segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Região contribuiu para consolidar democracia no Brasil

No próximo dia 3 de outubro 135 milhões de brasileiros estarão aptos a votar de presidente da República e governadores estaduais para senadores e deputados federais e estaduais. Trata-se de uma das maiores eleições no planeta, superada talvez apenas pelo pleito na Índia e nos Estados Unidos. Na China, como se sabe, não há eleições totalmente livres.
A nossa bela região tem muito a ver com essas eleições diretas para presidente, as sextas após o retorno da democracia política. A região foi o berço político de dois presidentes da República, Wenceslau Braz e Washington Luís, que começaram suas carreiras respectivamente em Monte Santo de Minas e Batatais. Além disso, três governadores estaduais começaram pela região: os próprios Wenceslau Braz e Washington Luis (que foram governadores de Minas Gerais e São Paulo) e Altino Arantes, ex-governador paulista.
Foi o momento em que a região era uma das forças na economia do café, que dominou a política brasileira por décadas, da Proclamação da República até a queda da bolsa de Nova York em 1929, episódio que abriu as portas para o movimento que levou Getúlio Vargas à presidência. O último presidente do período foi justamente Washington Luis. (Mais detalhes em artigos nesta página)
É muito importante, então, que a região valorize esse momento histórico, fundamental para o processo que levou à consolidação da democracia política no país.
Meu grande abraço, bela região. (Por José Pedro S.Martins)

De Paraíso, o som que chega ao planeta

Calimerio Soares ao lado da estátua a Beethoven,
em Bonn, Alemanha (Foto Arquivo Pessoal Calimerio Soares)


Nascido em São Sebastião do Paraíso, Calimerio Soares tem hoje composições executadas em vários países, além de constantes apresentações no Brasil. No último dia 17 de setembro, sua obra "Frevo" teve estréia mundial em concerto do duo pianístico Celina Szrvinsk e Miguel Rosselini, na Sala Thomas Jefferson, em Brasília. Formado pelo Conservatório Musical de Ribeirão Preto, em 1968, no ano seguinte já estava no Triângulo Mineiro. Deu aulas na Universidade Federal de Uberlândia até 2001 e fez doutorado na Universidade de Leeds, na Inglaterra, um dos celeiros musicais europeus. Calimerio Soares entende que a música erudita vive um momento de efervescência no Brasil. Momento para o qual ele contribuiu muito. (Ler artigo completo em GENTE)

De Itamogi, o padre que constrói Igrejas

Nascido em 1960, o padre Levi Fidélis Marques cumpre um ritual todo final de ano. Não deixa, de forma alguma, de participar das Congadas em Itamogi, a sua querida terra natal. Ordenado em 1987, depois de estudar em seminários de Guaxupé, Poços de Caldas, Aparecida e Uberaba, ele se tornou um construtor de Igrejas e capelas. Liderou a construção de várias delas, em Conceição das Alagoas e Sacramento, ambos municípios no Triângulo Mineiro, onde dirigiu suas primeiras paróquias. Desde 2009 está na paróquia de Santa Teresinha, em Uberaba. Próximo de completar 25 anos de sacerdócio, padre Levi não se esquece de suas influências, como o padre Nelson e suas primeiras professoras. (Ler artigo completo em GENTE)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

REGIÃO DE CAMPINAS E PIRACICABA, 30 ANOS DE MUDANÇAS RADICAIS

Três décadas de mudanças radicais para a região de Campinas e Piracicaba, região situada nas grandes bacias do rios Piracicaba e Capivari. Este blog, BELA REGIÃO CAMPINAS, tentará comentar o que houve e o que eventualmente é possível esperar dessa região, pela ótica de alguém que acompanhou muitas destas transformações e mudou com elas.
Em 2010 completo 30 anos de jornalismo, e a imensa maioria deles foi vivida na região, primeiro em Piracicaba, depois em Campinas. Em Piracicaba porque estudei e me formei na Unimep, e lá morei e trabalhei, entre 1981 e primeiro semestre de 1986. Trabalhei no jornal "O Diário", dirigido pelo brilhante Cecílio Elias Netto, e também na própria Unimep e colaborei com várias publicações.
Depois de um período morando em São Paulo e Brasília, atuando na Agência Ecumênica de Notícias (AGEN), voltei à região, agora morando em Campinas, a partir de 1990. Trabalhei até 2000 no Correio Popular, com o qual passei a colaborar desde então, com uma coluna semanal aos domingos.
Me dediquei a publicar livros desde 1987, ano de lançamento do meu primeiro título, "Ecologia ou Morte - Os Cristãos e o Meio Ambiente", pela Editora FTD, de São Paulo. A grande maioria desses livros se refere a temas ligados a cidades específicas ou ao conjunto da Região Metropolitana de Campinas e às bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Por essa circunstância pude acompanhar muitos fatos de enorme relevância nesses 30 anos. A visão deste blog, então, será a de alguém que dá o seu próprio testemunho sobre o que vivenciou, embora opiniões de outras pessoas, igualmente testemunhas dessas transformações, também devam ser publicadas por aqui. Opiniões que, obviamente, muitas delas serão contrárias ao deste jornalista, e é muito bom e desejável que assim seja.
Transformações que não podem ser ignoradas
Entendo que, dentre as inúmeras mudanças regionais, quatro gigantescas devem ser destacadas. A primeira é o estado das águas da região. Nenhuma cidade ou região tem futuro sem água, em quantidade e qualidade. Isto é um fato ao longo de toda história da humanidade e não seria diferente em um território que, entre o final dos anos 1970 e início dos 1980, tinha uma perspectiva absolutamente negativa em termos de seus recursos hídricos. Aluno na Unimep e escrevendo para jornais em Piracicaba, pude ver como o povo dessa cidade se envolveu de corpo, alma e poesia para salvar o seu rio, o que significaria salvar todos os rios da região.
A retirada de uma fabulosa quantidade de água da bacia do rio Piracicaba, por intermédio do Sistema Cantareira, viabilizou o impressionante crescimento da Grande São Paulo, que se tornou uma das maiores metrópoles globais. Mas essa retirada de água colocou em xeque o futuro de toda bacia do Piracicaba, as cidades de Campinas e Piracicaba incluídas.
Além disso, os rios da região sofriam com uma poluição desenfreada. Menos de 5% dos esgotos urbanos, por exemplo, eram tratados naquele momento. Pois esse quadro mudou, se não totalmente, ao menos consideravelmente nas últimas três décadas. A região passou a ter voz na decisão sobre as águas do Sistema Cantareira e, em especial, avançou muito o controle da poluição dos rios, primeiro pelas empresas (setor sucroalcooleiro e indústrias em geral), e depois pelos municípios.
A criação do Consórcio das Bacias dos rios Piracicaba e Capivari, em 1989 (depois passando a incorporar a bacia do rio Jundiaí), a legislação estadual e brasileira de recursos hídricos (levando à criação dos Comitês e Agência de Bacias e instituição da cobrança pelo uso da água) e as ações individuais de alguns municípios foram essenciais para mudar o estado atual das águas na região. Cerca de 50% dos esgotos urbanos já são tratados, com destaque para Campinas, maior município da região, que chega em 2011 com a capacidade de tratar 100%.
O papel reconhece o que as ruas já sabiam
Outra grande transformação foi a criação da Região Metropolitana de Campinas (RMC), em 2000, pela Lei Complementar Estadual 870. A idéia de uma região metropolitana em torno de Campinas era antiga, tendo sido cogitada já no período militar, mas os prefeitos da região e outras lideranças, sabiamente, manifestaram resistências, temendo a centralização do poder nas mãos dos governos estadual e federal que, como se sabe, eram comandados pelas mesmas mãos.
Mas após o fim da ditadura a idéia voltou a ser discutida. Em 26 de junho de 1993, fui autor de uma reportagem no Correio Popular, intitulada "Fórum regional debaterá processo de metropolização". Era um sinal do movimento que tomava corpo. Mas o processo ainda se prolongou, até a decisão de 2000, depois de muita polêmica e um sem número de reuniões e mais reuniões e idas e vindas e "inções e vinções" como gosta de brincar um colega.
Com a RMC, a região de 19 municípios (incluindo alguns dos mais populosos da bacia do rio Piracicaba) passou a ter nova ferramenta para planejar o seu futuro. Um planejamento com olhar de fato regional, o que sem dúvida não ocorreria sem traumas, considerando a história política brasileira do município olhar para dentro de si mesmo, e não para o além-fronteiras.
Na prática, a criação da RMC era, entretanto, apenas um ato legal, pois a conurbação já existia e muitas cidades estavam coladinhas uma na outra. Mas faltava a decisão política, o que não ocorreu sem uma galeria de controvérsias.
A economia do conhecimento chega ao poder
Uma terceira e profunda transformação, ocorrida nos últimos 30 anos na região, acompanhou a metamorfose verificada no planeta como um todo, resultante da importância cada vez maior da chamada economia do conhecimento. Se no comecinho dos 80 a informática não era nem um centésimo do que é hoje, e o Brasil ainda sofria com os impactos da reserva de mercado, a região de Campinas-Piracicaba era uma das áreas no Brasil que mais se demonstrava preparada para o que viria a seguir.
Com seguidos e muito rápidos avanços na Ciência e Tecnologia, a economia do conhecimento foi levada ao céu nas últimas três décadas, em todo planeta. Como a região de Piracicaba-Campinas já tinha importantíssimos centros científicos e tecnológicas, ela naturalmente se beneficiou dessa extrema valorização e evolução da economia do conhecimento. E nos últimos anos outros centros de pesquisa e desenvolvimento foram implantados na região, ampliando o seu potencial competitivo.
Duas "Campinas" inteiras construídas na região
Nos últimos 30 anos a população das bacias dos rios Piracicaba e Capivari aumentou em mais de 2 milhões de moradores. É como se duas "Campinas" inteiras tivessem sido construídas na região no período. Seria impossível que um incremento demográfico desses não tivesse algum efeito, no meio ambiente, na qualidade dos serviços públicos, no déficit habitacional, entre outros impactos.
Pois agora, final de 2010, a região tem um grande desafio pela frente. As projeções são de um crescimento da economia e da população regional ainda maior nos próximos anos.
Perguntas que não se desmancham no ar
Ficam, diante desse quadro, algumas perguntas no ar: (1) Como os avanços no saneamento básico e outras medidas na área ambiental contribuirão para a sustentabilidade do crescimento econômico e demográfico regional? (2) Como o pólo regional de ciência e tecnologia irá colaborar com esse crescimento, por exemplo em termos de geração de novos e necessários empregos e com novas formas de viver em cidades cada vez mais saturadas? (3) Como a estrutura da Região Metropolitana de Campinas (RMC) dará resposta à complexidade desse projetado novo crescimento econômico e populacional?
Perguntas que deverão ser respondidas pelo conjunto da região. Neste blog, repito, comentários sobre o que este jornalista pôde acompanhar nos últimos 30 anos. Um olhar sobre o que vivemos talvez ajude a entender o que estamos vivendo e o que nos espera, se é que dá para fazer alguma projeção nesse mundo cada vez mais dinâmico e incerto e sujeito, literalmente, a chuvas, trovoadas ou secas cada vez mais intensas.
Bem vindos, voltem sempre ao Bela Região Campinas. (Por José Pedro S.Martins)

domingo, 12 de setembro de 2010

Wenceslau Braz, de Monte Santo para o fogo da Primeira Guerra Mundial

"Senhores Membros do Congresso Nacional. Cumpro o penoso dever de comunicar ao Congresso Nacional que, por telegramas de Londres e Madri, o Governo acaba de saber que foi torpedeado, por um submarino alemão, o navio brasileiro Macau e que está preso o seu comandante. A circunstância de ser este o quarto navio nosso posto a pique por forças navais alemãs é por si mesma grave, mas esta gravidade sobe de ponto com a prisão do comandante brasileiro. Não há como, Senhores Membros do Congresso Nacional, iludir ou deixar de constatar, já agora, o estado de guerra que nos é imposto pela Alemanha".
Com estas palavras, o presidente da República, Wenceslau Braz, comunicava oficialmente ao país a 26 de outubro de 1917 que o Brasil estava, sim, em guerra contra a Alemanha, como parte do conflito que já se arrastava desde 1914 especialmente no teatro europeu. Ao lado de Wenceslau Braz estavam o ministro das Relações Exteriores, Nilo Peçanha, e o presidente (atual governador) de Minas Gerais, Delfim Moreira, conforme mostrou uma foto histórica, de autor desconhecido, que integra o Arquivo Plínio Doyle, e foi reproduzida em "Wenceslau Braz, 9 presidente do Brasil", da Série Os Presidentes, de Hélio Silva.
Foi uma das decisões mais graves tomadas por Wenceslau Braz em seu período na presidência, entre 15 de novembro de 1914 e 15 de novembro de 1918. Uma posição sem dúvida inimaginável, em 1895, quando Braz assumiu o posto de agente executivo, correspondente ao do atual promotor público, em Monte Santo de Minas.
Nascido em São Caetano da Vargem Grande (atual Brasópolis), em Minas Gerais, no seio de uma família de políticos, em 26 de fevereiro de 1868, formou-se em Direito em São Paulo em 1890. Começou sua carreira profissional no interior de Minas, sendo agente executivo em Monte Santo em 1895 e 1898. Um período turbulento, no qual a cidade assiste ao lançamento do primeiro jornal, "O Correio de Monte Santo", e ao aparecimento do lampião, ambos em 1894, mas ao mesmo tempo é palco de uma grave epidemia de cólera, no ano seguinte. Em 1892 Monte Santo tinha sido elevada a cidade.
Wenceslau Braz foi ainda presidente da Câmara Municipal de Jacuí, antes de iniciar uma rápida carreira na política partidária, sendo deputado estadual e federal, além de titular de várias secretarias do governo mineiro, até assumir a presidência (atual governo) do Estado, em 1909.
Ficou por pouco tempo no governo, pois a 1 de março de 1910 já era eleito vice-presidente da República, superando Albuquerque Lins, da Campanha Civilista. Naquela época o candidato a vice-presidente também participava de eleições diretas. Foi eleito vice de Hermes da Fonseca, que governou de 1910 a 1914.
Com uma sonora vitória contra Rui Barbosa, por 532.107 votos a 47.782, Wenceslau Braz foi eleito presidente a 1 de março de 1914, assumindo o cargo a 15 de novembro desse ano, permanecendo até 15 de novembro de 1918. Período muito conturbado na vida nacional e internacional, e não apenas pela eclosão da Primeira Guerra Mundial.
Já pegou a Guerra do Contestado em curso, em 1915 explodiu a Revolta dos Sargentos, e em 1917 foi a vez da greve geral e também da Gripe Espanhola, que deixou milhares de vítimas por todo Brasil. A greve geral teve grande influência dos anarquistas, mas os ventos comunistas já se faziam sentir. Naquele ano era vitoriosa a revolução bolchevique na Rússia, dando origem, depois, à União Soviética. Um episódio curioso envolveu a participação brasileira na Primeira Guerra, no governo Wenceslau Braz. O Cruzador Bahia, que integrava uma frota de navios brasileiros, atacou por confusão um bando de toninhas, em novembro de 1918, na altura do Estreito de Gibraltar, na Europa. Ficou na história como a Batalha das Toninhas, uma simpática espécie de cetáceos.
Deixando a presidência, Wenceslau Braz se envolveu exclusivamente na Companhia Industrial Sul-Mineira, que havia fundado em Itajubá, onde faleceu, em 15 de maio de 1966. Tinha 98 anos. Uma longa e intensa vida pública, com importante passagem na região de Monte Santo de Minas. (JPMartins)

Presidentes da República saíram de Batatais e Monte Santo

No próximo dia 24 de outubro serão lembrados os 80 anos de deposição do presidente Washington Luís, pelo movimento que levaria Getúlio Vargas ao poder. O mesmo Getúlio Dorneles Vargas que tinha sido ministro da Fazenda de Washington Luís, o último presidente da chamada política café-com-leite, como ficou conhecido o período em que os mandatários da nação eram eleitos, em alternância, por Minas Gerais e São Paulo, ricos em café e pecuária.
Em função da força do café, especificamente, a região de Batatais a Monte Santo de Minas praticamente dominou a política nacional, paulista e mineira, por longos períodos entre 1909 e 1930. Período de grande florescimento da região, com o café impulsionando o crescimento das cidades, promovendo a implantação da rede ferroviária (particularmente a Companhia Mogiana) e incentivando a vinda de muitos migrantes, em especial italianos e árabes. Foi uma espécie de época de ouro, uma Belle Époque, para a região, que deixou marcas visíveis até hoje.
Entre 3 de abril de 1909 e 7 de setembro de 1910 Wenceslau Braz, que tinha sido agente executivo (cargo correspondente ao do atual promotor público) em Monte Santo, foi governador de Minas Gerais, de onde saiu para ser eleito vice-presidente da República, entre 15 de novembro de 1910 e 15 de novembro de 1914. E da vice para a presidência da República, entre 15 de novembro de 1914 e 15 de novembro de 1918, pelo Partido Republicano Mineiro.
A 1 de maio de 1916, por sua vez, assumia o governo de São Paulo Altino Arantes, político nascido em Batatais, e que ficou no cargo até 1 de maio de 1920. Foi substituído por outro nome ligado a Batatais, Washington Luís, que havia sido vereador e intendente (atual prefeito) na cidade. Washington Luis foi governador de São Paulo até 1 de maio de 1924. Mas sua carreira política prosseguiu, chegando à presidência da República, onde ficou de 15 de novembro de 1926 até o golpe liderado por Getúlio a 24 de outubro de 1930.
Praticamente duas décadas, portanto, com a região no auge do cenário político nacional. A arte de fazer política nas mãos de mineiros e paulistas, do lado de lá e de cá da fronteira. (Por José Pedro S.Martins)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Áreas de Batatais e Paraíso em destaque em 2011, Ano das Florestas

Área de mata nativa na região: 2011 será bom ano para debater sobre vegetação

Em 2011 a ONU promove o Ano Internacional das Florestas. O objetivo será divulgar a importância das florestas e de toda forma de vegetação para o equilíbrio do clima e proteção das águas, para a preservação da biodiversidade e segurança alimentar, para a qualidade de vida, enfim, das atuais e futuras gerações. Será uma excelente oportunidade para a região discutir a situação atual de sua vegetação e o que fazer para a sua proteção.
Grande parte da região tem o cerrado como vegetação original. E restam importantes fragmentos de cerrado e cerradão na região. Como se sabe, a vegetação de cerrado não foi incluída na Constituição de 1988 como patrimônio nacional, ao contrário de outros biomas, como a Amazônia. Essa falha na Constituição tornou mais vulnerável a situação do cerrado em todo Brasil. Assim, é muito importante conservar o cerrado que já existe na região e, se possível, recompor a vegetação que já foi retirada. A região também tinha vegetação original típica de Mata Atlântica, que se encontra hoje muito alterada.
A região também conta com relevantes áreas protegidas. Caso da Floresta Estadual de Batatais, com 1357 hectares e que foi criada em 1943. É formada sobretudo por pinus e eucalipto, mas conta com várias espécies típicas de floresta, como cedro, jequitibá, canela e ódelo-de-copaíba. Dentro da Floresta Estadual estão nascentes que contribuem com a formação dos córregos da Estiva e da Prata, que ajudam a fornecer água para Batatais.
Em São Sebastião do Paraíso, por sua vez, está localizada uma unidade de conservação de 248 hectares, criada a 23 de setembro de 1974, pela Lei Estadual 16.580. É uma reserva biológica, de grande relevância ecológica.
As duas áreas, em Batatais e Paraíso, estarão de certa forma em destaque no Ano Internacional das Florestas. Mas toda a vegetação deve estar de fato entre as prioridades regionais. Será um momento para incentivar a arborização urbana, a proteção e recomposição de matas ciliares, que protegem as águas e evitam a provocar enchentes e inundações. As árvores também têm um papel fundamental na captura do gás carbônico e, portanto, no combate ao aquecimento global. 2011, Ano Internacional das Florestas, ano da vida.
Meu grande abraço, bela região. (José Pedro S.Martins)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Livro cita congadas de Itamogi, Paraíso e região


Capa do Volume 1 de Imagens do Brasil

As congadas de Itamogi, São Sebastião do Paraíso e região são citadas em "Imagens do Brasil", meu novo livro, da Editora Komedi, que estou lançando hoje em Campinas. Lançamento na Livraria Saraiva, do Shopping Iguatemi, a partir das 19 horas. Na realidade é uma obra em dois volumes: "A alma plural e única do Brasil" e "Alma regional do Brasil". Fotos de Adriano Rosa e vários outros fotógrafos, de diversas partes do país.


No primeiro volume, trato das manifestações culturais típicas que ocorrem em todo território nacional, claro que com as devidas diferenças regionais. Caso das próprias congadas, que também acontecem em São Paulo e outros estados. Casos ainda do carnaval, das festas juninas, da capoeira, o samba, o futebol e por aí vai.


No segundo volume, comento as manifestações culturais que são características de uma determinada região, e que geralmente têm muito a ver com o meio ambiente, com a natureza, dessa região. A região amazônica, por exemplo, é o palco do Festival de Parintins e do carimbó. O Nordeste do semi-árido e do agreste é a terra do cordel, da culinária típica, do axé, do frevo e tantas outras belezas e delícias.


O Centro-Oeste e o Pantanal, por sua vez, são o cenário perfeito para as cavalhadas, os mascarados. No Sudeste, o samba urbano, o cururu de Piracicaba. E no Sul, a marejada em Santa Catarina, a chula no Rio Grande do Sul e outras expressões locais. Um retrato, enfim, da alma plural e única mas também regional do Brasil. A nossa cultura é de uma impressionante diversidade por isso, pelas diferenças regionais, pela mescla de etnias.


Sobre as "Congadas, os tambores da mãe África", presentes em Itamogi, Paraíso e em toda região, afirmo: "Uma das mais importantes manifestações que contribuíram para firmar a mestiça identidade nacional, embora não tão valorizada e lembrada como o samba e a capoeira, as congadas estão esparramadas por todo o Brasil, acontecendo, aqui e ali, em determinada época do ano e celebrada com características próprias, dependendo das peculiaridades regionais que adquiriram".


Depois de descrever a história, a trajetória, a culinária e outros pontos associados às congadas, concluo: "... os sinais originais, os ecos da mãe África e igualmente das influências européias, continuam presentes, sempre a encantarem e a seduzirem pelo mosaico de sons, ritmos, cores e sabores que ainda vestem, com realeza e fidalguia, as congadas, momento mágico em que as hierarquias se desfazem como pó". Seria um prazer a presença de todos no lançamento.


O meu coração bate no ritmo das caixas de congo. Meu grande abraço, bela região. (José Pedro S.Martins)











terça-feira, 7 de setembro de 2010

CaipirUSP 2010 movimentou Altinópolis, pelo esporte universitário

Termina nesta terça-feira, 7 de setembro, em Altinópolis, a edição de 2010 do CaipirUSP, a competição universitária entre as unidades da Universidade de São Paulo (USP) no interior. Mais de 500 atletas participando de diversas modalidades desde o sábado, 4. No total, cerca de 1.500 estudantes, de vários campi, se envolvendo no CaipirUSP, que chega à quinta edição pensando grande, como diz o coordenador dos jogos neste ano, Sócrates Oliveira Júnior.
É filho do Doutor Sócrates, o mágico jogador, amado por todos brasileiros. Aos 19 anos, Sócrates Júnior é graduando de Administração da FEA - USP de Ribeirão Preto. Joga tênis, futsal e futebol de campo, mas não tem carreira esportiva em mente. Pratica e defende o esporte pela sua importância na formação do cidadão. Esporte para o corpo e para a mente.
Sócrates Júnior acredita que o esporte universitário ainda pode crescer muito no Brasil, apesar da histórica falta de apoio no setor. Geralmente são os jovens mesmo que, com garra e determinação, se empenham para organizar as competições.
Em Altinópolis, observa, os estudantes "foram muito bem recebidos, com apoio total da Prefeitura local". Uma ausência sentida foi a da USP de São Carlos, que participou nestes dias de outra competição. Ainda assim, muita alegria e disputa acirrada, ponto a ponto, entre a USP-Lorena e a FEA-RP/USP, a unidade de Sócrates Júnior. Além dos jogos, muitas atividades culturais nesses quatro dias. Em 2009 o CaipirUSP foi em Franca.
Mesmo com público menor do que o esperado neste ano, a idéia é que em 2011 o CaipirUSP cresça ainda mais, com a possibilidade de inclusão de estudantes do próprio campus central da USP na capital. Algo como a Liga InterUnesp, que movimenta as unidades da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Vivemos o momento prévio à Copa do Mundo e das Olimpíadas do Rio de Janeiro, eventos que podem ser fundamentais para estimular o esporte no Brasil, particularmente nas modalidades que não têm a estrutura de um futebol ou de um vôlei. O esporte como indutor de cidadania, como gerador de saúde, como motor de desenvolvimento.
A mente aberta, as idéias em ebulição, o espírito comunitário de jovens como Sócrates Júnior e demais membros da Comissão Organizadora do CaipirUSP. E mais uma importante contribuição de Altinópolis (que já havia sediado as Economíadas 2010, em junho) para a vida universitária paulista. Juventude, inteligência e vida saudável, pelo desenvolvimento sustentável de São Paulo e do Brasil.
Meu grande abraço, bela região. (José Pedro S.Martins)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Antônio Cândido e os anarquistas do Sul de Minas

O grande escritor Antonio Cândido, nascido no Rio de Janeiro em 1918, morou muitos anos em Poços de Caldas, e nessa cidade do Sul de Minas vivenciou parte da influência que os anarquistas tiveram na formação da inteligência brasileira. A homenagem do governo mineiro a Cândido foi importante reconhecimento a sua enorme obra como ensaísta e educador. (Ver mais em Idéias.)

Italianos, luz para Batatais e região

A comunidade italiana de Batatais e região mobilizada pela Festa di San Gennaro, que prossegue hoje e amanhã (6 e 7 de setembro) e termina entre 10 e 12 de setembro, próximo final de semana, portanto. É a décima nona edição da Festa, concebida para resgatar e homenagear a enorme contribuição da comunidade italiana no desenvolvimento da cidade. Diversas organizações locais se envolvem a cada ano na preparação das atividades, que em 2010 novamente abrangem shows, concursos, missa em italiano com canto gregoriano e, claro, a maravilhosa culinária.
A influência italiana é impressionante em São Paulo e Minas Gerais. O movimento migratório mais forte, entre a Itália e essas regiões, ocorreu entre 1870 e 1930. Momento de transição do escravismo para o trabalho assalariado. Grande parte dos italianos que vieram para cá passou a trabalhar na cultura do café, cuja expansão aconteceu exatamente nessa época, igualmente impulsionada pela ampliação da rede ferroviária. No caso de Batatais e região, com o impacto específico da Companhia Mogiana, que tinha sua sede em Campinas.
Os Livros de Registro de Entrada de Imigrantes, que permaneciam na Hospedaria do Imigrante, em São Paulo, indicam que a 24 de março de 1887 chegava no Porto de Santos o navio Savoie. A bordo, 144 pessoas que tinham como destino Batatais, que na época passava por um momento de crescimento já sob o impulso do café. E desde as últimas décadas do século 19 a presença italiana foi cada vez mais forte em Batatais e região.
Entre outras contribuições de italianos estabelecidos na cidade, podem ser nomeados o primeiro hotel e a primeira fábrica de cerveja de Batatais, criados respectivamente por Pedro Mascagni e Miguel Pucinelli, conforme citação de Jean de Frans no artigo "Italianos de Outrora", (in "O Jornal", 26 de outubro de 1943, citado por "A arquitetura de Batatais 1880 a 1930", de Maria Stela Teixeira Fernandes Dutra, em sua dissertação de mestrado na Unicamp).
A mesma Maria Stela Dutra cita a enorme contribuição dos italianos para a construção civil em Batatais, como as do empreiteiro Annunciato Gallo e dos engenheiros-arquitetos Julio E.Latini e Carlos Zamboni, responsáveis por exemplo pela nova Igreja Matriz, onde estão as famosas obras de um descendente de italianos, Cândido Portinari.
É infindável a lista de obras, projetos e outras contribuições de italianos e seus descendentes na vida de Batatais e de toda a região. Sempre movidos por uma enorme fé e capacidade de trabalho, com alegria e esperança.
Meu grande abraço, bela região. (José Pedro S.Martins)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Congadas em Santo Antônio, o som do coração do Brasil

Igreja de Nossa Senhora do Rosário, um dos símbolos das Congadas em Santo Antônio da Alegria
Começa nesta sexta-feira, 3 de setembro, a Festa do Congo de Santo Antônio da Alegria. Vai até segunda-feira, dia 6, e nesse período Santo Antônio se torna a capital nacional das Congadas, com a participação de ternos de Congo, Moçambique, Caiapós e Catupé do município e de vários estados brasileiros.
O levantamento das bandeiras já tinha ocorrido, a 22 de agosto. Agora as Congadas na Cidade Folclore, como Santo Antônio é conhecida, em homenagem aos santos patronos: Nossa Senhora do Rosário, Santa Catarina, São Domingos, São Benedito, Santa Efigênia, São Roque. As atividades serão na praça José Ayub Calixto.
Para muitos historiadores, as Congadas brasileiras são derivadas da coroação do rei do Congo, embora também se acredita que o berço tenha sido Angola. O fato é que a tradição atravessou o Oceano Atlântico e, a partir das senzalas, ganhou os corações brasileiros, como uma afirmação de identidade.
No Brasil, as Congadas ficaram marcadas pelo sincretismo religioso, que mesclou os valores e crenças cristãos e aqueles de origem africana. O culto aos queridos santos, como os patronos das Congadas de Santo Antônio da Alegria, tornou-se outra marca das festividades em território brasileiro.
Música, cultura, fé e devoção fazem, então, a base das Congadas. E não podem faltar as deliciosas comidas, os quitutes produzidos por homens e mulheres que passam a madrugada preparando os pratos. As Congadas em Santo Antônio da Alegria, e também as de Itamogi e São Sebastião do Paraíso, são verdadeiros alimentos para a alma, um momento de comunhão de afetos, de reafirmação do pertencimento a uma comunidade. São pão para o espírito.
Meu grande abraço, bela região. (José Pedro S.Martins)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Quermesse em Altinópolis e região, gosto de alegria

Nesta quinta-feira, 2 de setembro, começa a novena de Nossa Senhora da Piedade, Padroeira de Altinópolis (ver em Cidades/SP). E amanhã, dia 3, tem início a tradicional quermesse, que movimentará Altinópolis e região até o final de setembro. Bençãos do sal, das chaves, dos pães, das alianças, dos professores, de remédios e da água são algumas das atividades previstas ao longo do mês. Momento de fé e alegria, até a Benção do Santíssimo, a 30 de setembro.
As quermesses têm um papel central na vida das cidades brasileiras, como filhas dos eventos realizados na Europa desde a Idade Média. Sempre foram o momento de celebração do santo ou santa padroeiro(a) de determinada comunidade. A hora de renovar as energias comunitárias, de reafirmação das alianças, dos laços que unem as famílias que decidem compatilhar suas vidas em uma localidade.
Nas quermesses acontecem os flertes, o início de muitos namoros, os contatos de negócios e políticos, mas em especial é a hora da pausa no cotidiano para a ligação com o espítual, com a transcendência, com o significado maior da vida de cada um. Somos muito mais do que carne e osso, somos seres humanos ligados a outros humanos e, dependendo da crença de cada um, seres vinculados a algo maior. Somos todos membros de um mesmo universo.
O formato das instalações onde as quermesses são realizadas é quase sempre o mesmo. São réplicas de casas, dividas em cômodos, mas a diferença é que não há paredes. A transparência é total. Todo mundo vê todo mundo. É a vida pública em sua essência. A cidade é a nossa casa.
Essa comunhão de afetos, essa troca de saberes e de sabores, são a marca das quermesses que acontecem o ano todo, em todo Brasil. Não passa uma semana sem ter uma quermesse em algum ponto do país, e não é diferente em nossas regiões.
As quermesses de minha infância, como acho que de todos que vivem ou viveram em pequenas cidades, foram o momento de descoberta de pertencimento a uma comunidade. Não estamos sós, não somos uma ilha, tem gente de todo jeito à nossa volta, e isso é muito bom.
Não vou me esquecer, nunca, das quermesses em louvor a São Sebastião, em Itamogi, que acontecem em janeiro. Os quitutes, músicas e jogos típicos das quermesses, mas também a quadrilha comandada pelo saudoso Zé Barreto. "Olha o bicho", "É mentira!", e por aí vai. E também o leilão, os lances maiores pelo frango com farofa, pelo cartucho com doces vários. Que gosto de vida simples e feliz!
As quermesses são uma pequena amostra do Paraíso.
Meu grande abraço, bela região! (José Pedro S.Martins)