuando o passando, e nem de desprezar as conquistas extremamente positivas do mundo da mídia e de outros emblemas dos avanços da ciência e da técnica. O que se trata é de continuar valorizando a cultura feita pelo povo e para o povo, uma cultura então na essência muito democrática. E que pode muito bem dialogar com o novo.
Um dos ícones da força do folclore, da cultura popular brasileira, é o resgate que está acontecendo em São Luiz do Paraitinga, a cidade que quase foi arrasada no Verão de 2010. Paraitinga é uma das cidades mais identificadas com o folclore no Brasil.
Uma questão que deve ser pensada por ocasião do Dia do Folclore é exatamente o sentido da palavra... folclore. A própria palavra passou por um processo de desprestígio. Quando se quer referir a alguém, digamos, “diferente”, que foge ao perfil do considerado “normal”, diz-se que ele é “folclórico”, como se folclórico fosse sinônimo de estranho, de algo que não faz parte da sociedade. Pelo contrário, folclore é o que está mais dentro da sociedade, é a alma, o coração humano na brasa da cultura.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
55 anos do Romi-Isetta em Santa Bárbara d´Oeste confirmam pioneirismo e dinamismo da RMC
domingo, 7 de agosto de 2011
Situação crítica das florestas nas bacias do PCJ e muito grave na RMC
O Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo, de 2005, revelou que os remanescentes florestais cobrem somente 13,94% do território paulista, o que indica um gigantesco desastre ambiental, considerando que originalmente 80% do território estadual eram cobertos com diferentes tipos de florestas. Na região do PCJ o quadro é ainda pior. Dos 1.530.367 hectares que compõem o território das três bacias, somente 105.403 hectares estavam cobertos com vegetação nativa remanescente, ou 6,89%, cerca da metade, portanto, da média estadual.
Nas três bacias, os municípios com maior porcentagem de vegetação nativa remanescente são Bom Jesus dos Perdões (40,0% do seu território), Nazaré Paulista (36,7%) e Jarinu (29,9%). Dos doze municípios das três bacias com pior índice de vegetação nativa remanescente, oito estão na RMC: Hortolândia (2% do município cobertos com vegetação nativa remanescente), Sumaré (2,5%), Santa Bárbara d´Oeste (5%), Santo Antonio de Posse (5,1%), Paulínia (6%), Artur Nogueira (6,3%), Nova Odessa e Campinas (ambos com 7%). Os outros quatro municípios com menores índice de vegetação nativa remanescente são Santa Gertrudes (3,8%), Cordeirópolis (4,3%), Iracemápolis (5,6%) e Rio das Pedras (6,7%). Todas informações são do Sistema de Informações Florestais do Estado de São Paulo – Quantificação da vegetação natural remanescente para os Municípios do Estado de São Paulo – Legenda IBGE – RADAM 2009. Os dados constam do Plano de Bacias para as bacias PCJ 2010-2020.
Segundo dados do mesmo Plano de Bacias, com informações derivadas da interpretação de imagem do satélite Landsat-TM-7 de 2003, 39,06% do território das três bacias eram cobertos por pastagens, 33,61% com cana-de-açúcar, 7,93% por vegetação nativa, 6% por área urbana, 5,90% por culturas perenes, 4% por reflorestamento e 1,47% por corpos d´água (rios, lagos etc). Pequena discrepância em relação ao índice de vegetação nativa apurado pelo Sistema de Informações Florestais de São Paulo, mas de qualquer modo confirmando a baixíssima porcentagem de vegetação nativa remanescente nas três bacias. Um grande desafio para o desenvolvimento sustentável nessa região cada vez mais populosa e ativa em termos econômicos. (Por José Pedro S.Martins)
sábado, 6 de agosto de 2011
Região inspirou Tarsila do Amaral, que aproximou cultura da natureza
Felizmente a cultura brasileira tem sido embebida em natureza, através dos tempos. E um capítulo importante dessa cultura in natura foi escrito na região de Campinas, particularmente na área da bacia do rio Capivari. Nada menos que o Modernismo foi fertilizado por influências geradas aqui na região. O papel da pintora Tarsila do Amaral nesse sentido foi determinante. Tudo começou assim.
Em 1928 o escritor Oswald de Andrade ganhou um quadro da pintora Tarsila do Amaral e a reação foi espontânea. “É o homem, plantado na terra”, disse Oswald, que já era o autor de “Memórias Sentimentais de João Miramar” e de “Alma”, o primeiro livro da trilogia “Os Condenados”. Oswald também tinha sido o autor do Manifesto Pau–Brasil, de 1924, outro dos vértices do Modernismo brasileiro, “inaugurado”, segundo todos os compêndios escolares, com a Semana de Arte Moderna de 1922, embora manifestações modernistas tivessem ocorrido antes, com Monteiro Lobato.
O fato é que Oswald se encantou com a obra de Tarsila e o quadro foi batizado de Abaporu, ou “o homem que come”, em tupi-guarani. Seria o correspondente a “antropófago”, que também quer dizer o “homem que come” nos vocábulos gregos (antropos= homem, fagia=comer).
Estava nascendo aí o Movimento Antropofagia, um dos vértices mais importantes do Modernismo brasileiro. Conceitualmente, a Antropofagia reflete a capacidade de assimilação, pela cultura brasileira, com tintura local, própria, dos valores culturais estrangeiros. É o ato, enfim, de deglutir e de metabolizar as influências alienígenas, e o resultado é um prato bem brasileiro, com tempero bem tropical.
As cores fortes de Abaporu, e de outras obras importantes de Tarsila, como o próprio Antropofagia, de 1929, sintetizam o ideal modernista de valorizar a cultura local, radicada na terra, em diálogo permanente com o que é diferente. E nesse valorizar da cultura local está obviamente implícita a valorização da exuberante natureza brasileira e, claro, de forma interligada, do povo brasileiro, de suas crenças próprias, muito ligadas às coisas da terra.
Tarsila do Amaral pôde dar a sua imensa contribuição a esses conceitos básicos do Modernismo em função de sua infância na fazenda da família em Capivari, nas proximidades do rio do mesmo nome, que corta uma boa parte da região. Nascida em 1886, Tarsila teve contato, na fazenda de Capivari, com as coloridas festas populares e com uma natureza que ainda não tinha sido tão modificada como aconteceria a partir da década de 1950 na região de Campinas, em função do crescimento desordenado, sem planejamento.
A influência telúrica, extraída dessas raízes, foi reconhecida pela própria Tarsila do Amaral, como a crítica Aracy Amaral acentua em sua obra clássica sobre a pintora, “Tarsila: sua obra e seu tempo”, publicada pela Edusp e Perspectiva, em 1975. Comenta Aracy Amaral: “Criada na fazenda, a menina Tarsila tinha natural predileção pelas cores que lhe falavam do calendário das festas populares do interior paulista: ´Ensinaram-me depois que eram feitas e caipiras. Segui o ramerrão do gosto apurado... mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, tudo em gradações mais ou menos fortes, conforme a mistura de branco`.”
A própria figura insólita do Abaporu, certamente produzida sob os influxos do Surrealismo com que Tarsila se embebedou na Europa, é conseqüência direta dessa vivência caipira, como a pintora igualmente confessou posteriormente. “Compreendi que eu mesma havia realizado imagens subconscientes, sugeridas por histórias que ouvira em criança”, disse Tarsila, nas palavras citadas no mesmo livro de Aracy Amaral e referindo-se às várias lendas típicas da cultura popular do interior paulista.
Nascida dois anos antes da Abolição da Escravatura, Tarsila recebeu a poderosa influência da cultura afro-brasileira. Isto ficou claro em quadros como “A Negra”. Tarsila do Amaral faleceu em São Paulo, em 1973, aos 87 anos. Uma vida longa, de amor à cultura brasileira e sua rica biodiversidade.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Vazão no rio Piracicaba melhora, mas situação ainda preocupa: futuro em xeque
Em Piracicaba, o aspecto do rio ainda é desolador em alguns pontos, como nas famosas pedras na proximidade do Engenho Central. Pedras descobertas, em comparação com o cenário diferente em outras épocas do ano. A média histórica de vazão no rio Piracicaba entre 1965 e 1996 foi de 143,9 metros cúbicos por segundo.
É absolutamente vital, para o futuro da Regiao Metropolitana de Campinas e toda as bacias do PCJ, um maior envolvimento da sociedade nas ações relacionadas aos recursos hídricos. Atualmente, a demanda de água nos 65 municípios das três bacias é de 36,34 metros cúbicos por segundo, sendo 19,06 m3/s pelo setor urbano, 10,58 pelo segmento industrial e 6,69 para a área agrícola, via irrigação.
Sem ação efetiva de proteção das águas, em termos de qualidade e quantidade, não haverá garantia para satisfazer as demandas futuras, diante do crescimento populacional esperado e de novas atividades econômicas previstas. A projeão contida no Plano de Bacias 2010-2020 do PCJ é que, em 2020, a região tenha quase 6 milhões (cerca de 5,9 milhões de moradores), contra os atuais 5 milhões de moradores. Uma "nova Campinas", com aproximadamente 1 milhão de moradores, será então acrescentada à região em uma década.
O Plano de Bacias prevê uma demanda de 22,63 metros cúbicos por segundo para o setor urbano em 2020 (de acordo com o cenário tendencial projetado), mais uma demanda industrial de 12,17 m3/s e uma demanda para irrigação de 6,81 m3/s, somando 41,61 m3/s. Ou seja, em uma década a demanda aumentará em 5 metros cúbicos por segundo, aproximadamente. De onde sairá essa água, considerando o estresse hídrico já observado na região, e que se agrava muito em períodos de estiagem como o atual? Apenas com muito planejamento, uso muito eficiente da água e planejamento, planejamento e planejamento, com ações integradas e coordenadas, envolvendo setores público, privado e sociedade civil organizada. Um desafio e tanto. (Por José Pedro S.Martins)
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Pró-reitor da Unicamp denuncia a insustentabilidade nas grandes cidades
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Macrometrópole de São Paulo a todo vapor, e RMC tem chance histórica com Agenda 21
No mesmo evento o governador assinou projeto criando a Aglomeração Urbana de Jundiaí, integrada por sete municípios. A Aglomeração Urbana de Jundiaí, quando constituída, vai se juntar às regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, e também às aglomerações em torno de Sorocaba e São José dos Campos, formando a grande macrometrópole paulista. A macrometrópole, com 153 municípios, soma 72% da população e 80% do PIB paulista, ou 27% do PIB brasileiro. Potência maior do que muitos países.
Entretanto, ainda não existe governança adequada para as metrópoles brasileiras. A Constituição de 1988 e nem o Estatuto da Cidade previram isso. A configuração jurídica e política dos municípios de áreas metropolitanas é a mesma que a de gigantesco município com população reduzida, como em casos no Centro-Oeste e Amazônia, ou a de pequeno município com pequena população.