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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Universidade brasileira perdeu um de seus reitores mais corajosos

Por José Pedro Martins



Por que não falamos o que pensamos sobre uma pessoa enquanto ela está viva? Por que a demora, por que o gesto adiado, a confissão tardia? Pois juro que eu gostaria de dizer o que vem a seguir cara a cara, olho no olho, com Elias Boaventura, que morreu sábado, dia 7 de janeiro, aos 74 anos, na Piracicaba que ele – nós – aprendemos a amar tanto.
Eu não sabia quase nada de nada, ou não sabia menos ainda do que não sei, quando me transferi da PUC do Rio para concluir jornalismo na Unimep. Era 1980, finalzinho do regime militar, a ditadura consciente de que ia acabar, mas muitos dos privilegiados por ela não queriam perder suas benesses, seus pequenos reinozinhos conquistados com o sangue de tanta gente.
Inocente de tudo, ou de quase tudo, eu não tinha a menor idéia de que estava prestes a mergulhar no olho no furacão. E que vertigem, e que viagem, e que orgulho por ter vivido aqueles momentos. Piracicaba tinha na ocasião dois visionários no poder. Na Prefeitura, João Herrmann Neto, e como reitor da Universidade Metodista, o mineiro Elias Boaventura, aquele que gostava muito do ditado de sua terra: “Macaco velho não mete a mão em cumbuca”. Dois terremotos, que sacudiram corações e mentes de milhares de jovens como eu na época.
Esses dois caras tiveram a coragem de bancar a realização de dois – não apenas um, mas dois – Congressos Nacionais da UNE, uma das entidades que mais simbolizavam a resistência de duas décadas contra o regime dos generais. Piracicaba tomada, ocupada, por universitários de toda parte, milhões de sonhos represados, quando o movimento estudantil ainda era um espelho de belos, ousados, destemidos sonhos coletivos.
Herrmann propiciou a infra, o metodista Boaventura deu as bênçãos da instituição universitária para os dois congressos, marcados por movimentos como o “Javier é brasileiro” (sobre o presidente da UNE Javier Alfaya, nascido na Espanha, ameaçado de expulsão do país pelos militares). Aldo Rebelo, atual ministro dos Esportes e até ontem protagonista da controvérsia a respeito do polêmico projeto do novo Código Florestal, foi eleito no Congresso de 1980 e recebido ene vezes por Elias na reitoria. Trotskistas do Liberdade e Luta, comunistas do B, filiados e simpatizantes do Partidão, membros do MR-8 do Hora do Povo, todos os grupos que faziam a efervescência do movimento estudantil conviviam, discutiam, negociavam, brigavam e às vezes namoravam naqueles dias vermelhos, verde-amarelos, azuis etc.

Uma festa de utopia, quase abortada pelo atentado no Riocentro, em 30 de abril de 1981, no show para o Dia do Trabalhador. O coronel Dickson Grael, pai de Lars e Torben, e que questionou desde o primeiro momento a versão oficial sobre o atentado no Rio de Janeiro, esteve na Unimep para uma conferência, a convite imaginem de qual reitor? Em 1982, ano das primeiras eleições diretas para governadores depois de duas décadas, novo Congresso da UNE em Piracicaba, com a eleição da primeira mulher para a presidência, Clara Araújo, ligada ao PC do B, enquanto Adelmo Alves Lindo, o "Baiano", que fora presidente do DCE da Unimep, escolhido como vice.
Era impossível sair ileso desse tsunami político que varreu Piracicaba da colina à Rua do Porto. O epicentro era, claro, a Unimep, que vivia um ambiente totalmente favorável ao novo, ao futuro, ao diferente, pela ação pessoal, pela coragem total de Elias, esse profeta de Manhuaçu que talvez não tenha tido, em vida, a valorização que deveria receber no sentido do quanto contribuiu para a redemocratização do Brasil.
Logo que assumiu a reitoria, levou pessoas brilhantes, absolutamente apaixonadas pela justiça, amantes da liberdade sem limites, para trabalhar na Unimep. Nomes como os de Hugo Assmann, Dermi Azevedo, muitos deles que tiveram que se exilar e/ou sentiram na pele o ódio e a violência dos lacaios da ditadura. Mas pessoas que amavam o Brasil, e que também desejavam dias melhores para toda a sofrida e encantadora América Latina.
Era o momento mais fértil, mais fascinante, mais perturbador da Teologia da Libertação. Setores importantes de muitas Igrejas cristãs, a Metodista entre elas, influenciados por essa nova visão de mundo, pela opção preferencial pelos pobres, pela justiça social no centro das prioridades, no topo das agendas públicas. A democracia política não adiantaria se a brutal desigualdade e a violência institucionalizada continuassem em solo latinoamericano.
Alguns dos maiores nomes da Teologia da Libertação, no auge da esperança e da inquietação que provocava (dependendo de onde se estivesse em termos ideológicos), participaram de palestras, cursos ou encontros mais reservados na Unimep. Leonardo Boff entre eles.
Também passaram por ali libertários como Paulo Freire, que nos brindaram com sua inteligência e generosidade (que tristeza que vi nos seus olhos, e outubro de 1983, quando ele abriu o “Estadão” e viu a notícia da execução de Maurice Bishop, presidente socialista de Granada, ocupada – de novo! – por militares norteamericanos, na Operação Fúria Urgente).

Período de fundação da Editora Unimep. "Fé Cristá e Ideologia". de 1981, reproduzindo conteúdo de simpósio com o mesmo tema realizado no mesmo ano, foi um dos primeiros livros editados, com artigos, entre outros, de Jacy Maraschin, Zwinglio Mota Dias, Irma Passoni e Rubem Alves, nomes representativos da renovação do pensamento cristão.
Grande parte da agitação acontecia no campus central da Unimep, naquele tempo em que muitas Universidades ainda tinham pelo menos um de seus campi no centro das cidades onde estão localizadas, no meio do povo, no contato direto com o suor, as tristezas, as dúvidas e as alegrias do cidadão comum, e não como agora, em que majoritariamente estão distantes, geográfica e espiritualmente, das demandas reais das pessoas. O curso de Jornalismo ainda funcionava ali, no campus Centro, e pudemos assim respirar toda aquela magia, aquele frescor de almejados novos tempos.
Só para se ter uma idéia do que era o Jornalismo da Unimep operando nessas condições, nesse cenário singular. Em um determinado período, a Universidade tinha quatro jornais regulares, todos funcionando ao mesmo tempo, para diferentes públicos. O Acontece (informativo que ainda está circulando na Unimep), com notícias do cotidiano da própria Universidade; o Igreja Hoje, com informações sobre o que se passava na ebulição do cristianismo sacudido pela Teologia da Libertação, sempre com uma perspectiva ecumênica; o Jornal Popular, experiência muito incomum, que tinha sua pauta discutida e aprovada por lideranças comunitárias; e aquele que me tocava muito forte, o jornal Opção, um semanário com artigos, reportagens e notícias de atualidades, mas com foco especial na luta dos movimentos sociais, dos leigos e agentes de pastoral comprometidos com mudanças radicais nas estruturas sociais injustas e geradoras de morte.
Como tive o enorme privilégio de trabalhar nessas três últimas publicações, posso não ter a neutralidade suficiente para comentar o que elas significavam, pelo que tinham de diferencial em relação ao que geralmente se produzia em jornalismo universitário. Mas tenho que dizer que foi contagiante, apaixonante, pelo que tinham de material crítico, questionador.
É óbvio que uma movimentação dessas (com a Unimep apoiando e sediando eventos da OLP à Associação dos Favelados de Piracicaba, de solidariedade aos sandinistas da Nicarágua ao movimento das diretas-já, com a presença do deputado Dante de Oliveira) não iria passar desapercebida, incólume aos olhos dos nostálgicos de tempos mais calmos, aqueles da paz dos cemitérios. Elias já havia tido embates com nomes poderosos, como o ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel, conterrâneo de Manhuaçu.
E a 12 de janeiro de 1985 Elias Boaventura foi destituído, arrancado da reitoria da Unimep por força de um golpe de grupo mais à direita entre os metodistas. Pois não é que a Universidade em peso, ou a grande maioria dela, se mobilizou pela volta de Elias à reitoria? Alguém conhece outro caso de estudantes universitários nas ruas, ocupando o campus, pelo retorno de algum reitor exonerado? Foi o que aconteceu naquela hora, dessas que mexem com os nervos e músculos da gente.
Elias acabou voltando, a Unimep retormou o seu curso revolucionário enquanto ele esteve no cargo. Quando cumpriu o mandato, foi substituído pelo seu vice, Almir de Souza Maia (que também havia sido deposto com Elias), que levou a Unimep, em termos de ensino, pesquisa e extensão, para um alto patamar no conjunto das universidades particulares brasileiras.
Boaventura continuou sua trajetória de disseminador de boas notícias, sempre trabalhando em educação, a plataforma essencial das grandes transformações. Assmann, Herrmann Neto e, agora, Boaventura. Que pena que eles já foram. Mas “não tem problema não, uai”, na frase famosa e muito repetida do eterno reitor, do cristão legítimo, enquanto fazia um movimento circular com a mão direita em direção ao interlocutor. O sonho ainda envolve, aquece e estremece o coração.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Museu do Açúcar e do Etanol de Piracicaba e projeto de Rio Claro na Nona Bienal Internacional de Arquitetura de SP

Engenho Central, na margem direita do Rio Piracicaba,

e que será reformado para abrigar o Museu





O projeto do Museu do Açúcar e do Etanol de Piracicaba, que será instalado no Engenho Central, está presente na Nona Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (NonaBia), aberta ontem, 2 de novembro, e que irá até dia 4 de dezembro na OCA do Parque Ibirapuera, em São Paulo. O projeto do Museu do Açúcar e do Etanol está entre os 62, de vários países, que foram selecionados para exposição em suporte físico durante a NonaBia, que neste ano tem como tema "Arquitetura para todos: construindo cidadania".

O Museu do Açúcar e do Etanol será abrigado no Engenho Central de Piracicaba, às margens do rio do mesmo nome. O projeto é resultado da parceria entre Prefeitura de Piracicaba e Instituto Brasil Leitor. O propósito é que o Museu tenha exposições permanentes e temporárias, com vários recursos para contar a trajetória do ciclo do açúcar e do etanol no Brasil. Piracicaba é um dos principais polos açucareiros do Brasil e de lá sai a maior parte dos equipamentos para usinas de açúcar e do álcool em território brasileiro e em todo mundo.

O projeto do Museu do Açúcar e do Etanol, de acordo com a Relação de projetos selecionados para exposição em suporte físico, leva a assinatura de Pedro Mendes da Rocha e equipe formada por Vera Lucia Domschke, Antonio C. Gama, Brigida Garrido,Carol Moreira, Débora Tellin, Francisco Gitahy, Gabriela Frare, Georgia Lobo, Júlio Costa, Marina Caio, Priscila Krayer, Pedro Ferreira Dualibi e Pedro Pasquali.

Em Rio Claro - Outro projeto da região, presente na NonaBia, é o da Operação Urbana Via Paulista, em Rio Claro. Projeto assinado por José Magalhães Jr., Pedro Manuel Rivaben de Sales e José Francisco Xavier Magalhães, e equipe formada por Fernanda Lemes Santana Arquiteta, Pedro Mauger, Jaqueline Rodrigues, Paulo José Villela Lomar e André Barbara, segundo a Relação de projetos selecionados para exposição em suporte físico, divulgada pela direção da NonaBia.

domingo, 30 de outubro de 2011

Interesses políticos e econômicos e déficit de cidadania metropolitana dificultam avanços ambientais e sociais na RMC



Rio Piracicaba, na cidade do mesmo nome, virou questão política e fonte de mobilização: exemplo para a RMC




Por José Pedro Martins



Há pouco mais de um mês, a 26 de setembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou o ranking das cidades e regiões mais poluídas do planeta. A Região Metropolitana de Campinas (RMC) figura como a terceira mais poluída do Brasil, atrás somente das regiões do Rio de Janeiro e Cubatão. A RMC está à frente da Região Metropolitana de São Paulo, de acordo com os critérios utilizados pela OMS para mensurar os níveis de poluição.

Os critérios da OMS podem ser criticados, na medida em que são considerados somente os componentes atmosféricos, que são sem dúvida essenciais para indicar a qualidade de vida e condições de saúde em uma grande cidade. No caso da RMC, ela apresentou 39 microgramas de poluentes por metro cúbico de ar, contra 38 microgramas na Grande São Paulo. O recomendado pela OMS é de no máximo 20 microgramas. Se forem considerados outros parâmetros ambientais, por exemplo qualidade da água dos rios, o ranking provavelmente seria diferente. Veja-se o caso do rio Tietê na Grande São Paulo e de trechos dos rios Piracicaba, Atibaia e Quilombo na RMC.

De qualquer modo, o fato da RMC figurar em estudo da respeitadíssima OMS já deveria ser em si um motivo de grande alerta, de gigantesco alerta, sobre a situação ambiental da Região Metropolitana de Campinas, o que aliás já vem sendo advertido há anos por ambientalistas e alguns cientistas. O polo petroquímico de Paulínia e a frota automotiva são alguns dos ingredientes apontados como responsáveis pela posição da RMC no ranking da OMS, mas não pode ser negligenciada, entre outros fatores, a lamentável destruição das florestas nativas na região, que tem menos de 5% de sua vegetação original. A ausência de vegetação significativa naturalmente interfere na má qualidade do ar.

Entretanto, apesar de a região aparecer em terceiro lugar no triste ranking houve repercussão muito modesta na RMC sobre o estudo. Este é um grande risco, o "acostumar-se" a uma situação crítica, de perigo para a saúde de muitos, assim como já ocorre, infelizmente, com o descalabro da violência no país. Há uma revolta mais ou menos localizada, quando acontece um crime bárbaro, mas a indignação com a insegurança ainda não se transformou em movimento de massa, decisivo, para reverter o quadro de horror.

O mesmo pode ser dito, infelizmente, em muitos casos na área da degradação ambiental. Em Piracicaba, a péssima situação do rio gerou um forte movimento nos anos 80, o que levou à criação de organizações e mecanismos para melhorar a qualidade e quantidade das águas. A crítica situação do rio foi transformada em fato político, levando os órgãos dirigentes a tomar posição.

Na RMC, isso ainda não ocorreu na dimensão desejada. Com as raras e honrosas exceções de sempre, de pessoas e organizações que pensam a região, ainda não existe na prática uma cidadania metropolitana consolidada e abrangente, um movimento forte no sentido de identificar a importância da região discutir e efetivamente tomar medidas concretas conjuntas, integradas, intermunicipais. É fundamental ampliar essa cidadania metropolitana, pois do contrário continuarão prevalecendo interesses políticos e econômicos que têm dificultado avanços ambientais e sociais na região.

A RMC tem um dos principais polos de ciência e tecnologia do Brasil, tendo portanto enorme potencial para propor e colocar em prática alternativas em várias áreas, como energia, transportes, reciclagem de resíduos. Por exemplo, há anos o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) domina a tecnologia de compostagem de resíduos, mas essa técnica ainda não foi incorporada em grande escala no conjunto dos 19 municípios da RMC, que já enfrenta problemas sérios em destinação adequada do lixo doméstico. Outros exemplos poderiam ser citados, em relação à distância entre o capital de ciência e tecnologia da RMC e sua aplicação prática em benefício da melhoria da qualidade de vida regional.

Do mesmo modo, a RMC tem muitas importantes empresas que já incorporaram cuidados ambientais em seus processos. Nesta semana a revista "Newsweek" divulgou o ranking das 100 companhias internacionais que poderiam ser consideradas as mais "verdes", por suas práticas ambientais. Pelo menos 20 delas têm unidades e/ou negócios na RMC.

Se a RMC tem, então, índices de excelência em tecnologia, práticas ambientais em empresas, ONGs que atuam na área, por que, então, as condições ambientais se degradam? Além dos ingredientes já indicados, pode ser apontada a falta de uma maior articulação regional, um consenso sobre que medidas devem ser tomadas a curto, médio e longo prazos. Esforços importantes têm sido feitos, por exemplo na esfera da Agemcamp, mas ainda falta um longo caminho a percorrer para a arquitetura de maiores avanços sociais e ambientais na região. Tomara que dê tempo e que a região não "se acostume" com o que já é critico e perigoso. (José Pedro Martins é jornalista e escritor, autor entre outros livros de "Terra Cantata - Uma história da sustentabilidade" e "Agenda 21 Municipal na Região Metropolitana de Campinas - Um roteiro desenhado no Correio Escola".)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Chuvas não melhoram situação de rios da região de Campinas e Piracicaba



As chuvas dos últimos dias não melhoraram a situação dos rios das bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), onde está a Região Metropolitana de Campinas (RMC). O boletim da Agência Nacional de Águas (ANA), com dados do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) de São Paulo, mostra que à zero hora de 24 de agosto a vazão do rio Piracicaba em Piracicaba era de 38,31 metros cúbicos por segundo, a mesma de uma semana atrás. O cenário continua critico, então, para os recursos hídricos na região, que todo ano passa pelo mesmo drama, sem que providências efetivas estejam sendo acenadas no horizonte pelo conjunto dos poderes públicos.

A sociedade regional também parece paralisada diante do estresse hídrico que é cada vez maior, com o volume de água disponível não acompanhando o crescimento da população e de atividades econômicas. Em dez anos, entre 2000 e 2010, a população da RMC cresceu quase 400 mil moradores, equivalentes a "duas Sumaré", sendo que a água disponível continua a mesma. De onde sairá a água dos próximos dez anos?

Neste contexto, aumenta a expectativa com relação à renovação da outorga do Sistema Cantareira em 2014. A região reivindica maior liberação de água. Atualmente, a região do PCJ tem direito a 5 metros cúbicos, ou 5 mil litros por segundo. São reivindicados pelo menos 12 metros cúbicos por segundo na renovação da outorga. Faltam apenas três anos. O quadro é muito grave. A região precisa acordar, antes que seja tarde demais. (José Pedro S,Martins)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Vazão do rio Piracicaba atinge índice crítico: região redobra o alerta



A vazão do rio Piracicaba, na cidade de Piracicaba, atingiu o índice absolutamente crítico de 38,31 metros cúbicos por segundo à zero hora deste dia 17 de agosto, quarta-feira. Um número que confirma a gravidade da situação dos recursos hídricos na região das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), como tem ocorrido em épocas de estiagem como a atual. Cenário que ratifica a necessidade de medidas urgentes, para garantir o abastecimento de água da região, que inclui a Região Metropolitana de Campinas (RMC). Os dados da vazão são da rede telemétrica do DAEE-SP, e estão incluídos no boletim periódico emitido pela Agência Nacional de Águas (ANA).

A média histórica de vazão no rio Piracicaba entre 1965 e 1996 foi de 143,9 metros cúbicos por segundo. Hoje a demanda de água nos 65 municípios das três bacias é de 36,34 metros cúbicos por segundo, sendo 19,06 m3/s pelo setor urbano, 10,58 pelo segmento industrial e 6,69 para a área agrícola, via irrigação.Sem ação efetiva de proteção das águas, em termos de qualidade e quantidade, não haverá garantia para satisfazer as demandas futuras, diante do crescimento populacional esperado e de novas atividades econômicas previstas. A projeão contida no Plano de Bacias 2010-2020 do PCJ é que, em 2020, a região tenha quase 6 milhões (cerca de 5,9 milhões de moradores), contra os atuais 5 milhões de moradores. Uma "nova Campinas", com aproximadamente 1 milhão de moradores, será então acrescentada à região em uma década.

O Plano de Bacias prevê uma demanda de 22,63 metros cúbicos por segundo para o setor urbano em 2020 (de acordo com o cenário tendencial projetado), mais uma demanda industrial de 12,17 m3/s e uma demanda para irrigação de 6,81 m3/s, somando 41,61 m3/s. Ou seja, em uma década a demanda aumentará em 5 metros cúbicos por segundo, aproximadamente. De onde sairá essa água? (JPSM)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Dia do Folclore, dia para a região repensar o futuro da cultura popular

No próximo 22 de agosto será comemorado mais um Dia do Folclore, data assim considerada desde 1965. Será excelente oportunidade para se refletir sobre a importância do folclore e o seu atual papel na sociedade brasileira, cada vez mais dinâmica e volátil. Para a Região Metropolitana de Campinas (RMC) e todo conjunto das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), ocasião para uma reflexão sobre os rumos da cultura popular, das raízes culturais mais profundas, em um cenário de avanço da urbanização.
Tempos rápidos, de mudanças profundas e em velocidade que às vezes assusta. O avanço frenético dos meios de comunicação, em especial da Internet, e seu impacto na sociedade é a face mais conhecida do atual modo de vida, reinante em grande parte do planeta.
Momento de grandes oportunidades, das redes sociais que aproximam pessoas, da informação instantânea, de maior transparência, mas também momento de riscos, e um deles é o relacionado à perda dos valores culturais mais íntimos do povo.
Pois é justamente disso que o folclore trata. O folclore, na raiz da palavra inglesa, é a cultura do povo, é o conjunto de valores, símbolos e expressões culturais que traduzem a alma do povo, os seus sentimentos mais profundos.
Será uma perda incomensurável para todos se a cultura popular for de alguma forma prejudicada pela hegemonia dos meios de comunicação, que podem favorecer uma cultura de massa, padronizada, muito influenciada por fatores técnicos e científicos. E pela lógica do lucro.
Não, não se trata de ficar cultuando o passando, e nem de desprezar as conquistas extremamente positivas do mundo da mídia e de outros emblemas dos avanços da ciência e da técnica. O que se trata é de continuar valorizando a cultura feita pelo povo e para o povo, uma cultura então na essência muito democrática. E que pode muito bem dialogar com o novo.
Um dos ícones da força do folclore, da cultura popular brasileira, é o resgate que está acontecendo em São Luiz do Paraitinga, a cidade que quase foi arrasada no Verão de 2010. Paraitinga é uma das cidades mais identificadas com o folclore no Brasil.
Uma questão que deve ser pensada por ocasião do Dia do Folclore é exatamente o sentido da palavra... folclore. A própria palavra passou por um processo de desprestígio. Quando se quer referir a alguém, digamos, “diferente”, que foge ao perfil do considerado “normal”, diz-se que ele é “folclórico”, como se folclórico fosse sinônimo de estranho, de algo que não faz parte da sociedade. Pelo contrário, folclore é o que está mais dentro da sociedade, é a alma, o coração humano na brasa da cultura.

Muitos grupos e pessoas continuam fazendo grandes e importantes esforços pela cultura popular na RMC e nas bacias do PCJ. A Festa do Divino em Piracicaba, onde o Cururu é uma das faces mais belas da cultura popular e onde a Festa Junina em Tupi é outra referência; a festa do Boi Falô no distrito de Barão Geraldo, em Campinas; os diversos grupos de música e dança que continuam perpetuando a cultura popular nas região - algumas luzes da alma popular que pulsam na região, como sólida base para a identidade e para a construção de um futuro mais sustentável no conjunto dos municípios.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Macrometrópole de São Paulo a todo vapor, e RMC tem chance histórica com Agenda 21

Por José Pedro Martins



O governo de São Paulo está acelerando os passos para a estruturação da macrometrópole paulista, um gigante de 153 municípios e onde vivem quase 30 milhões de pessoas. Uma nova configuração do espaço, uma nova visão de governança, repleta de desafios e oportunidades. Com o novo cenário que está sendo desenhado, a Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem oportunidade histórica, se transitar para a elaboração de uma pioneira Agenda 21 Metropolitana.

A macrometrópole plenejada pelo governo paulista é formada pelas Regiões Metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, além das Aglomerações Urbanas de Piracicaba, Jundiaí e Região do Vale do Ribeira. Um espaço contínuo imenso. A RMC, que tem 19 municípios, tem uma sinergia especial com a Aglomeração Urbana de Piracicaba, que soma 24 municípios. As duas integram a bacia do Rio Piracicaba, cujos municípios tem muitos interesses comuns.

O governo de Geraldo Alckmin, de fato, tem intensificado a corrida para estruturar a macrometrópole paulista, que em poucos anos se consolidará como um dos principais centros econômicos do planeta. Nesse sentido foi constituída a Câmara de Desenvolvimento Metropolitano. Composta por 11 secretarias e presidida pelo próprio governador, a Câmara foi criada com o objetivo manifesto de “estabelecer a política estadual para as regiões metropolitanas e outras concentrações urbanas de São Paulo”.
No mesmo evento o governador assinou projeto criando a Aglomeração Urbana de Jundiaí, integrada por sete municípios. A Aglomeração Urbana de Jundiaí, quando constituída, vai se juntar às regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, e também às aglomerações em torno de Sorocaba e São José dos Campos, formando a grande macrometrópole paulista. A macrometrópole, com 153 municípios, soma 72% da população e 80% do PIB paulista, ou 27% do PIB brasileiro. Potência maior do que muitos países.

O governo paulista, por meio da Emplasa, também está providenciando o mapeamento digital da macrometrópole. Segundo a empresa, será executado o "mapeamento terrestre básico da Macrometrópole, na escala 1:10 000, gerando informações geoespaciais padronizadas, atualizadas e confiáveis de uma área de 55 000 km², compondo uma base territorial de apoio à gestão pública e às ações de governo".

Alckmin sabe que é enorme o desafio de gestão eficiente da macrometrópole, território de enorme complexidade mas que, também, terá papel central no mundo globalizado. O futuro energético, de logística e das novas (bio-nano-info) tecnologias do Brasil e da América Latina passa pelo que acontecer na macrometrópole paulista.

A governabilidade da macrometrópole paulista será fundamental para o futuro das metrópoles brasileiras. Atualmente, em 2% do território brasileiro se espremem mais de 40% da população nacional, os moradores das regiões metropolitanas. A RMC é desses casos.
Entretanto, ainda não existe governança adequada para as metrópoles brasileiras. A Constituição de 1988 e nem o Estatuto da Cidade previram isso. A configuração jurídica e política dos municípios de áreas metropolitanas é a mesma que a de gigantesco município com população reduzida, como em casos no Centro-Oeste e Amazônia, ou a de pequeno município com pequena população.

A governança das metrópoles representa, então, enorme desafio. O que dirá, então, a governança da macrometrópole. Será essencial um diálogo em bases republicanas entre governo estadual, governos municipais, parlamentos estadual e municipais e a sociedade civil organizada para que a governança ocorra. O governo federal também tem o seu papel.

Neste contexto, a Região Metropolitana de Campinas tem oportunidade histórica, se evoluir a ideia de formulação de uma Agenda 21 Metropolitana, que seria a primeira no pais. Uma Agenda 21 que considere a realidade, os desafios e o futuro de áreas estratégicas como saúde, educação, transportes, meio ambiente e ciência e tecnologia, entre outras.

A estruturação da macrometrópole paulista pode abrir muitas oportunidades. Já está se falando de um trem regional, por exemplo. Mas existem situações para as quais a cidadania precisa ficar muito atenta. Como ficará o abastecimento de água e o saneamento na macrometrópole? Como será a gestão dos resíduos, considerando que não há mais áreas disponíveis para novos aterros sanitários? Como poderá ser alcançada a melhoria da educação, absolutamente vital para o desenvolvimento sustentável nesse gigante metropolitano?

Perguntas cujas respostas dependem de muitos fatores e sobretudo de planejamento, de ações intersetoriais, integradas, multidisciplinares. A RMC pode contribuir, se evoluir a ideia de uma Agenda 21 Metropolitana, que poderia ser um modelo para as demais áreas extremamente conurbadas de São Paulo. A proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e a realização da Copa de 2014 são eventos que podem alimentar a discussão sobre o futuro da macrometrópole e, em particular, a organização de territórios específicos como a RMC. Há muito em jogo, é uma questão para a qual a cidadania em geral deve ficar muito atenta.


(José Pedro Martins é jornalista e escritor, autor entre outros dos livros "Agenda 21 Municipal na Região Metropolitana de Campinas", de 2002; "Agenda 21 Regional", em co-autoria com Paulo Rochedo, 2004; "Agenda 21 Local para uma Ecocivilização", 2005; e "Região Metropolitana de Campinas, do nascimento à maturidade", 2008.)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Jornalismo e meio ambiente em debate em Atibaia

Rio Piracicaba, cidade do mesmo nome, onde começou com força a luta em defesa da água, resultando na atual legislação (Foto José Pedro S.Martins)

O jornalismo pode contribuir realmente para a proteção do meio ambiente? Como a mídia pode colaborar para a criação e consolidação de uma cultura de preservação da vida? São algumas das perguntas que estarão em debate nesta quarta-feira, 24 de novembro, em Atibaia (SP), no I Encontro de Jornalistas, como parte do 2 Simpósio Experiências em Gestão de Recursos Hídricos por Bacia Hidrográfica. A discussão acontece em mesa-redonda com a participação dos jornalistas José Pedro Martins, do Blog Bela Região, André Trigueiro (Globo News) e Newton de Lima Azevedo Jr, vice-presidente da Foz do Brasil. Mediação do jornalista Rui Gonçalves (Globo News).
A bacia do rio Piracicaba é um exemplo de luta pela água, sendo referência nacional e internacional. A imprensa teve papel fundamental na construção de um modelo participativo de gestão de recursos hídricos nessa região. Mas os desafios são enormes. O Simpósio de Atibaia é promovido pelo Consórcio Intermunicipal das Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, com vários apoios, e vai até a sexta-feira.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

REGIÃO DE CAMPINAS E PIRACICABA, 30 ANOS DE MUDANÇAS RADICAIS

Três décadas de mudanças radicais para a região de Campinas e Piracicaba, região situada nas grandes bacias do rios Piracicaba e Capivari. Este blog, BELA REGIÃO CAMPINAS, tentará comentar o que houve e o que eventualmente é possível esperar dessa região, pela ótica de alguém que acompanhou muitas destas transformações e mudou com elas.
Em 2010 completo 30 anos de jornalismo, e a imensa maioria deles foi vivida na região, primeiro em Piracicaba, depois em Campinas. Em Piracicaba porque estudei e me formei na Unimep, e lá morei e trabalhei, entre 1981 e primeiro semestre de 1986. Trabalhei no jornal "O Diário", dirigido pelo brilhante Cecílio Elias Netto, e também na própria Unimep e colaborei com várias publicações.
Depois de um período morando em São Paulo e Brasília, atuando na Agência Ecumênica de Notícias (AGEN), voltei à região, agora morando em Campinas, a partir de 1990. Trabalhei até 2000 no Correio Popular, com o qual passei a colaborar desde então, com uma coluna semanal aos domingos.
Me dediquei a publicar livros desde 1987, ano de lançamento do meu primeiro título, "Ecologia ou Morte - Os Cristãos e o Meio Ambiente", pela Editora FTD, de São Paulo. A grande maioria desses livros se refere a temas ligados a cidades específicas ou ao conjunto da Região Metropolitana de Campinas e às bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Por essa circunstância pude acompanhar muitos fatos de enorme relevância nesses 30 anos. A visão deste blog, então, será a de alguém que dá o seu próprio testemunho sobre o que vivenciou, embora opiniões de outras pessoas, igualmente testemunhas dessas transformações, também devam ser publicadas por aqui. Opiniões que, obviamente, muitas delas serão contrárias ao deste jornalista, e é muito bom e desejável que assim seja.
Transformações que não podem ser ignoradas
Entendo que, dentre as inúmeras mudanças regionais, quatro gigantescas devem ser destacadas. A primeira é o estado das águas da região. Nenhuma cidade ou região tem futuro sem água, em quantidade e qualidade. Isto é um fato ao longo de toda história da humanidade e não seria diferente em um território que, entre o final dos anos 1970 e início dos 1980, tinha uma perspectiva absolutamente negativa em termos de seus recursos hídricos. Aluno na Unimep e escrevendo para jornais em Piracicaba, pude ver como o povo dessa cidade se envolveu de corpo, alma e poesia para salvar o seu rio, o que significaria salvar todos os rios da região.
A retirada de uma fabulosa quantidade de água da bacia do rio Piracicaba, por intermédio do Sistema Cantareira, viabilizou o impressionante crescimento da Grande São Paulo, que se tornou uma das maiores metrópoles globais. Mas essa retirada de água colocou em xeque o futuro de toda bacia do Piracicaba, as cidades de Campinas e Piracicaba incluídas.
Além disso, os rios da região sofriam com uma poluição desenfreada. Menos de 5% dos esgotos urbanos, por exemplo, eram tratados naquele momento. Pois esse quadro mudou, se não totalmente, ao menos consideravelmente nas últimas três décadas. A região passou a ter voz na decisão sobre as águas do Sistema Cantareira e, em especial, avançou muito o controle da poluição dos rios, primeiro pelas empresas (setor sucroalcooleiro e indústrias em geral), e depois pelos municípios.
A criação do Consórcio das Bacias dos rios Piracicaba e Capivari, em 1989 (depois passando a incorporar a bacia do rio Jundiaí), a legislação estadual e brasileira de recursos hídricos (levando à criação dos Comitês e Agência de Bacias e instituição da cobrança pelo uso da água) e as ações individuais de alguns municípios foram essenciais para mudar o estado atual das águas na região. Cerca de 50% dos esgotos urbanos já são tratados, com destaque para Campinas, maior município da região, que chega em 2011 com a capacidade de tratar 100%.
O papel reconhece o que as ruas já sabiam
Outra grande transformação foi a criação da Região Metropolitana de Campinas (RMC), em 2000, pela Lei Complementar Estadual 870. A idéia de uma região metropolitana em torno de Campinas era antiga, tendo sido cogitada já no período militar, mas os prefeitos da região e outras lideranças, sabiamente, manifestaram resistências, temendo a centralização do poder nas mãos dos governos estadual e federal que, como se sabe, eram comandados pelas mesmas mãos.
Mas após o fim da ditadura a idéia voltou a ser discutida. Em 26 de junho de 1993, fui autor de uma reportagem no Correio Popular, intitulada "Fórum regional debaterá processo de metropolização". Era um sinal do movimento que tomava corpo. Mas o processo ainda se prolongou, até a decisão de 2000, depois de muita polêmica e um sem número de reuniões e mais reuniões e idas e vindas e "inções e vinções" como gosta de brincar um colega.
Com a RMC, a região de 19 municípios (incluindo alguns dos mais populosos da bacia do rio Piracicaba) passou a ter nova ferramenta para planejar o seu futuro. Um planejamento com olhar de fato regional, o que sem dúvida não ocorreria sem traumas, considerando a história política brasileira do município olhar para dentro de si mesmo, e não para o além-fronteiras.
Na prática, a criação da RMC era, entretanto, apenas um ato legal, pois a conurbação já existia e muitas cidades estavam coladinhas uma na outra. Mas faltava a decisão política, o que não ocorreu sem uma galeria de controvérsias.
A economia do conhecimento chega ao poder
Uma terceira e profunda transformação, ocorrida nos últimos 30 anos na região, acompanhou a metamorfose verificada no planeta como um todo, resultante da importância cada vez maior da chamada economia do conhecimento. Se no comecinho dos 80 a informática não era nem um centésimo do que é hoje, e o Brasil ainda sofria com os impactos da reserva de mercado, a região de Campinas-Piracicaba era uma das áreas no Brasil que mais se demonstrava preparada para o que viria a seguir.
Com seguidos e muito rápidos avanços na Ciência e Tecnologia, a economia do conhecimento foi levada ao céu nas últimas três décadas, em todo planeta. Como a região de Piracicaba-Campinas já tinha importantíssimos centros científicos e tecnológicas, ela naturalmente se beneficiou dessa extrema valorização e evolução da economia do conhecimento. E nos últimos anos outros centros de pesquisa e desenvolvimento foram implantados na região, ampliando o seu potencial competitivo.
Duas "Campinas" inteiras construídas na região
Nos últimos 30 anos a população das bacias dos rios Piracicaba e Capivari aumentou em mais de 2 milhões de moradores. É como se duas "Campinas" inteiras tivessem sido construídas na região no período. Seria impossível que um incremento demográfico desses não tivesse algum efeito, no meio ambiente, na qualidade dos serviços públicos, no déficit habitacional, entre outros impactos.
Pois agora, final de 2010, a região tem um grande desafio pela frente. As projeções são de um crescimento da economia e da população regional ainda maior nos próximos anos.
Perguntas que não se desmancham no ar
Ficam, diante desse quadro, algumas perguntas no ar: (1) Como os avanços no saneamento básico e outras medidas na área ambiental contribuirão para a sustentabilidade do crescimento econômico e demográfico regional? (2) Como o pólo regional de ciência e tecnologia irá colaborar com esse crescimento, por exemplo em termos de geração de novos e necessários empregos e com novas formas de viver em cidades cada vez mais saturadas? (3) Como a estrutura da Região Metropolitana de Campinas (RMC) dará resposta à complexidade desse projetado novo crescimento econômico e populacional?
Perguntas que deverão ser respondidas pelo conjunto da região. Neste blog, repito, comentários sobre o que este jornalista pôde acompanhar nos últimos 30 anos. Um olhar sobre o que vivemos talvez ajude a entender o que estamos vivendo e o que nos espera, se é que dá para fazer alguma projeção nesse mundo cada vez mais dinâmico e incerto e sujeito, literalmente, a chuvas, trovoadas ou secas cada vez mais intensas.
Bem vindos, voltem sempre ao Bela Região Campinas. (Por José Pedro S.Martins)

domingo, 22 de agosto de 2010

A minha mais bela região, na divisa Minas - São Paulo



Por José Pedro Martins

Uma saborosa vertigem, um inesgotável encantamento. A minha bela, doce região, o meu país, a terra das delícias. Foi a partir desta cobertura, hoje em azul e amarelo, na praça São João Batista, da Matriz do mesmo nome, que eu e tantos outros partiram de ônibus de Itamogi para o mundo. Descobertas a cada minuto, a velocidade frenética do tempo.

Mas no bagageiro as sete maravilhas da infância. As professoras que abriram as janelas do mundo, o calor aconchegante da fogueira de São João, o circo que nos transportava pelos tapetes da fantasia. A cultura da minha gente, acesa, no coração em brasa.

A força do café, que está na base da formação econômica e social desse pedacinho do paraíso. O cheiro do café, nas ruas de lindas casas de Monte Santo de Minas, onde descobri um fascinante mundo novo. O gosto do café, nas praças floridas da Cidade dos Ipês, São Sebastião do Paraíso. O prazer do café, nas colinas que emolduram a beleza de Altinópolis.

E Santo Antônio da Alegria, mágica, sublime como minha mãe, que ali nasceu. E Batatais, acolhedora, digna como minha madrinha, que ali morou tanto tempo.

Há quase três décadas, uma nova vida na região de Piracicaba-Campinas. O rio Piracicaba sempre inspirando, a Campinas que é um dínamo permanente.

Tudo isso na bagagem, combustível da viagem de três décadas até aqui, neste canto, minha singela homenagem. Gotas de história, pérolas de cultura e esporte, imagens do singular meio ambiente, o multicolorido vibrante de nossa gente. É a salada da minhas belas regiões, para seu deleite. Bem vindo e volte sempre!