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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Região Metropolitana de Campinas sem perspectiva de mapeamento digital, previsto para Aglomerados de Jundiaí e Piracicaba


Avenida Francisco Glicério, centro de Campinas: RMC demanda "visão compartilhada" que está sendo observada na região metropolitana do Vale do Paraíba


Os Aglomerados Urbanos de Jundiaí e Piracicaba terão mapeamento digital, conforme decisão da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano de São Paulo. O mapeamento já havia sido executado na Região Metropolitana de São Paulo e está em curso na mais nova região metropolitana paulista, a do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Ainda não há perspectiva de mapeamento nas regiões metropolitanas de Campinas e Baixada Santista.
O mapeamento digital visa a configuração das Unidades de Informações Territorializadas (UITs), contendo dados sobre perfil urbano ou rural, atividades socioeconômicas, demografia e outros. O propósito é subsidiar o planejamento e a formulação de políticas públicas.
A estruturação da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, a mais nova do estado,  instituída pela Lei Complementar no 1.166, de 9 de janeiro de 2012, vem ocorrendo de forma diferente das demais regiões metropolitanas. O governo de São Paulo promoveu, por exemplo, uma consulta pública para avaliar o potencial de desenvolvilmento da RMVale.
O objetivo da consulta, segundo o governo paulista, foi "abranger a diversidade de entendimentos e de características existentes nos 39 municípios da Região Metropolitana. O que se deseja é construir uma visão compartilhada com diversos atores quanto à perspectiva de desenvolvimento da Região".
Pois essa visão compartilhada também deveria ser estendida às regiões metropolitanas de Campinas e Baixada Santista. A mudança de prefeitos em janeiro de 2013, levando a modificações nas configurações dos Conselhos de Desenvolvimento das metrópoles, constitui excelente oportunidade para a ampliação da participação da cidadania nos processos de organização dessas áreas. A ampla participação cidadã será essencial para a própria governabilidade da chamada Macrometrópole Paulista, constituída pelas regiões metropolitanas e aglomerados urbanos já criados. (José Pedro Martins)   

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Região de Campinas tem sete municípios entre os 100 de maior PIB: falta avançar ação social e ambiental


Campinas tem PIB municipal maior do que muitas capitais estaduais

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem sete de seus 19 municípios na lista dos 100 com maior PIB Municipal, conforme estudo divulgado hoje, 12 de dezembro, pelo IBGE. Campinas volta a figurar no décimo primeiro lugar no ranking, à frente de 17 capitais estaduais. O ranking mostra o enorme potencial da RMC na geração de renda e empregos, restando o desafio de avanços nas áreas social e ambiental.
Campinas apresentou um PIB em 2010 de RS 36,6 bilhões, representando 0,97% do total dos municípios brasileiros. O PIB de Campinas é maior do que os de Maceió, Natal e Cuiabá, juntos. Em segundo lugar na RMC aparece Paulínia (no lugar 69 do ranking), com R$ 8,1 bilhões. Em terceiro, Sumaré (lugar 70 no ranking), com R$ 7,8 bilhões.
O quarto lugar na RMC é ocupado por Vinhedo (84 no ranking), com R$ 6,7 bilhões. Em quinto lugar, Americana (86 no ranking), com R$ 6,6 bilhões. O sexto lugar é de Hortolândia (lugar 89), com R$ 6,2 bilhões. E o sétimo lugar é de Indaiatuba (lugar 95), com PIB Municipal de R$ 5,8 bilhões.
Os desafios sociais na RMC podem ser resumidos no fato de que a região conta com 63.613 famílias vinculadas ao Programa Bolsa Família, ou cerca de 240 mil pessoas dependentes de alguma forma do programa social mais conhecido. Números mais do que suficientes para indicar que a RMC, apesar de apresentar bons indicadores em algumas áreas, e de ser uma das mais dinâmicas economicamente no país, ainda tem um déficit social importante, demandando políticas públicas mais ousadas, em aliança entre poder público, setor empresarial e sociedade civil.
Na área ambiental, a região sofre com um déficit hídrico importante, com a reduzida cobertura florestal e poluição atmosférica crescente, agravada por frota de veículos cada vez maior. A região que sedia relevante centro de ciência e tecnologia precisa pensar imediatamente o seu futuro. (Por José Pedro S.Martins)


 


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Região de Campinas se destaca na produção de PIB municipal: falta resolver questão social e ambiental

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) mais uma vez de destaca no ranking do PIB municipal, divulgado hoje, 14 de dezembro, pelo IBGE. Entre os 100 municípios com maior PIB municipal, sete estão na RMC, com destaque para Campinas, que aparece atrás somente de Guarulhos entre os municípios que não são capitais. Campinas está em décimo-primeiro lugar entre os 100 e Guarulhos é o nono. Na RMC também aparecem, entre os 100, Paulínia (58), Sumaré (67), Americana (75), Vinhedo (79), Indaiatuba (90) e Hortolândia (95). O IBGE considera dados de 2009, ano crítico em termos econômicos no planeta.

No ranking do PIB municipal per capita, Paulínia é o décimo-sétimo da lista de 100. Na RMC também se encontram neste grupo os municípios de Vinhedo (19), Jaguariuna (38) e Holambra (67). O estudo do IBGE ratifica a posição de destaque da RMC em termos de geração de riqueza e renda no cenário brasileiro. Para que a região tenha garantido um desenvolvimento sustentável, falta, então, equacionar os graves desafios ambientais e sociais que permanecem, a garantia de água em quantidade e qualidade para todos entre eles. (Por José Pedro S.Martins)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Região de Campinas atrasada na preparação para Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social

Piracicaba, uma das poucas cidades da região que

já realizaram a etapa municipal da Consocial




A Região Metropolitana de Campinas (RMC) e outros municípios próximos têm sido afetados nos últimos meses por sérias denúncias envolvendo o poder público. Apesar disso, a região ainda está muito atrasada na realização das etapas municipais preparatórias à I Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social (Consocial), que terá sua etapa nacional entre 18 e 20 de maio de 2012, em Brasília.

De acordo com o calendário das etapas municipais do estado de São Paulo (http://www.corregedoria.sp.gov.br/consocial/index.asp), que consta em site da Corregedoria Geral da Administração, apenas Sumaré já realizou sua etapa municipal na RMC. Na vizinhança dos 19 municípios da RMC, Piracicaba já realizou a etapa municipal.

A expectativa é a de que, até o final do processo, mais de 1 milhão de brasileiros terão participado das conferências municipais, regionais e estaduais, com a definição de 1200 delegados para a etapa nacional da Consocial. "A sociedade no acompanhamento e Controle da Gestão Pública" é o tema da I Consocial, que tem o propósito principal de promover a transparência pública e estimular a participação da sociedade no acompanhamento e controle da gestão pública, contribuindo para um controle social mais efetivo e democrático. Conferências livres e virtuais também estão sendo realizadas por todo território nacional.

A Lei Complementar 131, de 2009, determinou que todos os entes da Federação brasileira são obrigados a permitir a total transparência sobre despesas e receitas. Municípios a partir de 50 mil moradores tinham até maio de 2011 para cumprir os requisitos legais. Os municipios com menos de 50 mil habitantes devem viabilizar os instrumentos de transparência até maio de 2013.

São quatro eixos temáticos em discussão na I Consocial: I - Promoção da transparência pública e acesso à informação e dados públicos; II - Mecanismos de controle social, engajamento e capacitação da sociedade para o controle da gestão pública; III - A atuação dos conselhos de políticas públicas como instâncias de controle; e IV - Diretrizes para a prevenção e combate à corrupção. Os promotores da I Consocial, que está sendo coordenada em esfera nacional pela Controladoria-Geral da União (CGU), esperam que as propostas discutidas em todo país representem importantes subsídios para a formulação de um Plano Nacional sobre Transparência e Controle Social.

Alguns municípios da RMC já providenciaram medidas para garantir maior transparência e controle social dos gastos públicos. Entretanto, a realização das conferências municipais é fundamental porque servirão de espaço de informação da população sobre os instrumentos existentes e sobretudo sobre os direitos que o cidadão brasileiro tem nesse setor. O calendário das etapas de São Paulo informa que Artur Nogueira promoverá a etapa municipal dia 15 de dezembro. A etapa de Campinas está prevista para 26 e 27 de janeiro de 2012. A etapa estadual de São Paulo será realizada entre 30 de março e 1 de abril de 2012. (Por José Pedro S.Martins)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Governo Alckmin quer inaugurar novo padrão de relacionamento com região de Campinas, que tem influência em 707 cidades brasileiras

Nesta sexta-feira, 11 de novembro, o governador Geraldo Alckmin estará presente em Campinas, na reunião em que pretende inaugurar um novo padrão de relacionamento com a região. Com o anúncio de um pacote de medidas, incluindo uma nova alternativa de abastecimento de água para a região e novo modelo de cobrança de pedágios, o governador pretende fortalecer sua presença política na Região Metropolitana de Campinas (RAC), ao mesmo tempo em que dá mais um passo para o grande projeto de estruturação da macrometrópole paulista.
Devem estar presentes na reunião em Campinas, no Royal Palm Plaza, todos os secretários estaduais e, também, representantes dos municípios e da sociedade civil regional, que levará suas reivindicações. Entre as medidas que devem ser anunciadas pelo governador, a provável construção de duas barragens para armazenamento e distribuição de água para região, que há anos convive com a polêmica gerada pelo Sistema Cantareira. Existe grande probabilidade de que as novas barragens sejam propostas para a área dos rios Camanducaia-Jaguari, conforme projetos já existentes há duas décadas.
Em 2014 expira a atual concessão da Sabesp para explorar o Sistema Cantareira, que retira até 31 mil litros de água por segundo da região de Campinas, na bacia do rio Piracicaba, para abastecer metade da Grande São Paulo. Pelos termos da atual concessão, deveria ser encontrada nova alternativa de abastecimento de água. Desde a década de 1970 a região de Campinas sofre os impactos da construção do Sistema Cantareira. A região já tem defendido que, na renovação da concessão, seria necessária maior liberação de água do Cantareira para viabilizar o desenvolvimento na bacia do rio Piracicaba. A expectativa é se a solução indicada pelo governo paulista efetivamente será sustentável e conforme os interesses da bacia do rio Piracicaba em geral e RMC em particular.
O governador também deve anunciar um novo modelo de cobrança de pedágios nas rodovias estaduais. É grande a resistência na RMC ao atual modelo de cobrança, que penaliza muito sobretudo os moradores de alguns municípios. A RMC é provavelmente a região com maior densidade de pedágios no Brasil, pelo grande número de rodovias que a cortam e pelo seu alto poder aquisitivo. Outra expectativa, em relação ao modelo de pedágio que o governo paulista passará a adotar. Ele irá corrigir as atuais injustiças?
Entre outras medidas, o governador também deve anunciar a construção de um teatro em Campinas. Uma medida que, se realmente concretizada, tende a mexer com a autoestima da cidade que desde o século 20 lamenta a perda de dois belos teatros, o São Carlos e o Municipal, que existiam nas proximidades da atual Catedral Metropolitana e ambos demolidos. Há anos se fala na construção de um novo teatro em Campinas, o que representaria considerável melhoria da autoestima local, muito abalada por uma série de crises políticas nos últimos anos. Até agora, todas as propostas e idéias relacionadas a um novo teatro não saíram do papel ou das maquetes. Espera-se que o novo anúncio também não fique nas belas intenções.
O governador Alckmin sabe da importância política, econômica, social e cultural da RMC, que tem crescimento econômico, por exemplo, superior à média nacional. Um estudo do IBGE, de 2008, mostrou que Campinas, especificamente, tem influência direta em outros 66 municípios e, de forma indireta, em nada menos que 707 municípios, de vários estados. Campinas é, portanto, o vértice de uma das 13 grandes redes urbanas brasileiras. O estudo do IBGE considerou o impacto dessas cidades-polo em outras em termos de relações econômicas, oferecimento de serviços de saúde e educação, abrangência dos sistemas de comunicação, entre outros fatores.
Um melhor relacionamento do governo com a RMC representa, então, um ingrediente positivo em termos de influência nas redes urbanas e, ao mesmo tempo, uma forma de avançar o projeto de constituição da macrometrópole, o grande tecido urbano que vai compreender as regiões metropolitanas paulistas, indo praticamente de Campinas até a divisa com o Rio de Janeiro.
São evidentes os dividendos políticos para o governo paulista, de um melhor relacionamento com a RMC. Nas eleições de 2010, o candidato do PT ao governo paulista, Aluizio Mercadante, por 72 mil votos não foi ao segundo turno contra Alckmin, eleito em primeiro turno. O PSDB quer então fortalecer o capital eleitoral construído em décadas no governo paulista, evitando um maior avanço petista, e a RMC é estratégica nesse processo. Em várias cidades da RMC, como Sumaré e Hortolândia, a candidatura de Dilma Roussef recebeu mais votos do que o candidato tucano José Serra, ao contrário do que ocorreu em esfera estadual.
Muitos ingredientes em jogo, então, na relação entre o governo paulista e a RMC. O governador poderia aproveitar a oportunidade e anunciar um grande avanço em termos de governança na RMC, que seria a implementação coletiva de uma Agenda 21 pelo desenvolvimento regional sustentável. Seria uma medida de impacto, considerando a proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A história revelará a dimensão e o alcance da reunião deste 11 de novembro, com a presença do governador Geraldo Alckmin. (Por José Pedro Martins, jornalista e escritor, autor entre outros livros de ""Campinas - Metrópole, Globalização e Terceiro Setor Ano 2000", de 1998, e "Agenda 21 Municipal na Região Metropolitana de Campinas", de 2002)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Campinas já ultrapassou vários momentos críticos na história e vai superar mais um





Livros do autor, com registros históricos de como

Campinas superou vários momentos críticos


Por José Pedro Martins




A crise política continua rondando Campinas, que chegou a ter três prefeitos em uma semana. Crise prolongada, que é sem dúvida uma das mais graves na história local. Mas não é a única. Essa magnifícia cidade já viveu outros momentos absolutamente graves e superou (quase) todos. Digo quase porque a cidade ainda sente a lacuna deixada por nomes como José Roberto Magalhães Teixeira, Edivaldo Orsi e Antônio da Costa Santos, referências na história recente.
Mas tudo indica que a cidade vai superar mais essa crise. Com união, cidadania ativa, compromisso e sobretudo prática da ética, desejo de transformação e projeto de futuro, Campinas vai retomar o caminho e em pouco tempo de novo voltará ao noticiário nacional por suas realizações, por seu brilho que sempre orgulhou o Brasil. Poucas cidades têm os ativos, o capital social que Campinas tem, para projetar e construir uma cidade de fato saudável e sustentável, na qual todos têm orgulho de viver.
Primeira crise, logo no "parto" - A primeira eleição da Câmara da Vila de São Carlos (nome oficial, porque o local já era conhecido de todos como Campinas, desde a fundação, em 1774, da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso), a 15 de dezembro de 1797, foi o epicentro do primeiro terremoto politico acontecido na cidade. O motivo do conflito foi o fato de que a primeira Câmara, composta por cinco vereadores, se recusou a incluir Raimundo Álvares dos Santos Prado entre os nomes de uma lista tríplice que seria entregue ao capitão-geral (equivalente a governador na época), com os mais votados para capitão-mor, que detinha o poder militar. O poder político local no período colonial e imperial, como se sabe, estava com a Câmara Municipal, seguindo o modelo português. Só com a República foi instituído o cargo de prefeito.
Os chamados "homens bons" de Campinas pagaram caro pela recusa. A primeira Câmara foi deposta, sendo eleita uma nova, empossada a 26 de abril de 1798. A nova Câmara tomou posse, mas a disputa com o governador continuou. Seguidas legislaturas, anuais de acordo com a legislação da época, continuavam resistindo a apoiar o nome de Prado como capitão-mor.
O clima de tensão recrudesceu e, em junho de 1801, o governador Antônio Manuel de Melo Castro Mendonça ordenou a prisão das principais lideranças da política campineira: José Barbosa da Cunha, Francisco de Paula Camargo, Felipe Néri Teixeira, Joaquim José Teixeira e Manuel Teixeira Vilela. Em períodos alternados, as prisões ocorreram de 24 de junho a 4 de outubro de 1801. As lideranças políticas ficaram detidas em Santos.
Os confrontos só foram encerrados com a posse do novo governador, Antônio José de Franca e Horta, a 10 de novembro de 1802. No dia 4 de março de 1804 foi finalmente empossado, pela Câmara da Vila de São Carlos, com capitão-mor, João Francisco de Andrade, escolhido pelos vereadores e aprovado pelo novo governador. Tudo isso ocorrendo quando o crescimento local se devia substancialmente à cana-de-açúcar.
Revolução liberal e febre amarela - A revolução liberal liderada pelo Padre Feijó (que havia residido e trabalhado em Campinas), no início da década de 1840, atingiu em cheio a política local, obviamente. A já cidade de Campinas foi palco do célebre Combate de Venda Grande, a 7 de junho de 1842. O Combate, na altura da atual região dos Amarais, terminou com a vitória das forças governamentais.
Outro momento absolutamente caótico esteve relacionado à epidemia de febre amarela, principalmente no ano de 1889, o ano da proclamação da República tão defendida pelos cafeicultores campineiros - o café já tinha projetado a cidade ao primeiro plano nacional. Durante o período mais crítico, entre fevereiro e junho de 1889, a Câmara de Campinas funcionou de forma precária, pois quem podia saía da cidade quase devastada. O presidente da Câmara, José Paulino Nogueira, foi o líder das ações de atendimento às vítimas e recuperação da cidade, que teve muito apoio da imprensa do Rio de Janeiro.
E de fato Campinas deu a volta por cima e logo estaria de novo na vanguarda de realizações em São Paulo. Muito disso se deveu à atuação do Instituto Agronômico, a organização pioneira do parque científico e tecnológico que seria estruturado na cidade e região.
Século 20 e suas crises - O período republicano não tem sido exatamente isento de crises. No final da década de 1910, Campinas também foi atingida pela Gripe Espanhola, que assombrou o planeta. Em 16 de julho de 1917, a cidade ficou atônita com o Massacre da Porteira da Capivara. Era uma barreira localizada na altura do atual Viaduto Miguel Vicente Cury, na saída da antiga estação da Companhia Ferroviária Paulista. Para impedir os trens de circular durante uma greve, um grupo de ferroviários se instalou nas proximidades da porteira, fato que motivou a repressão de forças policiais, levando a vários feridos e três operários mortos.
A crise de 1929 atingiu o mundo em cheio, levando a mudanças no poder político no Brasil. Com a crise do café, Getúlio Vargas chega ao poder. Novas reviravoltas políticas. A legislatura de 1929-1931 foi suspensa. Tropas federais do general João Franco, que lutavam contra as estaduais de Bertoldo Klinger, acamparam no Bosque dos Jequitibás.
A 18 de setembro de 1932, no meio da Revolução Constitucionalista contra Vargas, Campinas se tornou uma das únicas cidades brasileiras bombardeadas por avião até o momento. Quatro bombas foram lançadas contra o parque ferroviário de Campinas, e uma delas feriu quatro pessoas e matou o menino Aldo Chiorato, de 9 anos. A infância vitimada por conflitos.
Entre 1937, o ano do golpe do Estavo Novo, e 1947, não houve eleições municipais. Mas os prefeitos e conselheiros nomeados do período continuaram a organizar a cidade, como o novo sistema de captação de água no rio Atibaia e várias ações que ajudaram a estruturar o parque industrial, com o qual a cidade se recuperou da crise do café (além do algodão e outras culturas estudadas pelo IAC).
Depois de 18 anos de um período de instabilidade política e de exceção, foram eleitos uma nova legislatura e um novo prefeito, tomando posse em 1948. Campinas foi um dos cenários da grande euforia desenvolvimentista dos anos 1950, coincidindo com os Anos JK. A PUC-Campinas, inaugurada em 1941 a partir da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras criada pela Sociedade Campineira de Educação e Instrução, mantida pela Diocese, e depois a Unicamp, no início dos anos 60, foram os novos pilares do parque científico e tecnológico.
O mundo acadêmico foi uma das trincheiras locais contra a ditadura militar instalada em 1964 e que inaugurou novo período de instabilidade política. Campinas "explodiu" nos anos 60 a 80, em termos populacionais, com crescimento médio muito superior à média paulista e brasileira. Mas a cidade continuava brilhando, com avanços como a formação da Fundação FEAC, unindo as entidades sociais, em modelo único no país.
Veio a escalada da violência na década de 1990. E o período de sucessivas crises políticas na história local, desde a morte do prefeito José Roberto Magalhães Teixeira, em fevereiro de 1996, tendo assumido o vice, Edivaldo Orsi. Depois vieram os polêmicos governos de Chico Amaral e Izalene Tiene, esta, tendo assumido como vice de Antônio da Costa Santos, assassinado a 10 de setembro de 2001. Mesmo com toda dor e tristeza, a cidade continuou crescendo, atraindo novos centros de ciência e tecnologia, entre outras realizações.
Momento para pensar o futuro - E a atual crise, com três prefeitos (Dr.Hélio, Demétrio Vilagra e Pedro Serafim) em uma semana em agosto. Agora a volta de Demétrio Vilagra (PT), depois de rápida passagem de Pedro Serafim pelo poder. A cidade tem, enfim, novo grande, imenso desafio, de voltar a recuperar a autoestima e se reerguer.
Momento excepcional para repensar o próprio crescimento físico local. Quais os limites ambientais desse crescimento? Como implantar um desenvolvimento de fato sustentável, efetivamente inclusivo, e não somente crescimento econômico e populacional? Quais as prioridades? Como impulsionar a qualidade na educação básica? Perguntas que serão respondidas com um projeto coletivo, intersetorial, lastreado por uma cidadania ativa e profundo sentimento de justiça, ética e responsabilidade.
Os exemplos de momentos críticos históricos mostram que Campinas pode, deve e vai superar mais uma fase profundamente crítica. Lembrando que crise, em sua raiz grega, tem justamente o sentido de oportunidade de mudança, de metamorfose, de apontar para o novo. E, por causa da febre amarela, Campinas não recebeu como símbolo a Fênix, a ave da mitologia grega que renasce das cinzas? (Com informações dos livros "Câmara em Foco - Os 200 anos do Poder Legislativo em Campinas", de 1998, "Campinas Século XX - 100 anos de história", RAC, 2000, e "Campinas, Imagens da História", Komedi, de 2007, do autor do artigo)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A INFÂNCIA E O CONSUMO CONSCIENTE NA REGIÃO EM DEBATE NO SESC-CAMPINAS

Debate de agosto, no SESC-Campinas: grande público

tem presenciado as discussões

A infância e o consumo consciente. Este é o tema do bate-papo que o SESC-Campinas sedia no próximo dia 6 de outubro, quinta-feira, a partir das 14 horas, dentro da série “Fala mais sobre isso!”. O evento será um momento privilegiado para o debate sobre os hábitos de consumo em geral das crianças e cidadãos em geral, considerando o embate entre as tradições culturais e os parâmetros do consumo consciente, responsável ou sustentável.
Os expositores estão envolvidos em alguns dos principais grupos que lidam com o consumo consciente na região de Campinas. Ó tema geral será apresentado pela antropóloga Olivia G.Janequine, do grupo Trocas Verdes. Trata-se de um grupo criado em 2007, por um conjunto de pessoas incomodadas com a atual relação de produção e consumo de alimentos no mundo e, em particular, em Campinas e região. O Trocas Verdes está baseado em princípios da economia solidária, da autogestão, da soberania alimentar, e preocupado com o sabor dos alimentos, assim como com a saúde do corpo e do planeta.
Em seguida, será apresentado o Projeto Conexão Social Sindivarejista, que leva educação para sustentabilidade a alunos, professores, comerciantes e moradores da região. O objetivo final é fazer a conexão entre fornecedores e consumidores, possibilitando a construção de uma ética mais coletiva e de um novo olhar sobre a relação entre cidadania e hábitos de consumo sustentável. O Conexão Social foi premiado pelo Projeto Cidadão, em parceria entre a Rede Anhanguera de Comunicação (RAC) e a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). Foi também finalista do III Prêmio FGV-EAESP de Responsabilidade Social no Varejo, na categoria Entidade Varejista. A premissa do Conexão Social é que a educação para a sustentabilidade começa no orçamento familiar, no comércio local e no dia-a-dia do cidadão. As atividades na quinta-feira, 6 de outubro, serão no Teatro do SESC-Campinas. A entrada é grátis.

sábado, 17 de setembro de 2011

Limpa Brasil impõe desafios para gestão de resíduos sólidos em Campinas e região

Rio Atibaia, pouco antes de Campinas: gestão de resíduos sólidos tem impacto direto na qualidade e quantidade da água fundamental para a vida




Por José Pedro S.Martins





No próximo dia 25 de setembro, Campinas será destaque na mídia nacional e internacional por um fato extremamente positivo: a cidade será a sede da vez do Limpa Brasil, ação de cidadania visando incentivar a reflexão para a mudança de atitude do cidadão brasileiro em relação ao hábito de jogar lixo fora do lixo. Para Campinas e região metropolitana, o grande evento pode ser o empurrão que faltava para a formulação de uma consistente e intersetorial política pública destinada a equacionar um dos grandes desafios sociais e ambientais atuais e para o futuro, a gestão dos resíduos sólidos, o lixo que continua degrando o cenário urbano, afetando a qualidade de vida e impactando inclusive os rios que guardam as águas essenciais para o desenvolvimento que se espera sustentável e saudável. Um grande incentivo à reciclagem, ao reuso e à reutilização de resíduos é um dos principais saldos esperados para a ação do Limpa Brasil em Campinas, que já está mobilizando várias organizações sociais, empresariais e órgãos públicos.


O movimento Let´s do it! nasceu por iniciativa do ambientalista Rainer Nõlvak, com ação inicial na Estônia, em 2008, envolvendo 50 mil voluntários que retiraram 10 mil toneladas de lixo das praças, ruas e florestas em um período de apenas 5 horas. No Brasil, o projeto organizado pela Atitude Brasil, empresa de comunicação social, cultural e ambiental em parceria com a UNESCO, será promovido a cada dois anos, nos próximos dez anos.


A primeira ação em território brasileiro aconteceu no Rio de Janeiro a 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, reunindo 6,5 mil voluntários, que promoveram a coleta das ruas da capital fluminense 17 toneladas de lixo reciclável. Depois de Campinas o movimento terá ações em Belo Horizonte, São Paulo e outras grandes cidades.


Em Campinas - No dia 25 de setembro, domingo, Campinas será o palco do Limpa Brasil. Serão pelo menos 25 pontos de entrega de lixo identificados pelo Departamento de Limpeza Urbana (DLU). Entre eles, Parque Ecológico, Praça Beira Rio, Praça do Coco, Bosque dos Jequitibás, nas Cooperativas Produção Coleta e Manuseio, Bom Sucesso e Havilá.


A ação começa às 9 horas, no Largo do Rosário, às 9h. Cada saco de lixo entregue no Ponto de Entrega poderá ser trocado por um ingresso para um show com O Baile do Simonal (Wilson Simoninha e Max de Castro), a Banda Fator 4, e convidados, que acontecerá às 17h, após a ação, na Concha Acústica do Parque Taquaral. Será um show diferenciado em todos sentidos, sempre com foco na proposta de destino correto de resíduos sólidos.


O voluntário poderá retirar na semana anterior à ação, em uma agência do Banco do Brasil, um kit com luvas e sacos confeccionados com matéria-prima renovável, produzidos e cedidos pelas empresas Braskem e Embalixo. O cadastramento pode ser feito no site http://www.facebook.com/l/FAQDWUtSsAQAPPI-yxThOyqLTAk4Hv2CTavOb96AFRbfiSw/www.limpabrasil.com, onde pode ser feita inscrição. Outras orientações serão encaminhadas por e-mail.


Em Campinas o Limpa Brasil Let´s do it! tem o patrocínio da CPFL, co-patrocínio do Parque Dom Pedro Shopping e apoio da CBN, Ciesp, DLU, Emdec, ITV Mídia Digital, Prefeitura Municipal de Campinas, Sesc, Revista Força, Fitel, Sanasa e SETEC.


Um dos grandes desafios sócio-ambientais - A destinação adequada e sustentável de resíduos sólidos é um dos grandes desafios sócio-ambientais do início do século 21 nas grandes cidades e na Região Metropolitana de Campinas (RMC) não poderia ser diferente. Em Campinas são produzidas diariamente mais de 1 mil toneladas de lixo doméstico, sem contar os resíduos de construção civil e outras fontes. Na RMC são mais de 3 mil toneladas/dia.


Não há mais área disponível para aterros sanitários na região. Cerca da metade dos 19 municípios da RMC já destina seus resíduos para aterro particular em Paulínia. Foi constituído recentemente um consórcio intermunicipal, envolvendo municípios das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), para uma destinação coletiva de resíduos.


Entretanto, os desafios são muito grandes. Menos de 3% dos resíduos sólidos da RMC são destinados à reciclagem. É muito importante, então, que a ação do Limpa Brasil em Campinas contribua para acelerar a instalação de infraestrutura nos 19 municípios visando incrementar muito a coleta seletiva e reciclagem. As cooperativas de reciclagem também devem ser incentivadas e estimuladas, repercutindo na geração de empregos e renda.


Cooperativas de reciclagem de Campinas acabaram de ser visitadas por Tião Santos. Ele é o presidente da Associação de Catadores do Jardim Gramacho, no Rio de Janeito, tendo participado do documentário indicado ao Oscar, Lixo Extraordinário, idealizado pelo artista plástico Vik Muniz. Tião Santos é um dos representantes do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis no Brasil.


Uma nova postura cultural - O trabalho de Vik Muniz com os coletores de resíduos do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), onde está um dos maiores aterros sanitários do planeta, é um dos ícones da grande mudança postura cultural em curso na sociedade contemporânea, relacionada ao lixo. O verdadeiro preconceito com relação ao lixo está mudando, no sentido de considerar os resíduos sólidos como material nobre, que pode ser reciclado e reaproveitado, com repercussão na economia de água, energia e outros recursos naturais importantíssimos. Sem falar que o lixo jogado fora do lixo ajuda a poluir rios e provocar enchentes.


O lixo que vira arte é uma tendência cada vez mais sólida, com influência em várias linguagens artísticas. Um novo olhar sobre os recursos naturais, sobre a vida, apontando para uma séria reflexão sobre a necessidade de fim do desperdício e do consumo exagerado, que tem levado o planeta e um beco sem saída. O planeta, claro, considerando as sociedades humanas, porque até as formigas, na grande comunidade que é o formigueiro, praticam a "coleta seletiva" e "reuso" de resíduos. Essa ação "ecológica" das formigas pode ser vista, por exemplo, em um "formigueiro" estruturado no borboletário do Hotel Sesc Pantanal, em Mato Grosso.


A importância dos catadores, coletores e recicladores como um dos pilares de uma nova cultura, de uma nova sociedade, de uma nova civilização, foi "antecipada" por importantes pensadores. Afinal, o que esses personagens nobres fazem é construir uma nova civilização a partir das ruínas de uma civilização que está em plena decadência.


É mais ou menos o que Euclides da Cunha detectou na sua fabulosa aventura que resultou em "Os Sertões", uma das obras-primas da literatura brasileira e universal. A visão de Euclides sobre a Guerra de Canudos e os liderados de Antonio Conselheiro foi comentada entre outros por Edgar Salvadori de Decca, pesquisador da Unicamp, um dos participantes do Colóquio Internacional Memória e Res (Sentimento): indagações sobre uma questão sensível.


Em "Literatura em ruínas ou as ruínas na literatura?", sobre a gênese de "Os Sertões" (que teve seus originais revisados em Campinas, no Centro de Ciências, Letras e Artes), de Decca comenta: "Há uma outra vida que se desenha por entre as ruínas e, manifestando-se, acaba por revelar os traços da brasilidade, em figuras como a do sertanejo, do caipira e do caucheiro". Sobre ou a partir das ruínas de uma civilização passada, certos personagens constroem uma nova sociedade.


Vik Muniz enxergou esse renascimento no Gramacho, um local, como outros, que constroi uma nova sociedade a partir dos resíduos. Em Santa Rita, um dos municípios com maiores desafios sociais na Paraíba e com um histórico recente de violência, uma das ações sociais mais relevantes no momento é a de uma cooperativa de recicladores. No Jardim Satélite Íris, em Campinas, onde durante anos funcionou o lixão da cidade, está em curso um dos mais importantes movimentos em rede de solidariedade e educação integral.


A ação de 25 de setembro pode ser um marco importantíssimo para a cidadania em Campinas em região. Um sopro de vida e de esperança, em momento histórico crítico para a grande cidade. A nova Lei Nacional de Resíduos Sólidos dá importantes ferramentas para uma mudança do cenário nacional na área. Mas são ações de cidadania ativa, coletivas, que mudarão os parâmetros do poder público para a área de resíduos e outras. Uma nova (eco)civilização em construção.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mobilidade urbana sustentável depende de pressão e ação social, diz engenheiro em debate no SESC-Campinas

Para o engenheiro Agenor Cremonese, implementação da Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável depende de organização e pressão social



Engenheiro Cremonese e jornalista José Pedro Martins

no debate sobre mobilidade urbana no SESC-Campinas



A mobilidade urbana sustentável, que garanta o direito das pessoas transitarem com liberdade pelas cidades, com um sistema focado no ser humano e não nos veículos e que use tecnologias baseadas em combustíveis limpos, apenas será alcançada com uma forte mobilização social e com ações efetivas de transformação. A posição foi defendida nesta quinta-feira, 1 de setembro, no SESC-Campinas, pelo engenheiro Agenor Cremonese, durante o debate sobre A mobilidade urbana que temos e a que queremos.


Cremonese é um dos principais especialistas do tema no Brasil. Já trabalhou para a Prefeitura de Campinas, coordenou programas de segurança no trânsito em parceria com a Rebal (vinculada à União Europeia) e atualmente presta assessoria para as prefeituras de Bragança Paulista e Osasco. Para ele, o sistema de mobilidade urbana vigente hoje no Brasil é, de forma geral, insustentável.


Ele citou estudos mostrando que a maior parte das viagens para o trabalho e estudo, em grandes centros urbanos brasileiros, ainda se dá a pé e por meio de transporte coletivo. Apesar disso, os sistemas de tráfego e trânsito nas grandes cidades ainda privilegiam o fluxo de automóveis particulares, e não o transporte coletivo ou por outros meios como a pé ou mesmo bicicleta.


O transporte por automóvel, observou, é muito mais poluente e ocupa maior espaço, em termos comparativos, do que o transporte coletivo. Além de tudo, o Brasil continua nos primeiros lugares em número de mortes por acidentes de trânsito em todo mundo. Tanto a tragédia das mortes e ferimentos em acidentes como a perda de horas no trânsito significam perdas enormes também em termos financeiros para o país, observou. Outra face do sistema excludente de mobilidade urbana no Brasil, notou, é o fato de que cresce a cada década o gasto das famílias com transporte, atingindo sobretudo as faixas de menor renda.


Por este cenário, o sistema de mobilidade urbana vigente no Brasil é insustentável. Agenor Cremonese lembrou da recente aprovação da Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável, que contém mecanismos apontando para a modificação do panorama vigente nas grandes cidades e sobretudo em regiões metropolitanas como a de Campinas.


A Política Nacional prevê a mobilidade urbana focada no transporte das pessoas e não de veículos, o total direito à informação sobre mobilidade, o controle social e democrático sobre a mobilidade e, entre outros pontos, a universalização do direito de acesso ao transporte público coletivo. O barateamento das tarifas, a estruturação de ciclovias seguras, a disseminação de tecnologias visando melhorias ambientais e acessibilidade a todos são outros pontos da Política Nacional, cuja implementação, na opinião do engenheiro Cremonese, dependerá essencialmente de ação política, pela cidadania ativa e organizada.


Na sua opinião, o atual sistema de mobilidade urbana no Brasil é mais próximo ao padrão americano, focado nos veículos particulares, do que do padrão que avança na Europa, onde é cada vez maior o número de cidades que aplicam medidas privilegiando o trânsito a pé, por bicicletas ou transporte coletivo. Em algumas cidades, como Londres, observou, é implementado um caro pedágio para quem circular por ruas centrais de automóvel individual. Em outras, como Paris, é crescente o uso de bicicletas alugadas pelo próprio município.


Uma mobilidade urbana sustentável, acrescentou Cremonese, dependerá, enfim, de escolhas políticas da sociedade, sobre quais caminhos ela pretende trilhar. Qual é o projeto de sociedade, enfim. O debate no SESC-Campinas faz parte da série "Fala mais sobre isso" e incluiu apresentação da Prefeitura de Indaiatuba, onde o uso de bicicleta é forte tradição cultural e onde existem ciclovias estruturadas. Cidade com cerca de 200 mil moradores, Indaiatuba teria cerca de 100 mil bicicletas, com forte uso para o trabalho, educação e lazer.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Meio ambiente é tema de Pré-Grito dos Excluídos nesta quinta-feira no Satélite Íris I em Campinas

A necessidade de preservação do meio ambiente, em benefício das atuais e futuras gerações, é um dos temas do Pré-Grito dos Excluídos, que será realizado neste dia 1 de setembro, quinta-feira, no Jardim Satélite Íris I, em Campinas. O evento começa às 8h30, com saída no PROGEN II (rua Caio Graco Prado, 281) e caminhada pelas ruas do Satélite Íris I, bairro que concentra vários desafios sociais mas onde existe uma cidadania cada vez mais ativa e transformadora. A realização do Pré-Grito dos Excluídos é da Rede Intersetorial Satélite Íris I, que reúne várias organizações sociais da comunidade e ativos como escolas públicas.

O evento está relacionado ao Grito dos Excluídos, promovido anualmente a 7 de setembro, por ocasião da lembrança da Independência do Brasil. O tema do meio ambiente, por sua vez, está associado à Campanha da Fraternidade de 2011 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que discutiu a preservação da vida, diante das múltiplas ameaças em curso, como o aquecimento global, a destruição da biodiversidade e a poluição cresce da água.

O encerramento da caminhada será na EE Rosina Frazatto. Estão previstas atividades como leitura de poemas, apresentação de maracatu e outras danças, plantio de árvores e premiação de concurso de poesia e desenho sobre a temática ambiental, entre outras.

Durante muitos anos a região teve um lixão a ceu aberto, representando portanto a clara omissão do poder público com a questão ambiental. Na história recente o Satélite Iris se destaca pela organização e mobilização social, em uma ação coletiva, intersetorial e em rede pela educação, inclusão e qualidade de vida. Um exemplo para Campinas, região e todo Brasil.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Mobilidade urbana em debate no SESC-Campinas na quinta, 1 de setembro



Último evento, em agosto, com professor Mohamed Habib,

lotou o teatro do SESC-Campinas




No dia 1º de setembro, quinta-feira, a partir das 14 horas, o SESC-Campinas dá continuidade à série de bate-papos “Fala mais sobre isso”, com o tema “A mobilidade urbana que temos e a que queremos”. Oportunidade para uma ampla reflexão sobre sistemas de mobilidade urbana, à luz das práticas culturais das comunidades locais e das demandas da sustentabilidade, sobretudo em áreas de alta densidade como regiões metropolitanas.
O conferencista será o engenheiro Agenor Cremonese, especialista em mobilidade urbana, assessor da Prefeitura de Campinas quando o município ganhou o Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito em 1995 e 1996, coordenador de programas de segurança no trânsito de Santo André e Criciúma em parceria com a Rede URBAL, da Comissão Europeia, coordenador do Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Santo André, atual assessor em mobilidade urbana das Prefeituras de Osasco e Bragança Paulista.
Em seguida à conferência, haverá a apresentação do Projeto Ciclovia de Indaiatuba, pela Prefeitura de Indaiatuba, cidade em que o uso de bicicleta representa uma prática cultural tradicional. A série “Fala mais sobre isso” representa um espaço de reflexão sobre temas relacionados à cidade. Em agosto, o professor Mohamed Habib, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, foi o conferencista. As atividades nesta quinta-feira, 1º de setembro, serão no Teatro do SESC. A entrada é grátis. A mediação do evento será do jornalista José Pedro Martins.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Aziz Ab´Saber, a voz da indignação, tem relação histórica com região e faz alerta sobre Campinas

São Luis do Paraitinga, terra de Aziz Ab´Saber, antes das enchentes devastadoras do início de 2010: cidade que se reconstroi demonstra a força que o geógrafo tem na defesa do Brasil (Foto Adriano Rosa)





O crescimento urbano descontrolado de Campinas pode acabar afetando áreas, como nos distritos de Sousas e Joaquim Egídio, onde estão amostras de vegetação e solo de um passado muito longínquo, e que por sua importância histórica e científica deveriam ser preservadas, inclusive como objeto de uma educação ampla e multidisciplinar. O apelo foi feito em uma fria noite de junho de 2005, no encerramento do Encontro Regional de Meio Ambiente, no SESC, pelo geógrafo Aziz Ab’Saber, um dos maiores nomes da ciência e da cidadania ativa no Brasil. Pois as advertências do geógrafo continuam muito válidas, tanto para aquela região de Campinas, como para todo o conjunto das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, com quem Ab´Saber mantém uma relação histórica. O Encontro Regional de Meio Ambiente, do SESC Campinas, foi retomado agora com um novo formato e nome, o "Fala mais sobre isso", com eventos toda primeira quinta-feira de cada mês, a partir das 14 horas, sempre com importantes referências em sustentabilidade.
Aquela noite estava fria, mas a aula plural de Ab’Saber, aliada a seu imenso amor pelo país, tornaram bem quente o ambiente do Encontro Regional. O geógrafo conhece a fundo o processo de evolução desordenada do tecido urbano de Campinas e de toda a região. O geógrafo nascido na bela São Luis do Paraitinga, em 1924, começou sua brilhante carreira acadêmica aqui mesmo, dando aulas entre 1952 e 58 nas Faculdades Campineiras, embrião da futura Universidade Católica.
As incursões pelo território campineiro ajudaram e muito na formulação da Teoria dos Redutos, uma das inúmeras contribuições de Ab’Saber à Ciência. Ele se maravilha em especial com as formações rochosas encontradas no distrito de Joaquim Egídio, fruto de movimentações no solo ocorrida há milhões de anos. Alterações climáticas profundas, também em tempos imemoriais, levaram por sua vez a modificações radicais na composição vegetal do território de Joaquim Egídio e em toda região.
Mas parte desse passado remoto ainda resiste no distrito, na forma por exemplo da vegetação rupestre de lajedos rochosos, identificada há poucos anos pelo esforço da agrônoma e doutora em botânica Dionete Santin – que apresentou os resultados de seu trabalho no mesmo Encontro do SESC.
Preservar essas relíquias remanescentes no Município é um dos grandes motivos para se frear a dilatação inconseqüente da área urbana, destacou o professor Ab’Saber. Ele também pediu atenção para o perfil do metabolismo urbano de Campinas, na sua opinião indicativo da degradação dos recursos naturais e da qualidade de vida na cidade.
Mas o professor Ab’Saber mostrou enorme preocupação com outro patrimônio, de todos brasileiros, que é a Amazônia. A escalada da destruição na floresta amazônica quase não tem precedentes na história mundial, avisou o geógrafo. Ab’Saber demonstrou sua clara insatisfação com a recente declaração do então presidente Lula, para quem a Amazônia não poderia ser mais considerada “intocável”. Para o geógrafo, ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e companheiro de Lula na campanha pelas diretas-já de 1984 e nas posteriores Caravanas da Cidadania, afirmações como essa do ex-presidente poderiam pôr ainda mais em risco a integridade da floresta.
Ab’Saber reiterou sua tese de que a Amazônia, como todo Brasil, não cabem em um único projeto, em função da diversidade de ecossistemas e de realidades sociais, culturais e étnicas, tanto na floresta como em todo território nacional. “Não dá para falar em um projeto sem conhecer a realidade, e isso apenas como resultado de um esforço multidisciplinar, integrando profissionais e estudantes de distintas áreas”, sublinhou o mestre Ab’Saber, que ao final de sua exposição foi aplaudido de pé e homenageado por estudantes da PUC-Campinas.
Dom Quixote dos áridos tempos atuais, Aziz Ab’Saber dedicou-se ultimamente a outra causa nobre: montar bibliotecas em bairros de baixíssima renda. Ele não desiste de acreditar no Brasil, apesar dos pontuais desencantos e de sua santa indignação. (Por José Pedro S.Martins)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Dia do Folclore, dia para a região repensar o futuro da cultura popular

No próximo 22 de agosto será comemorado mais um Dia do Folclore, data assim considerada desde 1965. Será excelente oportunidade para se refletir sobre a importância do folclore e o seu atual papel na sociedade brasileira, cada vez mais dinâmica e volátil. Para a Região Metropolitana de Campinas (RMC) e todo conjunto das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), ocasião para uma reflexão sobre os rumos da cultura popular, das raízes culturais mais profundas, em um cenário de avanço da urbanização.
Tempos rápidos, de mudanças profundas e em velocidade que às vezes assusta. O avanço frenético dos meios de comunicação, em especial da Internet, e seu impacto na sociedade é a face mais conhecida do atual modo de vida, reinante em grande parte do planeta.
Momento de grandes oportunidades, das redes sociais que aproximam pessoas, da informação instantânea, de maior transparência, mas também momento de riscos, e um deles é o relacionado à perda dos valores culturais mais íntimos do povo.
Pois é justamente disso que o folclore trata. O folclore, na raiz da palavra inglesa, é a cultura do povo, é o conjunto de valores, símbolos e expressões culturais que traduzem a alma do povo, os seus sentimentos mais profundos.
Será uma perda incomensurável para todos se a cultura popular for de alguma forma prejudicada pela hegemonia dos meios de comunicação, que podem favorecer uma cultura de massa, padronizada, muito influenciada por fatores técnicos e científicos. E pela lógica do lucro.
Não, não se trata de ficar cultuando o passando, e nem de desprezar as conquistas extremamente positivas do mundo da mídia e de outros emblemas dos avanços da ciência e da técnica. O que se trata é de continuar valorizando a cultura feita pelo povo e para o povo, uma cultura então na essência muito democrática. E que pode muito bem dialogar com o novo.
Um dos ícones da força do folclore, da cultura popular brasileira, é o resgate que está acontecendo em São Luiz do Paraitinga, a cidade que quase foi arrasada no Verão de 2010. Paraitinga é uma das cidades mais identificadas com o folclore no Brasil.
Uma questão que deve ser pensada por ocasião do Dia do Folclore é exatamente o sentido da palavra... folclore. A própria palavra passou por um processo de desprestígio. Quando se quer referir a alguém, digamos, “diferente”, que foge ao perfil do considerado “normal”, diz-se que ele é “folclórico”, como se folclórico fosse sinônimo de estranho, de algo que não faz parte da sociedade. Pelo contrário, folclore é o que está mais dentro da sociedade, é a alma, o coração humano na brasa da cultura.

Muitos grupos e pessoas continuam fazendo grandes e importantes esforços pela cultura popular na RMC e nas bacias do PCJ. A Festa do Divino em Piracicaba, onde o Cururu é uma das faces mais belas da cultura popular e onde a Festa Junina em Tupi é outra referência; a festa do Boi Falô no distrito de Barão Geraldo, em Campinas; os diversos grupos de música e dança que continuam perpetuando a cultura popular nas região - algumas luzes da alma popular que pulsam na região, como sólida base para a identidade e para a construção de um futuro mais sustentável no conjunto dos municípios.

domingo, 7 de agosto de 2011

Situação crítica das florestas nas bacias do PCJ e muito grave na RMC

2011 é o Ano Internacional das Florestas, iniciativa das Nações Unidas para promover uma reflexão planetária sobre essas imensas reservas de vida, cada vez mais ameaçadas. O balanço das florestas nos 65 municípios das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) é absolutamente crítico. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC), o cenário é de enorme gravidade em relação às florestas remanescentes – entre os 12 municípios com menor índice de florestas nativas remanescentes no conjunto das três bacias, oito estão localizados entre os 19 que formam a RMC. Um cenário geral que exige medidas urgentes para proteger o que resta de mata nativa nas bacias PCJ e sobretudo na RMC, mas principalmente para promover o reflorestamento, como um gesto ético e de responsabilidade com as futuras gerações, pois a necessidade de proteção dos recursos hídricos, por exemplo, demanda um plantio maciço de árvores, particularmente nas margens dos rios.
O Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo, de 2005, revelou que os remanescentes florestais cobrem somente 13,94% do território paulista, o que indica um gigantesco desastre ambiental, considerando que originalmente 80% do território estadual eram cobertos com diferentes tipos de florestas. Na região do PCJ o quadro é ainda pior. Dos 1.530.367 hectares que compõem o território das três bacias, somente 105.403 hectares estavam cobertos com vegetação nativa remanescente, ou 6,89%, cerca da metade, portanto, da média estadual.
Nas três bacias, os municípios com maior porcentagem de vegetação nativa remanescente são Bom Jesus dos Perdões (40,0% do seu território), Nazaré Paulista (36,7%) e Jarinu (29,9%). Dos doze municípios das três bacias com pior índice de vegetação nativa remanescente, oito estão na RMC: Hortolândia (2% do município cobertos com vegetação nativa remanescente), Sumaré (2,5%), Santa Bárbara d´Oeste (5%), Santo Antonio de Posse (5,1%), Paulínia (6%), Artur Nogueira (6,3%), Nova Odessa e Campinas (ambos com 7%). Os outros quatro municípios com menores índice de vegetação nativa remanescente são Santa Gertrudes (3,8%), Cordeirópolis (4,3%), Iracemápolis (5,6%) e Rio das Pedras (6,7%). Todas informações são do Sistema de Informações Florestais do Estado de São Paulo – Quantificação da vegetação natural remanescente para os Municípios do Estado de São Paulo – Legenda IBGE – RADAM 2009. Os dados constam do Plano de Bacias para as bacias PCJ 2010-2020.
Segundo dados do mesmo Plano de Bacias, com informações derivadas da interpretação de imagem do satélite Landsat-TM-7 de 2003, 39,06% do território das três bacias eram cobertos por pastagens, 33,61% com cana-de-açúcar, 7,93% por vegetação nativa, 6% por área urbana, 5,90% por culturas perenes, 4% por reflorestamento e 1,47% por corpos d´água (rios, lagos etc). Pequena discrepância em relação ao índice de vegetação nativa apurado pelo Sistema de Informações Florestais de São Paulo, mas de qualquer modo confirmando a baixíssima porcentagem de vegetação nativa remanescente nas três bacias. Um grande desafio para o desenvolvimento sustentável nessa região cada vez mais populosa e ativa em termos econômicos. (Por José Pedro S.Martins)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pró-reitor da Unicamp denuncia a insustentabilidade nas grandes cidades


Professor Mohamed Habib pediu políticas públicas

para evitar mortes de jovens por homicídios no Brasil

(Fotos Adriano Rosa)



Pró-reitor da Unicamp e jornalista José Pedro Martins

debatem sobre papel do cidadão diante de desafios metropolitanos


Teatro do SESC Campinas praticamente lotado

na exposição do professor Mohamed


A insustentabilidade nos grandes centros urbanos brasileiros, como na Região Metropolitana de Campinas (RMC), foi denunciada pelo biólogo Mohamed Habib, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, durante debate nesta quinta-feira, 4 de agosto, no Teatro do SESC Campinas. O debate sobre Meio Ambiente Urbano: Qualidade de Vida e Harmonia Social integrou o ciclo de palestras "Fala mais sobre isso!", promovido pelo SESC Campinas.

O professor Mohamed Habib observou que a Revolução Industrial provocou uma completa modificação no panorama mundial, sobretudo nos últimos 100 anos, período em que a população passou de 2 bilhões para quase 7 bilhões de pessoas. Uma das radiciais modificações, observou, foi o perfil populacional. Há cinco décadas, mais de 70% da população brasileira viviam na zona rural. Hoje, mais de 80% moram nas cidades, especialmente em grandes centros urbanos, "que não foram preparadas para receber esse fluxo migratório", destacou o biólogo.

As grandes cidades continuam, regra geral, sem planejamento, vivendo apenas do improviso, lamentou o professor Mohamed. Ele entende que a enorme concentração de renda no Brasil é uma razão estrutural para a insustentabilidade nos grandes centros urbanos.

Um dos indicadores mais claros da insustentabilidade, acentuou, é o fato de que todo ano morrem no Brasil entre 40 mil e 50 mil pessoas por homicídio, em sua grande maioria jovens. O pró-reitor da Unimep pediu, então, políticas públicas urgentes para evitar essa grande catástrofe. Citou o caso da aplicação de medidas mais rígidas no trânsito, que a seu ver tem evitado grande número de mortes.

O passivo ambiental nas grandes cidades e o aquecimento global são outros reflexos da insustentabilidade, protestou o professor Mohamed, lembrando que mais de 50% dos gases de efeito-estufa são emitidos pela frota automotiva. Pediu, então, urgência igualmente em medidas para impulsionar o transporte coletivo e outras. "As cidades foram pensadas para que as pessoas vivessem melhor. Mas por que, hoje, na sexta-feira, milhões de pessoas deixam as grandes cidades e vão procurar um lugar mais tranquilo para descansar?", indagou, como um exemplo de que as pessoas estão insatisfeitas com o modo de vida nas grandes cidades.

Maior informação para a cidadania e melhoria na educação são, para o professor Mohamed, caminhos absolutamente estratégicos para a construção de outro formato de cidade, completou. O pró-reitor da Unicamp defendeu, então, uma ampla reforma educacional no Brasil, para que de fato o país que hoje é a sétima economia global não continue sendo o país colocado no lugar de número 69 no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). "Não precisamos apenas de mais médicos, engenheiros ou advogados, precisamos seres humanos melhores", concluiu, para o aplauso geral do público, que quase lotou o Teatro do SESC Campinas.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Meio ambiente urbano é tema de debate no SESC-Campinas dia 4 de agosto

Meio Ambiente Urbano: Qualidade de Vida e Harmonia Social. Este é o tema do debate que acontece nesta quinta-feira, dia 4 de agosto, a partir das 14 horas, no Teatro do SESC-Campinas (rua D.José I, 270/333 - Bonfim, Campinas), com entrada grátis. O principal conferencista será o pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, o biólogo professor Mohamed Habib. O evento faz parte da série de encontros no SESC-Campinas, batizada de "Fala Mais sobre isso!"

O evento desta quinta-feira inclui a apresentação de um case sobre Cooperativismo e reciclagem, com a participação de José Ronaldo Salles Fernandes, do Centro de Referência em Cooperativismo e Associativismo (CRCA), e Valdecir Aparecido Viana, presidente da RECICLAMP - Central Solidária de Vendas. O jornalista José Pedro Martins faz a mediação do encontro.

O propósito geral do evento é a discussão sobre o que significa ter qualidade de vida e harmonia social em um ambiente urbano, considerando aspectos como consumo de recursos naturais e energia e destinação de resíduos. Maiores informações: (19) 3737.1500.

O professor Mohamed Habib é uma das principais referências em sustentabilidade na região de Campinas e bacia do rio Piracicaba. Recebeu entre outros o título de "Grande Defensor da Ecologia", concedido pela Câmara Municipal de Campinas (SP), nos termos do Decreto Legislativo nº 205 de 04 de julho de 1984 e recebido durante uma cerimônia no dia 22 de janeiro de 1985. Do mesmo modo, como co-autor do "Manual Direitos Humanos No Cotidiano", obra pioneira inspirada pela Declaração dos Direitos Humanos da ONU, recebeu do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, a Medalha "Direitos Humanos, o Novo Nome da Liberdade" em novembro de 1998. Recebeu, ainda, o Título de "Cidadão Campineiro", concedido pela Câmara Municipal de Campinas (SP), nos termos do Decreto Legislativo nº 1.283 de 20 de dezembro de 1999. E foi Personalidade Brasil 500 anos, Título Honorífico concedido pelo Centro Empresarial Cultural do Estado de São Paulo, no dia 12 de junho de 2000.

domingo, 31 de julho de 2011

Região de Campinas é pioneira em alerta sobre destruição ambiental

A mobilização em defesa dos recursos naturais e contra a degradação não é recente na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Pelo contrário, duas instituições centenárias sediadas na região lutam há décadas pela preservação ambiental e têm papel fundamental na consolidação de uma cultura ambientalista no Brasil: Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA), que completa 110 anos em outubro.
Foi um dos filhos da aristocracia cafeeira da região de Campinas, o conselheiro Antônio Prado, um dos grandes responsáveis pela criação, em 1885, da Imperial Estação Agronômica. A monarquia de D.Pedro II entrava em profundo desgaste, que se seguiu à Guerra do Paraguai e prosseguiu com o fortalecimento do abolicionismo e do movimento republicano, que tinha em Campinas alguns de seus principais líderes. Muitos fazendeiros de café foram atraídos pelo republicanismo.
De forma paralela ao enfraquecimento do modo de produção escravocrata, evoluía o projeto de estímulo à imigração de colonos europeus para trabalhar na lavoura (os primeiros colonos europeus, alemães, foram introduzidos nas propriedades do senador Vergueiro, na região de Campinas).
Foi nesse cenário que uma lei da agonizante monarquia criou, em setembro de 1885, a Imperial Estação Agronômica de Campinas, entre outros objetivos com o de buscar a diversificação agrícola, com o resultante crescimento da riqueza da aristocracia agrária (abalada com o esvaziamento da escravidão) e a preparação do terreno para atrair a mão-de-obra européia. De fato, uma das missões do primeiro diretor da Estação Agronômica, o austríaco Franz Wilhelm Dafert, era o de tentar a aclimatação da cultura da uva, como forma de atrair em especial os colonos italianos. Um ano depois da criação da Estação Agronômica seria fundada a Sociedade Promotora da Imigração.
Criada em setembro de 1885, a Estação Agronômica foi de fato implantada a 27 de junho de 1887, considerada a data oficial de fundação da instituição, um ano antes, portanto, da Abolição da Escravatura (conforme lei de 13 de maio de 1888) e dois antes da Proclamação da República (a 15 de novembro de 1889).
De modo paralelo às questões políticas, sucessivas epidemias de febre amarela tiveram impacto na etapa de implantação da Estação Agronômica - tornada propriedade do Estado de São Paulo em 1890. Dois anos depois, a instituição se denominaria Instituto Agronômico do Estado de São Paulo.
Entre 1889 e 1897 cerca de 2.500 pessoas morreram em Campinas, vítimas da febre amarela. As vítimas eram sobretudo pessoas pobres, pois quem tinha recursos fugia da cidade, que ficou quase abandonada.
Não se sabia, na época, que o mosquito Aedes aegypti era o responsável pela propagação da febre amarela. Foram ineficazes as medidas tomadas para a combater as epidemias. O número de vítimas fatais equivalia a 6% da população da cidade na época - foi como se 60 mil moradores hoje de Campinas, que tem uma população total de mais de 1 milhão de habitantes, morressem em um espaço de cinco anos, vítimas de alguma doença tropical.
Sob o impacto da febre amarela, uma das primeiras unidades instaladas no Instituto Agronômico foi a Seção de Fitopatologia, destinada a pesquisar e sugerir medidas para erradicar as doenças de plantas.

Alerta sobre florestas - A destruição das florestas, para dar espaço aos cafezais, continuaria inquietando os pesquisadores do Instituto Agronômico entre o final do século 19 e início do século 20. As estimativas são de que, nesse período, 10 mil quilômetros quadrados - área equivalente a 5% do território de São Paulo e a 10% do território de Cuba - de florestas nativas em território paulista foram substituídas por cafezais.
Os impactos do café e das ferrovias nas florestas de São Paulo foram denunciados no primeiro número da “Revista do Centro de Ciências, Letras e Artes”, um núcleo de intelectuais criado em Campinas em 1901. As denúncias foram feitas por João Pedro Cardoso, ligado ao Instituto Agronômico e quer seria depois inspetor do 2o Distrito Agronômico de Campinas.
Ainda em 1902, o mesmo João Pedro Cardoso foi o grande responsável pela comemoração, na cidade de Araras, na região de Campinas, do primeiro Dia da Árvore no Brasil. Cardoso inspirou-se no “Arbor-Day”, que era promovido desde 1872 nos Estados Unidos. O Dia da Árvore passaria a ser comemorado no Brasil todo dia 21 de setembro, na entrada da Primavera, como um símbolo do renascimento da natureza pós-Inverno.
A tradição florestal seria mantida pelo Instituto Agronômico de Campinas ao longo de todo o século 20. No início da década de 1960, pesquisadores do Instituto coordenaram a execução do primeiro levantamento aerofotogramétrico da cobertura florestal do território paulista.
Foram feitas 25 mil fotografias aéreas de cada ponto do território paulista. O levantamento concluiu que, no início da década de 1960, o Estado de São Paulo tinha 3.405.800 hectares de floresta nativa, ou 13,7% do território paulista. Pelo esforço tecnológico e científico desenvolvido, o trabalho chamou a atenção da comunidade científica internacional para a tragédia representada pela destruição de um dos principais patrimônios ambientais da humanidade, a Mata Atlântica, que por uma ocupação inadequada, iniciada pelos colonizadores portugueses, reduziu-se a menos de 10% de sua extensão original, de 1 milhão de quilômetros quadrados.
A contribuição do Instituto Agronômico de Campinas para a construção de uma consciência e de uma cultura ambientalista no Brasil não se limita à área florestal. Foram igualmente pioneiros no Brasil os estudos preventivos à erosão nos solos, realizados pela seção de Agrogeologia do Instituto, criada em 1935 e que teve como primeiro chefe o alemão Paul Vageler. Os estudos preliminares coordenados por Vageler foram a base dos zoneamentos agroecológicos, que passaram a ser realizados pelo IAC na década de 1960, com o uso de fotografias aéreas e, depois, com fotos por satélite. (Por José Pedro S.Martins)

domingo, 22 de maio de 2011

Livro comenta a gênese da Comunidade Saudável em Campinas no governo de Magalhães Teixeira-Edivaldo Orsi










Campinas foi uma das cidades pioneiras no Brasil a abraçar e implantar o conceito de Comunidade ou Cidade Saudável. Conceito defendido pela Organização Panamericana da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OPAS-OMS). Foi no governo de José Roberto Magalhães Teixeira-Edivaldo Orsi (1993-96), quando também foi lançada, igualmente com pioneirismo no país, o Programa de Renda Mínima. Esse processo é contado no livro "Campinas no rumo das Comunidades Saudáveis" (IPES Editorial), em co-autoria de José Pedro Soares Martins e Humberto de Araújo Rangel e colaboração de vários especialistas da Unicamp. (Ver em MEUS LIVROS)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

7 de abril de 2011, o "nosso 11 de setembro"


7 de abril de 2011, o "nosso 11 de setembro". Nada será como antes. Provavelmente agora teremos, espero, um amplo, sério e eficiente programa multidimensional, envolvendo profissionais habilitados, organizações sociais que lidam há anos com a questão, a comunidade escolar, maior participação dos pais e da comunidade do entorno, para lidar com o desafio da violência nas escolas. Espaço sagrado, que não pode ser transformado em nova área de guerra. Novo front da guerra civil que continua ocorrendo no Brasil, sim, senhores e senhoras.

Violência grave em escola não é de hoje no Brasil, claro. Estão dizendo que o de hoje é o primeiro massacre em escola no país. Mesmo que "tecnicamente" tenha sido diferente, já ocorreu, por exemplo, em Campinas, dia 6 de outubro de 1999. Mascarados invadiram uma escola no Vida Nova, mataram três jovens e feriram outros sete. Episódio conhecido como Chacina do Vida Nova, que cruel ironia.

Foi a coroação de uma escalada de violência que atingiu Campinas na década de 1990. A ante-sala do complexo e ainda violento, muito violento século 21. Mas talvez agora algo mude. Tomara. Tenho, em função de meus compromissos profissionais, conhecido muitas escolas públicas pelo Brasil afora, que estão fazendo um belo trabalho de envolvimento comunitário. É só ter mais apoio, do poder público, empresas e comunidade em geral, que as escolas públicas estarão muito mais capacitadas a enfrentar essa epidemia de violência. E aí poderão se concentrar na sua generosa missão.

terça-feira, 29 de março de 2011

Prosas e proezas dos filhos da pauta de Campinas




Um dos meus maiores orgulhos como jornalista é ter participado do livro "Os filhos da pauta - Cronistas de Campinas", lançado em 1997, por Edições Independentes, com textos de jornalistas que trabalhavam no Correio Popular: Carlos Lemes Pereira, Célia Siqueira Fajallat, Dario Carvalho Júnior, Marcelo Pereira, Rogério Versignasse e eu. Artigos e reportagens sobre a cidade de Campinas, mas sobretudo sobre a vida em todas as suas dimensões, no livro que teve prefácio de Pedro J.Bondaczuk. (Ver trechos na página MEUS LIVROS)