A usina nuclear de Angra 1 foi desligada, em função de um falso alarme, dois dias antes do terremoto no Japão, seguido de tsunami, eventos que afetaram o funcionamento da usina nuclear de Fukushima. Foi o terceiro desligamento das usinas nucleares no Brasil apenas nos primeiros meses de 2011, o ano que ficará marcado na história como o de novo golpe contra a energia nuclear, em razão da repercussão das catástrofes no Japão. A tragédia japonesa acontece no momento em que o governo brasileiro está prestes a divulgar uma lista de locais que poderiam receber usinas nucleares na Região Nordeste ou em outro ponto do país.
Segundo informou o site da Eletronuclear, a usina de Angra 1 havia sido desligada manualmente, no dia 9 de março, às 07h05, "numa ação eminentemente preventiva, devido à atuação indevida de alarmes". A causa dos alarmes, esclareceu a estatal, "foi a falha de um sistema eletrônico que não afeta a segurança da usina", complementando que "esse sistema foi imediatamente identificado e substituído".
A usina Angra 1 foi conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de eletricidade às 23h20 do mesmo dia 9 de março. Às 7 horas do dia 10 já estava gerando 352 megawatts, entrando em "processo de elevação de potência". A usina de Angra 2 foi desconectada do SIN às 3h25 de 22 de fevereiro, voltando a operar às 9h17 do dia 25. Havia sido desligada "devido a dois problemas técnicos sucessivos. Primeiro, houve falha no sistema de medição de pressão de vapor principal, já normalizado. Depois, uma falha na chave de abertura em carga - interruptor que conecta o gerador principal à rede elétrica nacional", informou o site da estatal, em nota de 24 de fevereiro, complementando que os técnicos da Eletrobrás Eletronuclear e da fabricante "inspecionaram este equipamento e identificaram a necessidade de reparo, o que já foi efetuado. Atualmente, estão em progresso os testes de operabilidade da chave, condição necessária para a usina ser religada ao SIN". A conexão foi feita às 9h17 do dia 25 de fevereiro.
No mesmo dia 22 de fevereiro, às 21h49, a usina Angra 1 foi "retirada manualmente" do SIN, devido "a uma falha no medidor de pressão do Envoltório de Contenção, edifício onde está o reator e os geradores de vapor". Por isso a unidade "foi desconectada preventivamente do sistema elétrico", sempre segundo o site da Eletronuclear, em notícia do dia 23 de fevereiro. Angra 1 voltou a gerar energia às 18 horas do dia 23 de fevereiro. Nota do dia 24 esclarecia que "após análise detalhada do evento realizada pelos técnicos da Eletrobrás Eletronuclear, verificou-se que o desligamento foi provocado, inicialmente, por oscilação de tensão nas linhas de transmissão externas à Central Nuclear que se estendeu ao sistema elétrico interno de Angra 1. Essa oscilação aiconou um cartão de controle lógico - um sequenciador que inicia operações de proteção -, o que levou o operador da sala de controle da unidade a preventivamente retirar Angra 1 do sistema elétrico". A informação de 24 de fevereiro concluía: "Os sistemas de controle e proteção foram verificados, o cartão de controle lógico acionado foi substituído, e a usina voltou à operação normal". (Todas informações estão no site da Eletronuclear na Internet : http://www.eletronuclear.gov.br/ )
Japão - A Eletronuclear foi rápida em relação ao terremoto no Japão, que afetou o seu sistema de energia nuclear. No mesmo dia 11 de março, sexta-feira, quando ocorreu o terremoto, seguido de tsunami, a estatal brasileira divulgou comunicado, observando que "o Japão está situado em uma região de alta sismicidade - causada pela proximidade da borda de placa tectônica, onde ocorrem cerca de 99% dos grandes terremotos". O Brasil, por outro lado, complementou o comunicado, "está em uma região de baixa sismicidade, em centro de placa tectônica".
O comunicado se refere ainda às eventuais dúvidas sobre se o projeto estrutural das usinas de Angra levaria em consideração a possível ocorrência de um abalo sísmico. "Mesmo estando numa região com probabilidade muito baixa de ocorrência de eventos sísmicos, o projeto das usinas de Angra, entre outros acidentes externos considerados, leva em conta o maior terremoto que poderia ocorrer no sítio. O prédio onde fica o reator nuclear tem barreiras de concreto e de aço dimensionadas para resistir a esses tipos de evento. Diversos sistemas garantem, de forma segura, o desligamento das usinas após qualquer abalo que atinja as especificações consideradas no seu projeto".
O comunicado se refere ainda às eventuais dúvidas sobre se o projeto estrutural das usinas de Angra levaria em consideração a possível ocorrência de um abalo sísmico. "Mesmo estando numa região com probabilidade muito baixa de ocorrência de eventos sísmicos, o projeto das usinas de Angra, entre outros acidentes externos considerados, leva em conta o maior terremoto que poderia ocorrer no sítio. O prédio onde fica o reator nuclear tem barreiras de concreto e de aço dimensionadas para resistir a esses tipos de evento. Diversos sistemas garantem, de forma segura, o desligamento das usinas após qualquer abalo que atinja as especificações consideradas no seu projeto".
A Eletronuclear assinala também no comunicado, divulgado em seu site, que a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto possui uma Estação Sismográfica operando desde 2002, sendo "equipada com aparelhos modernos que monitoram, identificam e analisam os eventos sísmicos locais e regionais". E comenta a possibilidade de tsunami atingir a costa brasileira: "A região Sudeste do litoral brasileiro está situada na placa tectônica Sul-Americana, que se afasta da placa tectônica Africana. Portanto, no Atlântico Sul, não existem as condições necessárias para gerar os tsunamis (maremoto)", lembrando que "um evento desta natureza (tsunami) é provocado na maioria das vezes em decorrência de um abalo sísmico de grande magnitude (superior a 7.0) no mar, em que o foco esteja pouco profundo e em regiões de borda de placas tectônicas que se movem uma em direção à outra, gerando ondas que podem alcançar grande amplitude nas regiões costeiras próximas".
É evidente que a tragédia no Japão representa mais um duro golpe na indústria nuclear mundial, justamente no momento em que o setor vem se empenhando para divulgar a energia nuclear como uma eventual alternativa energética, dentro do elenco de iniciativas direcionadas para combater o aquecimento global. No caso brasileiro, a catástrofe no Japão volta a alimentar o debate nuclear, no momento em que o governo está perto de divulgar os locais que poderiam receber novas usinas nucleares nos próximos anos. Será que o Brasil realmente necessita dessa fonte de energia? (Por José Pedro S.Martins)
(A questão nuclear, e especificamente o projeto de construção de Pequenas Centrais Nucleares, é tema de dois livros de autoria deste jornalista: "PCNs: Novo perigo nuclear" e "PCNs: a rota nuclear brasileira". Estudos secretos, que vinham sendo desenvolvidos por equipe da Unicamp, sobre a construção de PCNs no Brasil, foram divulgados em série de reportagens assinadas por este jornalista, publicadas a partir de 20 de setembro de 1992 no Correio Popular, de Campinas. Ver mais em MEUS LIVROS)
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